“Vozes da Resistência”, que traz a memória de militantes da luta contra a ditadura, será lançado em Maringá

Vozes da Resistência, de Aluízio Palmar

O livro organizado por Aluízio Palmar tem depoimentos de pessoas que vivem em diferentes cidades paranaenses Foto: Reprodução

Para marcar os 60 anos do golpe civil-militar, militantes que atuaram na resistência democrática reuniram 60 textos, imagens e poesias para retratar a ação política contra a ditadura no Paraná. Muitos tiveram importante atuação na luta contra o regime militar, especialmente os que viveram o movimento estudantil, e foram alvo de vigilância, perseguição e torturas físicas e psicológicas. Esse material resultou no livro “Vozes da Resistência – Memórias da luta contra a ditadura militar no Paraná”, organizada pelo jornalista escritor e militante de esquerda Aluízio Palmar e publicado pela Editora Banquinho Publicações. Militantes que atuavam na região de Maringá também participaram da obra.

“Vozes da Resistência” será lançado em Maringá no próximo dia 29, às 19h30, no Anfiteatro Ney Marques, no campus sede da Universidade Estadual de Maringá (UEM), em evento aberto à comunidade, com a presença de alguns autores do livro, que darão o seu testemunho e participarão de uma sessão de autógrafos. A realização é compartilhada pelo Laboratório de Estudos do Tempo Presente (LABTEMPO), Laboratório de Pesquisa em História Política e Movimentos Sociais (LAPPOM) e Espaço Marx.

O prefácio da obra foi escrito pela jornalista e socióloga Silvia Calciolari, autora de “Ex-presos políticos e a memória social da tortura no Paraná – 1964-1978”, resultado de sua dissertação de Mestrado. Participou de Projeto Memórias Reveladas, da Comissão Nacional da Anistia, que resultou no livro “Depoimentos para a História – A resistência à ditadura militar no Paraná”, onde foi co-autora.

 

Personagens são autores

Num esforço hercúleo de organização via WhatsApp realizado por Aluízio Ferreira Palmar, 81 anos, jornalista, militante do PCB e ex-preso político, o livro tem quase 450 páginas escritas tanto por protagonistas das lutas pela Democracia naqueles anos sombrios, como por filhos e filhas dos que já morreram. Muitos dos resistentes estão próximos dos 80 anos, alguns mais outros menos, mas com muita energia para pensar o Brasil, o mundo e dar a sua contribuição para uma prática política resiliente.

São estas memórias que fazem do livro Vozes da Resistência um documento fundamental para lembrar que a luta contra o arbítrio, a defesa dos Direitos Humanos e da Democracia é atual e constante. E mais: nas entrelinhas, em cada testemunho há uma visão de mundo que ainda hoje alimenta e inspira gerações a resistir a qualquer tipo de retrocesso civilizatório e continuar a militar por um mundo socialmente mais justo e igualitário.

 

Foto com Prêmio Esso na capa

O livro traz na capa uma imagem emblemática da luta contra a repressão no Estado. A foto é do repórter fotográfico Edson Jansen, morto em 2012, que lhe rendeu, em plena ditadura, o Prêmio Esso de melhor fotografia pelo flagrante que registrou em 1968. Jansen conseguiu capturar o momento em que o estudante José Ferreira Lopes (conhecido como Dr. Zequinha), de estilingue na mão, enfrenta a cavalaria militar durante a invasão do Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba. A fotografia é símbolo da resistência democrática e entrou para a história da imprensa brasileira.

O lançamento do Vozes da Resistência será no campus sede da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no anfiteatro Ney Marques, a partir das 19h30, e aberto à comunidade. O evento contará com a presença de alguns autores do livro, que darão o seu testemunho e participarão de uma sessão de autógrafos. A realização é compartilhada pelo Laboratório de Estudos do Tempo Presente (LABTEMPO), Laboratório de Pesquisa em História Política e Movimentos Sociais (LAPPOM) e Espaço Marx.

 

Aluízio Palmar, um arqueólogo da memória política

Aluízio Ferreira Palmar, nasceu em 24 de maio de 1943, em São Fidélis, RJ Estudou na Universidade Federal Fluminense e, devido à sua militância revolucionária foi preso e banido do país, após ter sido trocado pelo Embaixador da Suíça no Brasil, juntamente com outros 69 presos políticos. Depois de passar oito anos entre o exílio e a clandestinidade, deu início, após a Anistia Política, a carreira jornalística.

O jornalista e pesquisador Aluízio Palmar foi preso na ditadura e viveu oito anos no exílio e clandestinidade Foto: Arquivo

 

Palmar é também escritor e ativista social. Importante nome da lLuta armada contra a ditadura militar brasileira. É autor do livro “Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?”, autobiografia que narra a busca por guerrilheiros desaparecidos durante a Ditadura militar brasileira, além de ser editor-chefe e fundador do site Documentos Revelados[3], que concentra diversos arquivos históricos de presos e investigados políticos oriundos do período de exceção.

 

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