Organizações condenam postura de desembargador que disse que “as mulheres estão loucas atrás de homens”

Entidades repudiam desembargador diz que mulheres estão loucas atrás de homens

Organizações estão repudiando fala do desembargador Luis César Espíndola, que disse em sessão do Tribunal de Justiça que "as mulheres estão loucas atrás de homens" Foto: Reprodução

Várias instituições se manifestaram nesta quinta-feira, 4, repudiando a fala do desembargador Luís César de Paula Espíndola, do Tribunal de Justiça do Paraná, que disse, durante sessão na última quarta-feira, 3, que “as mulheres estão loucas atrás de homens“. O próprio Tribunal de Justiça emitu nota esclarecendo que não endossa os comentários feitos pelo desembargador e que já foi aberta investigação preliminar. A Corte disse ainda que não compartilha de qualquer opinião que possa ser discriminatória ou depreciativa.

Também emitiram notas repudiando a fala de Espíndola o Ministério Público, Defensoria Pública, Conselho Nacional de Justiça e a Ordem dos Advogados do Brasil.

Veja o vídeo em que Espíndola dá sua opinião sobre as mulheres

Veja a

NOTA DE REPÚDIO DA OAB

“A OAB Paraná manifesta publicamente seu repúdio ante à odiosa manifestação do desembargador Luís César de Paula Espíndola na sessão da 12ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) na última quarta-feira, 3 de julho.

As estarrecedoras manifestações do magistrado afirmando que “as mulheres estão loucas atrás dos homens” e imputando às mulheres, generalizadamente, comportamento que ele classifica como “assédio aos homens”, além de discriminatórias, expressam elevado grau de desconhecimento sobre o protocolo para julgamento com perspectiva de gênero, de cumprimento obrigatório pelos magistrados e tribunais. Revelam ainda profundo desrespeito para com as mais recorrentes vítimas de todo o tipo de assédio: as meninas e mulheres brasileiras.

Estatisticamente, o Paraná foi o estado com maior número de ocorrências registradas de assédio sexual no Brasil, segundo dados do Anuário de Segurança Pública do Paraná relativos a 2022. O levantamento mostrou que 1.013 mulheres fizeram boletins de ocorrência pelo crime naquele ano. O número de casos de importunação sexual também é alto. Em 2022, foram 2.295 registros.

Em que pese o cenário desolador, é notável o esforço do Estado, no âmbito dos três poderes, e de toda a sociedade, inclusive da OAB, para o enfrentamento desses indicadores e da eliminação do preconceito e da discriminação contra as mulheres. Também nesse contexto, a posição assumida pelo julgador merece repúdio, uma vez que atua na contramão de um esforço coletivo no enfrentamento das barreiras impostas às mulheres e, em especial, por partir de um servidor público com quem a sociedade deveria contar para acolher as vítimas e promover a justiça. Nunca o contrário.

Ao tempo em que se expressa a indignação em relação ao fato, repudiando-o com veemência, confia-se na necessária atuação da Corregedoria do TJ-PR.

Diretoria da OAB Paraná”

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