Morreu neste domingo, 13, em Lima, Peru, o escritor e jornalista Mario Vargas Llosa, vencedor do Nobel de Literatura de 2010, prestigiado também com os prêmios Cervantes, Príncipe de Astúrias das Letras, Biblioteca Breve, o da Crítica Espanhola, o Prêmio Nacional de Novela do Peru e o Rômulo Gallegos. Ele tinha 89 anos.
O escritor era colunista de jornais em vários países. No Brasil, suas colunas eram publicadas pelo jornal Estadão, que está disponibilizando os textos na internet neste link.
Llosa nasceu na cidade de Arequipa, no sul do Peru, em 1936, foi educado por sua mãe e seus avós maternos em Cochabamba (Bolívia) e depois no Peru.
Os primeiros passos no jornalismo vieram após os estudos na Academia Militar de Lima e obter licenciatura em letras.
Em 1959, instalou-se em Paris, casou-se com sua tia Julia, 10 anos mais velha, e trabalhou como professor de espanhol, tradutor e jornalista da Agence France-Presse.
Alguns anos depois, separou-se de Julia e casou-se com Patrícia Llosa, que era sua prima-irmã e sobrinha de da ex-esposa Julia. Com ela viveu 50 anos e teve três filhos, mas separou-se quando já tinha 80 anos para casar-se com Isabel Preyler, ex-mulher do cantor Julio Iglesias.
Carreira literária prolífica
Ao lado de escritores como o colombiano Gabriel García Márquez, o argentino Julio Cortázar, e o mexicano Carlos Fuentes, Mário Vargas Llosa foi um dos protagonistas do “boom latino-americano”, um fenômeno literário que, nas décadas de 1960 e 1970, tornou os jovens autores conhecidos em todo o mundo.
Sua longa carreira literária decolou em 1959, quando publicou seu primeiro livro de relatos, “Os Chefes”, com o qual obteve o Prêmio Leopoldo Alas.
Depois, ganhou notoriedade com a publicação de “A Cidade e Os Cachorros”, em 1963, seguida três anos depois por “A Casa Verde”. Seu prestígio se consolidou com “Conversa no Catedral” (1969).
Com suas obras traduzidas para 30 idiomas, Vargas Llosa foi prestigiado com os prêmios Cervantes, Príncipe de Astúrias das Letras, Biblioteca Breve, o da Crítica Espanhola, o Prêmio Nacional de Novela do Peru e o Rómulo Gallegos. Obteve a nacionalidade espanhola em 1993.
Admirado por sua descrição das realidades sociais em obras-primas da literatura, no plano político seus posicionamentos liberais provocaram hostilidade em um meio intelectual que geralmente tende à esquerda.
“Nós, latino-americanos, somos sonhadores por natureza e temos problemas para diferenciar o mundo real e a ficção. É por isso que temos ótimos músicos, poetas, pintores e escritores, e também governantes tão horríveis e medíocres”, disse em 2010.
Naquele ano, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura por sua “cartografia das estruturas de poder e suas imagens vigorosas sobre a resistência, revolta e derrota individual”, justificou a real Academia sueca.
Político controverso
Mario Vargas Llosa se aventurou também na política. Quando jovem, apaixonou-se pela Revolução Cubana e as idéias de Fidel Castro, depois rompeu com a esquerda e terminou a vida apoiando o extremista de direita José Antonio Kast, que concorreu à presidência do Chile, Javier Milei na Argentina, Keiko Fujimori em seu país e no Brasil era apoiador de Jair Bolsonaro.
Ele próprio foi candidato à presidência do Peru, era o favorito, mas acabou derrotado pelo até então desconhecido Alberto Fujimori. Desde então, voltou para a literatura, de onde nunca devia ter saído.
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