Em 2023, o Sistema Fecomércio Sesc Senac PR entregará à população de Londrina um novo equipamento cultural: o Museu do Café. Dedicado à memória da cultura cafeeira e do patrimônio histórico, o espaço funcionará na edificação ao lado da Unidade Londrina Cadeião Cultural, na Rua Sergipe, 52.
Para compor o acervo do novo museu, a comunidade local e regional é convidada a doar registros fotográficos, objetos antigos, documentos, notícias, depoimentos e qualquer material que se refira à cultura cafeeira de Londrina e região.
Após sua inauguração, o Sesc Londrina Cadeião Cultural – Museu do Café estará pronto para receber escolas e grupos de visitantes, garantindo vivências temáticas em um espaço educativo dedicado para oficinas de experiências táteis, plantio, jogos educativos, entre outras atividades.
Para o presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR e vice-governador do Paraná, Darci Piana, ao longo dos últimos 19 anos, as instituições sob seu comando vêm cumprindo a missão de preservar imóveis icônicos da vida paranaense. “Em dezembro de 2014 entregamos à cidade de Londrina a unidade do Sesc Cadeião Cultural. O imóvel estava abandonado por mais de duas décadas e recuperamos a estrutura, preservamos espaços como antigas celas e reciclamos as demais instalações. Recebemos também da prefeitura o prédio contíguo ao Cadeião, onde durante muito tempo funcionou a delegacia de polícia. Estamos concluindo os trabalhos de reciclagem do imóvel e o Museu do Café em breve será inaugurado. Assim cumprimos nossa missão de preservar a história do Paraná”, disse Darci Piana, também membro da Academia Paranaense de Letras.
Espaços e funcionalidades
Os mais de mil metros quadrados de área construída do edifício da década de 1960 – e que antes abrigavam a 10ª Subdivisão Policial – passaram por uma minuciosa reforma. O novo museu contará com quatro salas expositivas, integrando passado, presente e futuro, sendo para exposições permanentes – equipadas com recursos tecnológicos, imersivos e sensoriais –, e sala de exposições temporárias de artistas contemporâneos dedicados ao tema.
A gerente executiva do Sesc Londrina Cadeião Cultural, Patrícia Erika Sugeta, salienta que “nosso museu trará questões como a cultura do café, o dia a dia do produtor, o trabalho e suas ferramentas, os modos de vida, os equipamentos, a vida social das pessoas envolvidas nessa história, seus eventos, brincadeiras, tradições, e, também, os traumas da seca de 1963 e da geada de 1975”.
Os espaços também trarão a perspectiva do consumidor e da cultura do beber o café, a construção das relações a partir dessa bebida, os hábitos, o mercado, as marcas, além da relação do café com as artes, artistas, registros e criações.
O Museu do Café também terá uma loja de souvenirs de variados produtos, incluindo obras produzidas por artistas locais. “Pretendemos oferecer para Londrina um museu que estampará nossa memória de forma versátil, moderna e dinâmica, mas que será, também, um grande centro cultural com biblioteca, salas de cursos, espaços de convivência, artes e eventos especiais. Tudo isso localizado no coração de Londrina, no nosso conhecido Centro Velho, e em uma das ruas comerciais mais famosas e populares da cidade, a Rua Sergipe”, pontua Patrícia.
História cafeeira
Enquanto a erva-mate e a madeira foram os ciclos econômicos que levaram às regiões Centro-Sul e Sudoeste do Paraná a serem colonizadas e exploradas, a pecuária foi responsável pela passagem e fixação dos tropeiros nos Campos Gerais e o ouro no litoral e capital do estado, o café levou a expansão da monocultura paulista ao norte do Paraná, o desenvolvimento e a criação de algumas das mais importantes cidades paranaenses tornando vazios populacionais em regiões prósperas e urbanizadas. Exemplo disso é Jacarezinho, Londrina, Apucarana, Maringá, Paranavaí, Arapongas entre tantas.
“A partir do loteamento de terras que atraíram milhares de interessados, a região recebeu migrantes de diferentes partes do país e, também, imigrantes de diversas partes do mundo. E é esta a composição das inúmeras histórias pessoais que formam a nossa cultura do café: o início e o fim de um ciclo econômico, a realização (ou não) do sonho do ouro verde”, ressalta o professor da Universidade Estadual de Londrina, Rogério Ivano.
O Paraná viveu no século XX o auge e o declínio da produção cafeeira. De acordo com Irineu Pozzobon, em A epopéia do café no Paraná, o ciclo da cafeicultura no estado pode ser dividido em três distintas fases. A primeira, de 1900 a 1945, é marcada pelo desbravamento e implantação da cultura; a segunda, de 1946 a 1974 é de expansão e racionalização e, a terceira, de 1975 a 2000, de retração e adequação tecnológica.
A decadência da cafeicultura paranaense ocorre, principalmente pelas fortes geadas de 1963, 1964 e 1966; pela devastadora Geada Negra de 1975, pelo medo generalizado de nova geada ocorresse e pelo desenvolvimento da soja como um produto agrícola de grande aceitação, além do trigo e da pecuária.
As décadas seguintes viram o lento renascer da cafeicultura no Paraná, trazendo consigo também o conceito de cafés especiais.
A história também mostra que a urbanização e o êxodo rural fizeram com que o café se tornasse um hábito cotidiano.
Leia mais em Jornal O Maringá