“A UEM é pública e de todos”. Com este lema na cabeça e atitude nas mãos, a galera da cultura urbana colou no campus sede da Universidade Estadual de Maringá na tarde/noite deste domingo, 7 de julho.
A domingueira foi dedicada ao “Hip Hop na Facul”, evento organizado pela Diretoria de Cultura (DCU), com entidades e parceiros, no estacionamento do Restaurante Universitário (RU).
Os quatro elementos do movimento puderam se expressar de maneira livre na UEM, com breaking dance, grafitagem, Batalha de Rima, DJs. Além de food trucks e interação.
“Desde que eu assumi a Diretoria de Cultura recentemente, nesta gestão, nós lançamos um selo, que se chama Ocupa UEM – Arte e Cultura. Por justamente entender a necessidade de abrir os portões da universidade, para que não só os eventos que a gente promova traga pessoas, mas que a gente possa sair com os nossos eventos. E que os eventos que acontecem na universidade tenham parcerias amplas para que o maior número de pessoas possa aqui adentrar”, afirma o diretor de Cultura da universidade, o professor André Luis Rosa, em entrevista à reportagem.
Segundo ele, a instituição é pública, mantida com dinheiro estatal, por isso precisa ser ocupada por todo tipo de pessoas, culturas e manifestações artísticas. “É um movimento que começou pelo Hip Hop justamente por isso, pela faceta que o Hip Hop toma, da questão da inclusão, da diversidade. Esse é só o pontapé inicial”, destacando que, dali a menos de 15 dias, será promovido o Arraiá da UEM, um evento aberto a toda comunidade.
Nesse sentido, Rosa classifica a UEM como um espaço de todos, não se restringindo apenas a quem estuda ou trabalha no meio acadêmico. “Todo mundo tem o direito de vir aqui”, destacando peças de teatro, grupos de música e eventos abertos como este de domingo.
Aliás, o “Hip Hop na Facul” vem sendo pensado desde o final do ano passado, criando uma comissão organizadora junto com os parceiros envolvidos. A realização é da DCU, Diretório Central dos Estudantes da UEM, Secretaria Municipal de Juventude, Cidadania e Migrantes, Secretaria Municipal de Cultura e Matriark Produções. E apoio cultural de Rádio Mix FM e Canágraf.
50 anos
O evento deste domingo também é comemorativo dos 50 anos do movimento Hip Hop, lembrado na fala da vice-reitora da UEM, Gisele Mendes, durante o cerimonial em homenagem a Nando Nascimento, que dá nome ao Concurso de Grafite.
“Ele [Hip Hop] não é uníssono. Ele vem da arte, do grafite. Ele vem da breaking dance, da música, vem de várias manifestações”, diz Mendes, acrescentando que a arte já foi marginalizada e perseguida na sociedade. “Essa criminalização da cultura tem de ser abandonada”, exemplificando que o grafite é uma forma de arte, de expressão e de cultura. “A arte é o alimento da alma”.
‘Hip Hop é liberdade de expressão’
Vindo diretamente de Londrina, onde participa da cena local, o MC Vitu (@_vitureal) era um dos “lutadores” da Batalha de Rima realizada durante o “Hip Hop na Facul”. É a sua quinta vez em Maringá. A Batalha é um elemento do movimento em que dois Mestres de Cerimônia, os MCs, disputam a preferência popular, alternando versos rimados criados na hora, em cima do palco. É um teste para a capacidade de raciocínio rápido e criatividade.
Seguindo Vitu, o Hip Hop possibilita a expressão de seus sentimentos e ideias. “Se você pegar os quatro movimentos, você vai ver”, citando as várias linguagens envolvidas: corporal, visual, musical e na sintonia da batida. “Junto o quinto elemento que eu gosto de falar: a liberdade de expressão, você se expressa da forma que você sente”.
Na cidade londrinense, o MC tem participado da Batalha da Leste. Inclusive, é uma cidade com 16 Batalhas, fora a vizinhança em Cambé, Ibiporã, Rolândia. Vitu tem trabalho por São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e nos Estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e agora Paraná, onde está há oito meses.
Grafitagem
Outro elemento do Hip Hop é o grafite (ou “grafitti”). Na parte externa do RU, artistas convidados puderam usar sua arte para colorir os muros e paredes do entorno.
Um deles era Nildiuz (@nldsfsq), que começou a grafitar no período da tarde deste domingo e finalizou à noite. À reportagem, ele explica que é um tipo de trabalho que pode ser feito em 20 minutos ou horas, quando é possível dedicar maior atenção.
Artista plástico, desta vez ele fez um trampo de grafite. “Letras e personagem. Eu costumo pintar um gato”, explicado que é uma figura recorrente em seu trabalho autoral desde o ano de 2020. Mas no “Hip Hop na Facul”, Nildiuz testou novas letras e uma releitura do personagem.
Desde 2016, ele grafita paredes. “Eu tenho alguns trabalhos em São Paulo, Rondônia. Mas aqui, no Paraná, eu tenho apenas em Maringá”.