Morreu nesta sexta-feira, 10, o cineasta Carlos Saura, considerado uma das grandes figuras do cinema espanhol, com mais de 50 filmes realizados. Ele tinha 91 anos e morreu cercado por seus entes queridos, segundo informou a própria família.
Carlos Saura nasceu em 4 de janeiro de 1932 em Huesca, Aragón, no noroeste da Espanha, em uma família de artistas. Ele demonstrou “atividade incansável” e “amor pelo ofício até o último momento”, já que seu último filme, Las Paredes Hablan, foi lançado na sexta-feira na Espanha. disse a Academia Espanhola de Cinema. Saura morreu apenas um dia antes de receber o Prêmio Goya honorário por sua carreira na gala de premiação do cinema espanhol que será realizada no sábado em Sevilha (sul).
“Carlos Saura, cineasta, fotógrafo, cenógrafo, artista total, se foi. Prêmio Nacional de Cinematografia em 1980, sua carreira recebeu todos os prêmios imagináveis e, acima de tudo, o amor, o apreço e o reconhecimento de cada um que aprecia seus filmes” , tuitou o ministro da Cultura, Miquel Iceta.
Em 1966, ganhou seu primeiro grande reconhecimento internacional, o Urso de Prata de Melhor Diretor por A Caça, sobre três amigos que se encontram para um fatídico dia de caça, filme que a crítica reconheceu como uma metáfora para uma Espanha com as feridas da Guerra Civil (1936-1939) ainda abertas.
Em seguida, filma Peppermint Frappé (1967), que lhe rendeu novamente o Urso de Prata em Berlim e foi o primeiro dos nove filmes com Geraldine Chaplin, que se tornará sua musa e mãe de um de seus filhos.
Devido à censura franquista, o cinema de Saura nesse período é repleto de metáforas, elipses e imagens simbólicas que servem para atacar os pilares do regime, a Igreja, o exército e a família, como em O Jardim das Delícias (1970) e Ana e os Lobos (1972).
Em 1975, produziu aquela que para muitos é uma de suas obras-primas, Cría Cuervos, prêmio do júri em Cannes, uma alegoria da ditadura que sufocou seu país.
Uma das canções do filme, Porque te Vas, interpretada por Jeanette, foi um sucesso internacional.
Filmografia de Carlos Saura
1956 – La tarde del domingo – Curta
1958 – Cuenca
1959 – Los golfos
1963 – Llanto por un bandido
1965 – La caza; Urso de Prata de Melhor Realizador no Festival de Berlim
1967 – Peppermint frappé; Urso de Prata no Festival de Berlim
1968 – Stress es tres, tres
1969 – La madriguera
1970 – El jardín de las delicias
1972 – Ana y los lobos
1973 – La prima Angélica; Prémio Especial do Juri no Festival de Cannes
1975 – Cría cuervos; Prémio Especial do Juri no Festival de Cannes
1977 – Elisa, vida mía; Prémio de Interpretação a Fernando Rey no Festival de Cannes
1978 – Los ojos vendados; nomeado à Palma de Ouro no Festival de Cannes
1979 – Mamá cumple cien años; nomeado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro
1980 – Deprisa, deprisa; Urso de Ouro no Festival de Berlim
1981 – Bodas de sangre
1981 – Dulces horas
1982 – Antonieta
1983 – Carmen; nomeado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Prémio do Jurado no Festival de Cannes.
1984 – Los zancos
1986 – El amor brujo
1988 – El Dorado
1988 – La noche oscura
1990 – ¡Ay, Carmela!; vencedor de 13 Prémios Goya
1991 – Sevillanas
1992 – Maratón
1993 – ¡Dispara!
1995 – Flamenco
1996 – Taxi
1998 – Pajarico
1998 – Tango; nomeado ao e Prémio da Fotografia no Festival de Cannes
1999 – Goya en Burdeos; galardoado com cinco Prémios Goya
2001 – Buñuel y la mesa del rey Salomón
2003 – Salomé; Prémio de Valor Artístico no Festival de Montreal
2004 – El séptimo día
2005 – Iberia; Prémio Goya para a melhor fotografia para José Luis López-Linares
2007 – Fados; Prémio Goya para a melhor canção original para Carlos do Carmo