O secretário de Fazenda da prefeitura de Maringá, Carlos Augusto Ferreira, está no raio das investigações da Polícia Federal no âmbito da Operação Mafiusi, que investiga lavagem de dinheiro e tráfico internacional de drogas em larga escala. Segundo a PF, a operação mira integrantes de uma máfia ítalo-brasileira com fortes ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e a máfia italiana Ndrangheta, considerada uma das mais poderosas do mundo.
Na manhã desta quinta-feira, 16, a PF fez buscas na casa de Carlos Augusto e apreendeu carros de luxo, entre eles uma Ferrari, um Porsche e outro carro de luxo, além de jóias, relógios e celulares.
Foram cumpridos mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão também em Curitiba, São Paulo, Santana de Parnaíba, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Ribeirão Pires, Peruíbe e Jardinópolis, sob autorização da 23ª Vara Federal de Curitiba.
Afastamento após o escândalo
Tão logo foi conhecido que o secretário de Fazenda da Prefeitura de Maringá é um dos investigados na operação, o prefeito Silvio Barros (PP) determinou à sua equipe que buscasse informações sobre o fato. O que se sabe é que a investigação não tem ligação com as atividades de Carlos Augusto Ferreira na prefeitura de Maringá e sim por fatos que já eram investigados antes de ele ser convidado para o cargo.
Por volta do meio-dia, o próprio secretário entrou em contato com a prefeitura para pedir afastamento da função.
Cocaína em navios e aviões
Segundo a PF, os principais alvos integravam o núcleo financeiro da organização criminosa, responsável por movimentar e lavar o dinheiro do tráfico internacional. A estrutura contava com empresas de fachada, laranjas e fintechs, usadas para movimentar quantias milionárias por meio de transações de câmbio paralelo (“dólar-cabo”) e notas fiscais frias.
A investigação internacional, coordenada entre o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e o Ministério Público de Turim, identificou que o grupo usava navios cargueiros e aeronaves privadas para enviar cocaína da América do Sul à Europa.
A droga saía principalmente do porto de Paranaguá , escondida em contêineres com cerâmica, madeira ou louça sanitária, e tinha como destino final o porto de Valência, na Espanha. Outras remessas seguiam em aviões particulares para a Bélgica, onde os italianos garantiam a retirada da carga antes da fiscalização alfandegária.
Entre 2018 e 2022, a organização movimentou mais de R$ 2 bilhões, segundo estimativas da PF.

Os criminosos utilizavam empresas de fachada, transferências fracionadas e contratos falsos de locação de máquinas e veículos para dar aparência de legalidade ao dinheiro sujo. Três alvos foram presos preventivamente nesta quinta, e novas diligências serão realizadas nos próximos dias. Segundo a PF, o objetivo é descobrir o destino dos lucros obtidos com o tráfico e recuperar ativos ocultos em empresas e investimentos no exterior.
Indicado pelo empresariado
Ao apresentar Ferreira como secretário de Fazenda, em novembro do ano passado, Silvio Barros disse que sua indicação era “uma recomendação da classe empresarial de Maringá, porque ele já trouxe para cá grandes investidores. Contribuiu com grandes empresas de Maringá para fazerem negócios importantes e que colocaram a nossa cidade no cenário econômico nacional”.