Acordo assinado, hoje (23), no Gabinete da Reitoria da Universidade Estadual de Maringá (UEM), entre o Programa de Pós-Graduação em Zootecnia (PPZ) e a organização norueguesa Norges Vel, permitirá a vinda, para a UEM, de duas estudantes moçambicanas para cursar mestrado em Zootecnia. Organização independente sem fins lucrativos, a Norges vai custear o seguro saúde, a alimentação e a hospedagem das estrangeiras, enquanto que o PPZ está disponibilizando as duas vagas do curso visando preparar as estudantes na área de melhoramento genético, especificamente na área de melhoramento em piscicultura, no caso a tilápia.
Segundo o professor Ferenc Istvan Bánkuti, coordenador do PPZ, a ideia é propiciar a capacitação das alunas para que elas possam retornar à Moçambique dentro de dois anos, disseminando lá o conhecimento, ajudando o desenvolvimento de um conjunto de comunidades locais daquele País.
Também conhecida como Sociedade Real Norueguesa para o Desenvolvimento, a Norges se apresenta como um parceiro único para o desenvolvimento econômico local e criação de valor, destacando a geração de ideias, empreendedorismo, cooperação e comercialização como aspectos-chave do trabalho. “Nosso objetivo sempre foi ajudar a desenvolver players comerciais independentes que contribuam para um maior crescimento em suas comunidades locais”, diz texto de apresentação da empresa.
A Norges Vel é a organização membro mais antiga da Noruega, envolvida no trabalho de desenvolvimento local desde 1809. Desde 1978, também atua com o desenvolvimento industrial em nível internacional, inclusive em vários países do sul e leste da África.
Também opera projetos na Noruega, Balcãs e América Latina. A organização, que é baseada na ética e independência, oferece adesão a indivíduos, empresas e outras organizações.
A cerimônia
Durante a cerimônia de assinatura do acordo, o reitor Julio Cesar Damasceno lembrou que a UEM sempre priorizou as parceiras internacionais, destacando que o Escritório de Cooperação Internacional (ECI) é muito ativo nesta questão. Sobre o acordo para a vinda das estudantes moçambicanas, disse que deseja que a instituição intensifique a cooperação com outros países do continente africano, imersos em problemas semelhantes ao Brasil, até como maneira de sair um pouco do eixo sul-norte. Para ele, é importante que estas parcerias internacionais busquem focar o trabalho em grandes eixos, sempre na busca de, por meio da troca de experiências, resolver os grandes desafios que se apresentam.
O vice-reitor Ricardo Dias Silva manifestou a alegria por receber as novas mestrandas internacionais e vislumbrou a possibilidade de a UEM ampliar o processo de internacionalização diante da potencialidade oferecida pelo continente africano.
Desejou que o estudo das estudantes seja muito rico, bem avaliado e que possa fortalecer a parceria com a universidade. Silva ainda enalteceu a importância do envolvimento do zootecnista Humberto Todesco, egresso da UEM, hoje morando e trabalhando em Moçambique, no estabelecimento do acordo com a Norges Vel.
“Desenvolvimento por eles mesmos”
O diretor nacional da Norges Vel, José Ramos, reforçou que o intuito é que as moçambicanas, após se qualificarem na UEM, se fixem em seu país de origem. “Queremos o desenvolvimento por eles mesmos”, afirmou. Ramos também disse esperar que a cooperação com a universidade possa continuar.
Coordenador do ECI da UEM, o professor Márcio Cassandre recordou a história da Norges Vel, especialmente por ser uma entidade centenária. Ele agradeceu à gestão pelo trabalho de eliminar algumas barreiras e tornar o processo de acordos mais ágil.
Responsável pelo setor de Acordos Internacionais do ECI, o professor Fabiano Burgo salientou que as cooperações se dão sempre pela via de mão dupla, com as duas partes estabelecendo compartilhamento de informações e conhecimentos.
Para o coordenador do PPZ, Ferenc Bánkuti, não há dúvidas de que o processo na UEM para o estabelecimento de novas parcerias internacionais está muito melhor. Aproveitou para agradecer o apoio da Reitoria e do ECI para a execução do acordo com a Norges Vel.
O professor Carlos Oliveira, docente da graduação e da pós-graduação em Zootecnia, também fez um agradecimento à Reitoria pelo empenho nesta cooperação. “Eu sempre quis estar na África, foi um chamado de vida, da perspectiva do que a vida traz para nós e a gente tem que aproveitar”, discorreu ele, ao lembrar da conversa inicial que teve com Humberto Todesco para analisar a possibilidade de o PPZ abrigar as duas moçambicanas. Na opinião de Carlos, o programa de pós-graduação e a UEM têm muito a ganhar com as estudantes, que falam quatro línguas estrangeiras.
Uma delas, Carla da Graça Finiosse, disse que era uma satisfação “fazer parte desta família”, se referindo à comunidade universitária da UEM.
Nareta Vairede Figueiredo, a outra moçambicana, manifestou gratidão pela acolhida e a abertura do espaço. Frisou que se trata de uma oportunidade rara, que muitos precisam. Carla afirmou que veio para aprender e buscar conhecimento científico.