Esperança, engajamento, paz e positividade. Calcada nesses alicerces, a banda maringaense Banzzai, que é fruto de um coletivo cultural surgido em 2017, constrói sua história na Cidade Canção. Pode-se dizer que é um projeto agregador de reggae fusion, som autoral e identidade latino-americana.
Nesse tempo todo, essa banda lançou o elogiado EP “Selva de Pedras”, com mais de 20 profissionais de diferentes estados; e participou do 1º Festival de Bandas Autorais de Maringá, organizado pela Associação Cultural Rock do Paraná (ACRP), presidida por Ronaldo Marques.
No momento, o Banzzai (cujo nome vem do termo japonês que significa “vida longa e prosperidade”) prepara “Paraná”, um EP formado pelas faixas “Paraná”, “Guartelá”, “Joia Rara (Ilha do Mel)” e “Fronteira”. Trata-se de um álbum na melhor acepção da palavra, ou seja, um disco cujas canções estão interligadas em torno de identidade, memória e folclore do Estado.
Previsto para 2025, “Paraná” é fruto de cinco anos de intensa pesquisa sobre a história e geografia do nosso território. “Cada canção narra, de forma poética, aspectos importantes da colonização e a resistência dos povos originários que habitavam o território paranaense antes da chegada dos colonizadores”, diz a banda.
Em entrevista à reportagem, o vocalista e guitarrista João Fiorenza defende que não se pode ignorar o passado anterior à chegada dos colonizadores ao Paraná. “Essa terra era muito fértil e existiam povos que aqui habitavam, os povos originários”, citando, por exemplo, as etnias guarani e kaingang, que viviam nessas terras e preservavam o meio ambiente, formatando toda a região com mata ciliar.
“Quando os colonizadores chegaram ao nosso Estado, que foi em torno de 1540, 1560, a gente tem um marco histórico que data o início de tudo que a gente sabe. Daqui para trás, a gente não sabe de muita coisa. Então, o EP ‘Paraná’ busca fazer um reavivamento, um resgate histórico, pra gente conseguir contar uma parte da nossa história que a gente não conhece. Que é a parte que existia antes da chegada dos colonizadores”, informando que a banda fez pesquisa com base em bibliografia, vídeos, fotos e entrevistas com pesquisadores. “A gente conseguiu entender o quão rica era essa história antes da chegada dos colonizadores ao nosso Estado”.
Nesse sentido, cada faixa do inédito EP aborda uma faceta do Paraná, que significa “rio caudaloso”, “rio de intensa corrente”. Não por sinal, uma das músicas do trabalho se chama “Paraná”, contando a história desse rio que abre caminhos, cuja foz é no “oceano espiritual”, que é o “paranauê”, uma etimologia tupi-guarani. “O EP ‘Paraná’ conta de ponta a ponta como foi essa incursão dos colonizadores”, citando a guerra entre portugueses e espanhóis, o caminho dos tropeiros, os ingleses da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. Em resumo, o álbum conta toda essa história em pontos estratégicos: “Guartelá” é sobre o cânion, um importante local geológico; “Joia Rara (Ilha do Mel)”, ponto que foi importante para a Coroa portuguesa; e “Fronteira”, que retrata a tríplice fronteira na região de Foz do Iguaçu (Brasil, Argentina e Paraguai).
“Todo esse álbum faz uma construção histórica, etimológica”, resume Fiorenza, destacando que o EP busca, por meio da música autoral maringaense, contar outra história do Paraná.
Identidade
Uma das marcas do Banzzai é o reggae fusion, muito por conta do trabalho do produtor e fotojornalista Breno Thomé Ortega. Segundo ele, o tema da identidade é muito importante quando se trata de arte, cultura e processo de resgate histórico do Paraná. “O que se constitui a identidade paranaense?”, explicando que, nos registros e estudos, se tem que o Estado era ausente de certas culturas, de uma raiz da população. “Principalmente quando coloca que se dava enquanto um território de passagem do Rio Grande do Sul para São Paulo. As pessoas usavam o território mais como pouso. Mas isso é uma grande mentira, porque o Paraná, assim como todo território brasileiro, tem uma história, uma cultura, que vai para além da colonização. São os povos originários daqui. Entender que esse processo de formação cultural aconteceu a partir do apagamento da história de um povo que já estava aqui”.
Dessa forma, segundo Ortega, o EP “Paraná” vem para resgatar essa identidade, para de fato olhar o Estado e entender o potencial e a beleza cultural, do próprio território, expressando isso por meio de uma manifestação artística. No caso do Banzzai, o caminho é a música, o reggae.
Festival
Em 2024, o Banzzai foi uma das bandas participantes do 1º Festival de Bandas Autorais de Maringá, apresentando seu som próprio no evento realizado no Teatro Reviver Magó.
Na avaliação de João Fiorenza, o trabalho de Ronaldo Marques à frente da ACRP é de resistência. “É um trabalho que funciona de ponta a ponta: desde a identificação dos artistas que são autorais na cidade, até possibilitar a esses artistas terem uma oportunidade, oportunizar o acesso desses artistas a um palco para uma apresentação. E eu avalio que um festival como esse, e que ocorreu nesse ano, tem de acontecer com recorrência”, destacando o brilhantismo de Maringá e o potencial para revelar novos artistas. “Tem que acontecer de maneira frequente. A gente precisa mostrar as nossas forças, as nossas vozes, da arte de Maringá, porque isso é revolucionário, vai fazer a gente chegar a outro patamar”, afirma o vocalista.
Formação
A formação atual do Banzzai é João Fiorenza (guitarra base e vocal), Elizeu Lima (contrabaixo), Alef Pascual (trompete), Thiago Pietrângelo (bateria) e Breno Thomé Ortega (produção).
Serviço
Para escutar e conhecer mais o trabalho da banda Banzzai, acesse seu perfil no Instagram (@banzzaioficial). E visite seu canal no YouTube (@Banzzaioficial). Além das plataformas de streaming de áudio (Spotify).
No site oficial (www.banzzai.com.br), é possível saber mais sobre o álbum “Selva de Pedras”, lançado em 2022 via Prêmio Aniceto Matti.