Secretário avalia que acolhimento é fundamental para imigrantes

Secretário Anderson Carrard (crédito: Cristiano Martinez)

Por ser uma cidade com qualidade de vida e negócios em alta, Maringá é destino certo no Paraná para migrantes e refugiados. Principalmente de países como a Venezuela e o Haiti. As estimativas variam entre 11 mil a 25 mil pessoas nas condições migratórias que vivem hoje na Cidade Canção.

Para evitar que essa população entre em vulnerabilidade social, Maringá é um dos três municípios no Estado que conta com uma casa de acolhimento e um dos raros do Brasil a oferecer uma Gerência do Migrante institucionalizada.

Aliás, acolher e encaminhar sãos duas palavras-chave para o secretário municipal de Juventude, Cidadania e Migrantes, Anderson Carrard. “Somos uma das poucas cidades do Paraná que tem uma casa de acolhimento ao imigrante. É uma casa de passagem. Quando as pessoas chegam aqui, não têm vínculo familiar, ou vínculo de amizades. A gente acaba que, para atender essas pessoas, evitar que se tornem pessoas em situação de rua, ou que sejam albergadas de maneira precária, a gente tem uma casa de acolhimento”, explica, em entrevista ao jornal O Maringá.

Segundo ele, a casa tem capacidade para 30 pessoas e uma equipe multidisciplinar, com psicólogo, assistente social, educador de base etc. Além de alimentação, curso para conversação em português, via parceria com o Instituto de Línguas da Universidade Estadual de Maringá (UEM), encaminhamento para saúde, educação. Enfim, todo o suporte para inserir o migrante na cultura local.

Sem contar a Feira de Empregabilidade que é realizada duas vezes ao ano. A mais recente foi na última quarta-feira, 3 de julho, no piso superior do Terminal Urbano. Oito empresas e mais de 160 vagas de emprego foram destinadas aos migrantes e refugiados, fora os cursos de qualificação como suporte. “Maringá é uma cidade que tem gerado muito emprego”, diz Carrard.

Em resumo, o objetivo é criar equidade de condições para o migrante, ou seja, para que ele possa competir em pé de igualdade com os nativos do Brasil. Afinal, a pessoa que foi obrigada a sair de seu país de origem enfrenta grandes desafios, como o idioma e a cultura diferentes. “Mas a gente entende que quando você parte do pressuposto que a pessoa tem um teto para morar e consegue um emprego, as outras coisas ela conseguem se adaptar”, afirma o secretário, acrescentando que as políticas públicas nessa área são transversais, pois impactam áreas como a saúde e a educação.

Edição mais recente da Feira da Empregabilidade ocorreu no Terminal Urbano, quarta-feira, 3 de julho (crédito: Cristiano Martinez)

Até 25 mil imigrantes em Maringá
Na análise de Anderson Carrard, Maringá é uma cidade com qualidade de vida acima da média e campo de negócios. Não por sinal, acaba atraindo um grande número de pessoas, incluindo imigrantes.

As estimativas, segundo ele, apontam que na última década cerca de 100 mil imigrantes ingressaram no Estado. “Muitos vieram para Maringá”, frisando que, no momento, não existem dados específicos sobre o fluxo migratório à Cidade Canção.

No entanto, Carrard cita que a Polícia Federal, que trabalha com a regularização de documentos, estima de 9 mil a 11 mil imigrantes em Maringá. Já instituições que atendem esse público falam que pode chegar até 25 mil pessoas, somando também a Região Metropolitana de Maringá (RMM).

A onda migratória ficou mais intensa por conta de recentes crises humanitárias. “A imigração é uma tendência mundial. E aqui, na nossa região, não é diferente”, diz o secretário, destacando que a maior quantidade na Cidade Canção é de pessoas oriundas da Venezuela e do Haiti.

Como é necessário ter dados mais precisos, a Secretaria conta com o trabalho do curso de Estatística da UEM. Carrard afirma que é importante viabilizar uma pesquisa qualificada, para se aproximar mais da realidade com o número correto de imigrantes e das nacionalidades.

Por falar em haitianos, uma vez ano é feito o projeto Embaixada Solidária, para fazer as renovações dos passaportes dessa população. De outra forma, eles teriam de ir até Brasília.

Anderson Carrard, durante entrevista nos estúdios de O Maringá (Crédito: Pamela Maria)

Fronteiras
Segundo Carrard, o município não pode mudar a realidade dos países de onde se originam os imigrantes. É que envolve políticas públicas de fronteiras da alçada do Governo Federal e não fazem parte da função local. Questão de hierarquia, define o secretário.

“Mas a partir do momento que essas pessoas chegam a Maringá, aí sim é de responsabilidade do município. Nós temos de fazer o possível para que essas pessoas se insiram na sociedade, de maneira com que elas não venham a ser pessoas em situação de rua”, citando que uma das consequências pode ser o envolvimento no crime. Por isso, “a gente faz um esforço para que as políticas públicas cheguem a essas pessoas da melhor maneira possível”, frisando que é preciso inserir o cidadão, independentemente da nacionalidade. “Todos são seres humanos”.

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