Sanfoneiro Tercílio Men é atração no Restaurante Popular

Sanfoneiro Tercílio Men é atração no Restaurante Popular

São 70 anos de carreira contribuindo para a história da cultura maringaense - Foto: redação

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“Eu me divirto, o povo fica alegre e eu faço isso por gosto e sem cobrar nada em troca”, revela o Sr. Tercílio Men, 86 anos, músico renomado em Maringá, que periodicamente costuma ir até o Restaurante Popular, localizado na Zona 7, para cantar e tocar em sua sanfona os grandes sucessos do repertório brasileiro para os funcionários e pessoas que frequentam o local, e aproveita também para levar sua marmita para casa.

São mais de 70 anos de carreira em que a sanfona, que é um hobby para Tercílio, faz parte de muitas histórias e lembranças na vida dele. Outro instrumento que ele gosta de tocar é a bateria. Mesmo com o curto tempo de almoço que algumas pessoas têm, o calor e a fila que às vezes demora a andar, os frequentadores do “Pops”, como muitos costumam chamar o restaurante, sempre pedem alguma música em especial para ser tocada por Tercílio Men. “Eles sempre pedem para eu tocar ‘As mocinhas da Cidade’, ‘Beijinho Doce’, ‘Saudade de Matão’, ‘Boate Azul’, entre outras. É muito bom ver o sorriso das pessoas com o meu trabalho, é gratificante”, comenta.

História de vida

Nascido em 30 de novembro de 1934 na cidade de Itápolis/SP, localizada a 89 km de Araraquara, Tercílio Men veio com o pai Alexandre Men, a mãe Ana Chiquetti Men e irmãos para Mandaguari no ano de 1951, aos 17 anos de idade.

Ele nos conta que aprendeu a tocar sanfona sozinho, nunca teve uma aula para aprender as técnicas do instrumento e aprendeu ouvindo as melodias na radiola e depois decorando as letras. Os cantores que o inspiraram foram muitos, dentre eles: Tonico e Tinoco, Milionário e José Rico, e Chitãozinho e Xororó.

Há 15 anos lançou o CD ‘Relíquias musicais” com 26 canções, sendo 24 músicas solo, uma em homenagem a Maringá e foi presenteado com uma canção em sua homenagem também.

Em Mandaguari tocou sanfona com a dupla ‘Cacheirinho e Cacheado’ e juntos compuseram a canção Disco Voador. Na Rádio Guairacá, na mesma cidade, o sanfoneiro tocou com as ‘Irmãs Maria’ durante cinco anos. Tempos depois Tercílio Men foi para capital para trabalhar como bancário no Banco de Curitiba S.A e também fazia alguns ‘bicos’ como fotógrafo. Já morou em Rolândia, depois mudou para Marialva, onde o sogro investiu na aquisição do cinema da cidade e nomeou o músico como gerente. E logo ele tratou de criar o Clube das Crianças em que era o apresentador e também tocava sanfona para acompanhar os participantes.

A Família Men veio para Maringá no ano de 1951, mas como estava difícil arrumar emprego na cidade naquela época, o sanfoneiro passou a promover apresentações musicais como o ‘Programa Clube do Caçula’ e o ‘Maringá se Diverte’, com calouros. O sanfoneiro e mais alguns companheiros formavam a banda do programa que ajudava nas apresentações.

Em 1972 foi eleito vereador pelo partido do prefeito Silvio Magalhães Barros (MDB) e teve o seu mandato até 1975. “Já fiz de tudo um pouco. Fui carpinteiro, pedreiro, bancário, fotógrafo e vereador, mas nunca deixei a minha sanfona de lado”, disse.

Em 2003 o músico começou a sentir dores no peito e teve que passar por uma cirurgia do coração, ficando quatro dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em um hospital de Maringá. “Quando fui ao médico já estava com a veia entupida e já fiquei internado. A gente tem que se cuidar sempre. Mas graças a Deus, tirei de letra, mas tive que ficar sem pegar a sanfona durante o período de três meses para não forçar”, revelou.

