Situação do Hospital do Câncer de Maringá causa preocupação

Situação do Hospital do Câncer de Maringá causa preocupação

Hospital Guirello - Foto: divulgação

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O Hospital do Câncer de Maringá (H.C) ganhou nova administração a partir de março de 2020, passando a ser chamado de Hospital Guirello, que segundo vídeos de apresentação da instituição no Facebook, com a participação da diretora operacional Lenira Barbosa, ganhou um novo conceito, com suítes repaginadas temáticas, atendimento especializado e humanizado, e cardápio elaborado por chefe de cozinha.

O Grupo Guirello além do Hospital do Câncer, também administra o Banco de Sangue de Maringá e também o Hospital Guirello. “Gostaria de te convidar para conhecer o nosso novo velho hospital. O Grupo Guirello está à frente de uma administração para trazer um diferencial principalmente no que se refere a ambientação hospitalar: um quarto diferenciado, um acolhimento diferenciado pra que você se sinta em casa, se sinta hospedado e não internado. Então aqui no Hospital Guirello você se hospeda para se cuidar”, informa Lenira.

O Hospital do Câncer é uma instituição privada que desde 1980 atende pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), convênios e particulares de oncologia de Maringá e região, com serviços de diagnóstico por imagem, raio X, tomografia, ultrassom, consulta ambulatorial, radioterapia, quimioterapia, cirurgias e pronto atendimento 24h. Há disponíveis 100 leitos oncológicos, sendo 80% deles mantido pelo SUS. A Prefeitura de Maringá, por meio da Secretaria de Saúde mantém convênio com o HC, que recebe o repasse mensal de R$ 2 milhões pelos atendimentos da instituição à população, ou seja, 68% das receitas mensais do hospital que é referência no tratamento do câncer.

 

Recuperação Judicial

 A administração do Hospital do Câncer (Instituto de Hemoterapia Maringá Ltda) entrou com pedido de recuperação judicial (RP) no início do mês de setembro deste ano, na 3ª Vara Cível de Maringá alegando problemas financeiros devido à pandemia da covid-19, em que acumulou cerca de R$ 50 milhões, sendo R$ 20 milhões delas em dívidas tributárias.

No dia 14 de setembro o pedido de RP foi deferido pelo juiz Juliano Albino Manica, prevendo o valor de R$ 35,6 milhões de dívidas não tributárias e R$ 19 milhões em obrigações tributárias.

De acordo com a informação da ação, o grupo econômico formado pelo Instituto de Oncologia e Hematologia Maringá LTDA e Instituto de Hemoterapia de Maringá, de propriedade de Paulo Moia Guirello e Jussara Moura Guirello, atendeu cerca de 99 mil pacientes em 2020 nos 80 leitos para pacientes SUS e outros 20 para convênios. Na época havia mais de 200 funcionários diretos, além de inúmeros fornecedores. Segundo a Justiça, entre os credores do Hospital do Câncer estão aproximadamente 50 colaboradores que foram demitidos nos últimos meses sem receberem o pagamento das verbas rescisórias.

Vale lembrar que no mês de junho deste ano, o diretor clínico Luiz Arthur Moura Guirello participou de uma reunião na Prefeitura de Maringá para que os hospitais e planos privados de assistência à saúde não fechassem as portas para os pacientes.

 

Tratamento oncológico

Alguns pacientes nos contaram que notaram várias mudanças no hospital, uma delas é o atendimento na recepção que teve redução de colaboradores. “No dia que eu fui pegar remédio notei que o atendimento ficou devagar, porque muitos funcionários saíram e não está aquele atendimento que era na recepção com quatro atendentes na área onde fazemos os exames”, revelou uma paciente que faz tratamento na entidade desde 2017, pois teve câncer de mama. Todos os meses ela precisa ir até o hospital para buscar remédios e o tratamento, segundo ela, terminará em 2028.

“Gostaríamos que o prefeito e os demais responsáveis revessem a nossa situação, porque precisamos de um hospital de referência para o pessoal que faz tratamento oncológico. Assim como tem o Hospital das Crianças agora, seria importante a compra do HC para atender a população que enfrenta essa doença, porque para nós seria muito difícil procurar atendimento em outras cidades”, explicou o filho de um paciente.

Entramos em contato com a Secretaria de Inovação, Aceleração Econômica, Turismo e Comunicação (Siacom), que informou: “O Hospital do Câncer está trabalhando normalmente, sem prejuízo ao atendimento dos pacientes e a Prefeitura de Maringá tem pago os valores contratuais para a instituição”.

A Justiça determinou um prazo de 60 dias, com previsão de encerramento em 16 de novembro, para que os administradores do Hospital do Câncer de Maringá apresentem o plano de recuperação judicial, informando como será parcelado o pagamento das dívidas. De acordo com Alan Rogério Mincache, um dos advogados da instituição, o plano de recuperação judicial será apresentado em breve e está sendo elaborado sob a perspectiva do fluxo de caixa do hospital, projetado para os próximos anos, visando assim equacionar as dívidas existentes em contra ponto à sua geração de caixa. “As dificuldades financeiras decorrem de alguns fatores, como por exemplo, o fato de que o hospital utiliza sua capacidade de atendimento 80% para pacientes do SUS, que possui tabela única de preços definida pelo Ministério da Saúde para pagamento, que por sua vez não considera os custos dos medicamentos e do serviço em geral prestado, contribuindo em acúmulo de prejuízo financeiro e aumento das dívidas, assim como nos demais hospitais privados do Brasil e a pandemia da covid-19 aumentou os custos médico hospitalares  em média 15%. E nesse período não foi possível a realização de cirurgias eletivas”, ressaltou.

Mincache nos contou que a Prefeitura vem realizando todos os repasses recorrentes feitos pelo SUS, no entanto ainda pendem de serem repassados em torno de R$ 1 milhão, a quem tem direito o hospital. “O valor corresponde ao não atingimento de metas do teto contratado com SUS, e mais R$ 200 mil de produção extra para atendimento de alto custo com quimioterapia. O hospital vem insistindo nesse recebimento e aguarda ansioso por uma solução da Prefeitura nesse sentido”, revelou.

“O Hospital do Câncer é uma Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON), sendo qualificado como a mais capacitada e equipada unidade do Norte e Noroeste do Paraná. Se fechar o hospital, infelizmente deixarão de ser atendidos mais de 50 mil pacientes de câncer, em geral pessoas carentes que não possuem recursos financeiros ou plano de saúde para tratarem de suas enfermidades. Todavia o objetivo da recuperação judicial é justamente manter o atendimento do hospital, sem rupturas, uma vez que sua função social é relevantíssima, e por isso, acreditamos que a reestruturação que estamos buscando fazer manterá o hospital em funcionamento a fim de realizar esse importante trabalho social que oferece de forma humanizada e mais próxima das pessoas mais carentes”, completou Mincache.

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