A Polícia Federal encontrou mensagens de WhatsApp que mostram o líder do governo Bolsonaro no Senado, senador Eduardo Gomes (PL-TO), atualmente licenciado, pedindo dinheiro ao empresário José Rodrigues Alves e ainda se prontificou a atender um pedido do empresário para adiar uma portaria do Inmetro.
O senador, como era de se esperar, nega e diz que os pedidos de dinheiro se tratavam de empréstimos e não têm relação com nenhuma irregularidade.
Os diálogos foram encontrados pela PF no celular de Alves, apreendido durante a Operação Lavanderia, que investiga empresários de Tocantins por lavagem de dinheiro e organização criminosa.
No relatório, a PF diz que Jorge “aparentemente” faz pagamentos ao senador e lhe pede favores de interesse da empresa. O relatório foi enviado para a Justiça Federal, com pedido para ser remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF), já que Gomes tem foro privilegiado.
O relatório diz ainda que diversas conversas entre Jorge e o senador Eduardo Gomes, indicando que Jorge aparentemente paga contas para o senador e lhe envia dinheiro, assim como lhe pede favores e intercessão em assuntos de suas empresas.
As mensagens contêm comprovantes de depósitos bancários para pessoas indicadas pelo senador.
A PF escreveu que, nos diálogos, “há elementos para se acreditar que parte dos valores movimentados pelo grupo possa ter ido para o referido senador, por meio de Jorge Rodrigues Alves, como forma de manutenção de uma boa relação, assim como para o financiamento de campanhas políticas”.
Mensagens de celular
Em uma das mensagens a que a PF teve acesso, do dia 3 de abril de 2020, o senador enviou ao empresário os dados bancários de um assessor parlamentar, João Bosco Pinto da Silva, e pediu que fosse feito um pagamento para uma conta indicada no texto.
“Acha que consegue 20?”, perguntou Gomes. Alves respondeu em seguida: “Opa! Certeza!”.
Em um outro diálogo, do dia 31 de janeiro de 2019, pouco antes de Gomes tomar posse como senador, o parlamentar pede para dinheiro ao empresário “para custear o buffet de uma festa”, segundo o relatório da PF.
Alves respodeu: “Como seria? Direto no buffet? Quanto? Estamos juntos, amigo”. Em seguida, Gomes forneceu os dados bancários de uma mulher.
“Acha que consegue 20?”, perguntou Gomes. Alves respondeu em seguida: “Opa! Certeza!”.
Inmetro
A grande imprensa do Brasil, com base nas informações da Polícia Federal, apurou que em 11 de abril de 2019 Gomes e Alves tiveram uma conversa sobre uma portaria do Inmetro. Na época, Gomes ainda era vice-líder do governo no Senado. Ele se tornou líder no fim daquele ano.
Alves, que atua na área de construção civil e iluminação, queria um adiamento em uma portaria do Inmetro que mudaria as especificações das luminárias usadas nas cidades.
Nas mensagens, Alves argumenta que sua empresa seria desclassificada de concorrências públicas caso a portaria começasse a vigorar.
“Preciso muiiiiito de sua ajuda”, escreveu o empresário na ocasião, segundo o jornal. “É só falar aonde”, respondeu Gomes.
Alves então explicita o pedido: “Portaria 20 do Inmetro. Precisa ser URGENTEMENTE suspensa ou adiada”.
Gomes afirma que falaria com o então secretário de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa.
“Vou pedir assim que sair da presidência […] Falo direto com o Carlos”
Alves agradece: ““Importantíssimo! Amigo, cuida de mim!”.
Três dias depois, o empresário enviou ao senador um novo documento sobre a portaria do Inmetro.
Na sequência, Gomes diz que, se fosse preciso, poderia até pedir a demissão da então presidente do Inmetro, Angela Flôres Furtado.
“Vou ler aqui e montar uma estratégia. Em último caso, a gente questiona via comissão de Infraestrutura. Se houver motivação de espírito público, a gente até derruba essa mulher”, escreveu o parlamentar.
No dia 26 de junho daquele ano, Gomes encaminhou um e-mail para Alves, no qual a presidente do Inmetro informava o adiamento da portari