 

Depoimentos

Baile da Terceira Idade com Tercílio Men e banda (antes da pandemia) – Foto: Siecom/ PMM

Em seus 70 anos de carreira tem contribuído para a construção da história cultural não apenas em Maringá, como também em outros municípios. Já tocou no ‘Clube dos 30’ em Marialva, no Recreativo em Mandaguari, entre outros. Tercílio Men tocou em várias bandas durante a sua trajetória, se apresentando em vários programas de TV, rádio, e aparecendo em reportagens de jornais. Ele foi proprietário do Carinhoso Clube Dançante em Maringá durante 26 anos, promovendo muitos bailes importantes na cidade.

“Nos conhecemos desde 1958 quando Tercílio morava na Estrada Centenário, próximo ao São Domingos. Eu tinha uma mercearia no KM 138 e ele frequentava lá para comprar alguns produtos. Naquela época ele já tocava sanfona e era conhecido na cidade”, relembra o comerciante Joaquim Cantagalli, proprietário do Restaurante Porco no Tacho. “Ele é uma pessoa muito boa, que não tem maldade de jeito nenhum. O prazer dele é tocar sanfona e alegrar o povo e onde o Tercílio vai, ele leva a sanfona dele. Volta e meia ele vem aqui no restaurante e anima o público. Daí ele aproveita e almoça com a gente e depois sai tocando nos corredores, cantando parabéns e as pessoas cantam junto com ele. Sempre tem uma pessoa na mesa que gosta de cantar, daí levanta, canta e faz aquela festa. Ele é muito extrovertido e as pessoas gostam muito dele”, falou Valdenir Cantagalli, filho de Joaquim Cantagalli.

De acordo com Valdenir Cantagalli, Tercílio toca há muito tempo e as pessoas nunca o esquecem. “Ele já tocou em baile de casamento, e para o mesmo casal tocou na Bodas de Prata e Ouro. Já é uma tradição para as famílias e elas nunca se esquecem”, explica. “Em homenagem ao clube de Tercílio nós formamos o Grupo Carinhoso, que realizava o evento bimestral ‘Baile da Saudade’, com a apresentação de músicas do passado e o Tercílio faz parte dele. No entanto, o último jantar baile realizado foi em março do ano passado, porque logo veio a pandemia. Mas uma coisa eu te falo, igual ao Tercílio Men, no estilo dele, não tem ninguém”, ressalta.

O secretário de Cultura, Victor Simião, nos informou que o músico participa do Grupo Maringá Seresta do Centro de Ação Social (CAC) desde o principio, em 2007, que é formado em sua maioria por integrantes da terceira idade, que se dedicam e ao mesmo tempo se divertem, fazendo ensaios em um espaço que contribui para o convívio social deles. “O Tercílio Men está desde o início, ele é a referência que nós temos. Sem contar a história que ele tem em Maringá, pois a contribuição dele para a cultura de nossa cidade acontece de todas as formas possíveis, ele é um pioneiro, é um músico, é um artista. Uma pessoa extremamente agradável, inteligente e a cultura de Maringá e as artes devem muito a ele”, destaca.

 

Vila Esperança

O Sr. Tercílio teve três filhos do primeiro casamento com Ignês Figueiredo. Atualmente mora com o filho caçula Alexandre Diógenes Men, a nora Larissa Urbialli e os netos Henrique Urbialli Men e Ana Clara Urbialli, na Vila Esperança em Maringá. A filha mais velha, Wanda Aparecida, está morando em Minas Gerais e o filho Walmir Augusto está morando próximo a Marília/ SP. Os outros netos são: Franciane Daum, Hernane Daum, Priscila Rocha, Márcio Leandro e Munique Aparecida. E ganhou dois filhos de coração: Rosiane Aparecida e João Reinaldo. “A família gosta muito de música. Minha filha Wanda chegou a cantar comigo no programa Regional em Marialva e meu neto Márcio, filho de Wanda, é DJ. São estilos musicais diferentes, mas a música faz parte de nossas vidas”, completa.

Tercílio participa de vários eventos com o Grupo Maringá Seresta, como casamentos, aniversários, inauguração de loja, mas estão com as atividades suspensas devido à pandemia. No entanto você poderá acompanhar as belas canções de Tercílio Men encontrando o músico no Restaurante Popular.

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