Produtores de café de Mandaguari lutam pelo selo de Indicação Geográfica

café de mandaguari

Em Mandaguari, um dos municípios que mais produz café no Paraná atualmente, produtores se mobilizam para pleitear junto ao Instituo Nacional de Propriedade Industrial (INPI) o selo de Indicação Geográfica (IG) para o grão produzido no município. Com apoio da prefeitura e do Sebrae Paraná, que já se dedicam à produção de cafés especiais, iniciaram a luta pela certificação.

“Procuramos o Sebrae para ter orientação sobre o que fazer para conseguir a IG, entendendo que a união dos produtores nessa busca vem ao encontro da oportunidade de fomento da produção local com qualidade, além de estímulo ao turismo rural”, diz o produtor Fernando Rosseto, do Sítio Eliza. A família Rosseto produz café em Mandaguari há 80 anos.

Produtores estão se dedicando à produção de cafés especiais, que têm tratos especiais, mas alcançam valor que compensa Foto: Divulgação

O Sítio Eliza é gerido pela quarta geração da família. São 30 alqueires de café, sendo que da safra 30% são grãos especiais. “Há tendência de crescimento do café especial no mercado. Nesse sentido, ter o selo para a produção local pode levar diversos produtores a conquistar novas perspectivas”, comenta.

Segundo o consultor do Sebrae Paraná Luiz Carlos da Silva, com a parceria do Instituo de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), da Cocari e da Prefeitura, o trabalho começou com a sensibilização de agricultores.

“Foi realizado o diagnóstico e planejado o processo que exige a criação de um caderno de especificações, que determinará as melhores práticas de plantio, colheita, entre outros. A organização de uma associação dos cafeicultores é o próximo passo”, explica o consultor.

O secretário de Meio Ambiente e Turismo de Mandaguari, Eduardo Abilio Elias Rifan Nunes, diz que o objetivo é organizar o setor para um café de qualidade e para construir uma rota do café.

“A região já foi a maior produtora de café do Brasil, mas a geada de 1975 devastou as plantações e a liderança mudou. Queremos resgatar a potencialidade do município, favorecer o aumento de produções de qualidade e o turismo rural. Com a IG, será possível agregar valor e atrair produtores para um mercado especial”, observa.

Denominação de origem

O trabalho será voltado para conquistar a IG por denominação de origem. Isso significa que o país, cidade, região ou localidade territorial designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos.

Mandaguari possui café característico devido a atributos como lavouras familiares, prevalente entre os produtores, além de solo e localização. A terra roxa da região resulta de decomposição de rochas basálticas, ricas em nutrientes, como o ferro, responsável pela cor avermelhada. Segundo o produtor Fernando Rosseto, essa qualidade requer pouca adubação para plantas bem nutridas.

“A região é atravessada pelo Trópico de Capricórnio, que traz um equilíbrio térmico, com dias quentes e noites frias. Sobre a altitude, entre 600 e 650 metros, alguns consideram baixa. Mas a latitude alta (posição em relação à linha do Equador) compensa. Temos uma temperatura ideal”, explica.

O produtor afirma que o resultado é um café de sabor equilibrado, enquanto outras regiões cafeeiras precisam fazer blends (misturas) para a bebida oferecer mais notas sensoriais. “O café da região não precisa ser blend pois já possui corpo, acidez equilibrada e notas que puxam mais para o cítrico, caramelizado, amendoado e notas de chocolate”, completa o produtor rural, Rosseto.

Produtos com Indicação Geográfica no Paraná

O Paraná possui atualmente nove produtos com registro de IG: Bala de Banana de Antonina, Melado de Capanema, Goiaba de Carlópolis, Queijo de Witmarsum, Uvas de Marialva, Café do Norte Pioneiro, Mel do Oeste, Mel de Ortigueira, Erva-mate São Matheus do Sul.

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