O Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), mantido pela Itaipu Binacional, celebra um acontecimento que representa um grande avanço para a preservação da fauna silvestre paranaense: o nascimento de um filhote de gato-maracajá (Leopardus wiedii), uma das espécies que constam na lista de animais ameaçados de extinção no estado do Paraná. O pequeno felino, um macho batizado de Maracujá, nasceu no dia 9 de maio e já se tornou símbolo dos esforços contínuos de conservação desenvolvidos pela instituição.
De acordo com Aline Luiza Konell, médica veterinária da Itaipu que acompanha de perto o desenvolvimento do filhote, esse nascimento é extremamente relevante para o futuro da espécie. “Estamos muito contentes com essa conquista. O gato-maracajá é classificado como ‘em perigo’ no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada do Paraná, segundo o levantamento mais recente do Instituto Água e Terra (IAT), publicado em 2024. Cada novo indivíduo que nasce sob nossos cuidados representa uma vitória significativa para a biodiversidade”, ressalta.
O nascimento de Maracujá é fruto de uma união estratégica e planejada. O pai é um gato-maracajá resgatado na natureza, proveniente do Parque Ecológico da Klabin (PEK), em Telêmaco Borba (PR), que foi integrado ao programa de conservação da Itaipu. Já a mãe é uma fêmea residente no próprio Refúgio Biológico Bela Vista. Essa combinação não aconteceu por acaso: ela faz parte de uma estratégia para garantir a variabilidade genética dos indivíduos mantidos em cativeiro, algo essencial para a saúde e longevidade da espécie. “A parceria com a Klabin foi fundamental nesse processo. Mais do que aumentar o número de indivíduos, buscamos fortalecer a qualidade genética dos animais. Isso torna o filhote mais saudável e, futuramente, com maior potencial para ser considerado em programas de reintrodução na natureza”, explica Aline Konell.
O gato-maracajá é um felino de hábitos essencialmente arborícolas. Dotado de grande agilidade, é especialista em se movimentar pelas copas das árvores, onde passa a maior parte de sua vida. Sua alimentação é composta basicamente de pequenos animais, como aves, roedores e marsupiais, desempenhando um papel importante no equilíbrio ecológico das florestas.
Atualmente, Maracujá permanece sob os cuidados da mãe em um recinto especialmente preparado no RBV, onde ficará em observação constante pelos próximos seis meses. Durante esse período, ele receberá todo suporte necessário para seu crescimento saudável, em um ambiente que simula as condições naturais da espécie.
O nascimento deste filhote ocorre em um contexto preocupante para a fauna do estado. Em junho do ano passado, o Governo do Paraná atualizou a Lista de Espécies da Fauna Ameaçada no estado, incluindo 330 espécies, sendo que 46 delas podem ser encontradas no Refúgio Biológico Bela Vista. Entre essas, o gato-maracajá figura na categoria “em perigo”, o que indica um risco muito elevado de extinção em vida livre.
O Refúgio Biológico Bela Vista, onde Maracujá nasceu, é uma unidade de conservação com 1.920 hectares situada na margem brasileira do reservatório de Itaipu. O espaço é dedicado à preservação da fauna e flora locais, desenvolvimento de pesquisas científicas, educação ambiental e reprodução de espécies ameaçadas, atuando como um verdadeiro santuário da biodiversidade regional.
Este novo nascimento renova as esperanças para a continuidade da espécie no Paraná e reforça o compromisso da Itaipu com a proteção e conservação da fauna silvestre. A chegada de Maracujá não apenas simboliza uma vitória da biologia da conservação, como também inspira futuros projetos voltados à recuperação dos ecossistemas e à preservação das espécies que enfrentam sérias ameaças no seu ambiente natural.