Ela, que chegou antes de ser criado o Maringá Velho, foi um dos poucos maringaenses a conhecer os Sutis, povo muçulmano que morava onde hoje é Maringá
Morreu nesta quarta-feira, 12, a pioneira maringaense Antonia Moreno Doce, que era considerada a mais antiga moradora de Maringá. Ela chegou com os pais e irmãos em 1943, bem antes de ser criado o ponto inicial da cidade, hoje conhecido como Maringá Velho.
Dona Antonia tinha 95 anos e era viúva do também pioneiro Antonio Doce, falecido em 2022. Ela deixa filhos, netos, bisnetos e tataranetos, quase todos morando em Mareingá.
O corpo está sendo velado na Capela Prever da Zona 2 e o sepultamento será às 13h30 desta quinta-feira, 13, no Cemitério Municipal de Maringá.
Dona Antonia Moreno Doce, que nas últimas décadas morou no Jardim Aeroporto em uma casa construída com peroba rosa, com muitas imagens de santos, fotografias dos parentes nas paredes e objetos antigos, contava o quanto foi dificultoso chegar ao local onde hoje é Maringá. Ela, a mãe e os irmãos menores ficaram em uma casa alugada em Mandaguari enquanto o pai, Antonio Moreno Dias, e dois irmãos maiores se aventuraram na mata densa, abrindo caminho a facão e enfrentando os perigos da floresta virgem, para chegar até o lote que tinham comprado.
Onde hoje é a Estrada Colombo, que liga o distrito Iguatemi e Paiçandu, os Moreno abriram uma clareira e trouxeram a família que estava em Mandaguari. “Viemos em um carroção e quando chegamos ficamos morando debaixo de um encerado”, lembra a pioneira, que na época tinha 13 anos.
“Não morava ninguém por perto e durante a noite as onças ficavam rondando nossa morada, durante o dia víamos vários tipos de bichos, principalmente cobras”, disse Antonia, que foi um dos poucos maringaenses que conheceram pessoalmente os sutis, povo que vivia em comunidades espalhadas pelas matas do noroeste do Paraná desde o século anterior e desapareceu com a colonização da região. Os sutis, geralmente muçulmanos, eram descendentes de escravos revoltosos e índios, descendentes dos negros que fugiram da Bahia após a chamada Revolta dos Malês, maior levante de escravizados na história do Brasil. Eram os caboclos, segundo ela, gente do mato, mas muito bons, pessoas fáceis de fazer amizade.
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