Super Massas, da padaria de vila à grande indústria da panificação

Super Massas

Marcos Antonio Furlanetto com os filhos Vinícius e Marcos Foto: Luiz de Carvalho

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Da indústria de 2 mil metros quadrados em que tudo é feito por máquinas sai o pão que chega à mesa de consumidores em várias cidades do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul

 

Luiz de Carvalho

 

Ninguém em Marialva vende tanto pão quanto Marcos Furlanetto.

Ele não fala de quantos pães enrola por dia, mas sabe-se que seus pãezinhos são saboreados no café da manhã em boa parte das cidades do Paraná, muitas do sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul.

Ele não fala de quanta farinha de trigo amassa por dia, mas pode-se calcular quantos pães são necessários para lotar 6 caminhões baú que diariamente cortam as estradas da região. E se mesmo assim ficar difícil calcular quantos pães Marcos Antonio Furlanetto amassa por dia, pense que todos os dias uma carreta entra em um sua empresa com 15 toneladas de farinha e sai de lá vazia.

 

Boa logística garante o resultado

É claro que Marcos Antonio Furlanetto não amassa mais os pães que vende. Os muitos milhares de pães que saem de sua indústria a cada dia são fabricados com o que há de mais moderno em termos de equipamentos, são embalados por outros tipos de máquinas, colocados nos caminhões e seguem para padarias e supermercados de várias cidades e Estados, onde são assados e o cliente recebe o pãozinho da hora, cheiroso e quente o suficiente para derreter a manteiga.

Parte do pátio da indústria, em uma chácara às margens da BR-376, em Marialva Reprodução

Vamos explicar: os pães saem da empresa Super Massas Panificação, na entrada de Marialva, ao lado do monumento do cacho de uva, congelados, os caminhões são câmaras frias e só quando chegam ao supermercado ou padaria é que são assados, de modo que o freguês receberá sempre pão da hora.

Para que esse esquema funcione como um relógio, a Super Massas entrega a cada um dos estabelecimentos parceiros freezers para guardar a massa congelada, armários, fornos e estufas. O cliente gosta do pão e elogia o mercado tal, a padaria tal, mal sabendo que o produto saiu de Marialva e viajou algumas centenas de quilômetros até chegar, quentinho, à sua mesa.

 

Textura da massa entre os dedos

Mas, nem sempre foi assim. Houve uma época em que Marcos Antonio levantava às 2 horas da madrugada, abria a massa no mesão, amassava, cilindrava, enrolava, enfiava no forno, tirava um cochilo sentado enquanto assava, corria para abrir a padaria, atendia os primeiros fregueses, deixava a mulher, Irani, atendendo no balcão e ia para a rua fazer entregas.

Aí, o padeiro que levantou quando outros estavam indo dormir, tentava tirar um cochilo a tarde, mas as dívidas não deixavam pregar os olhos. E já estava quase na hora de pular da cama e começar tudo de novo.

Assim foram anos, desde o dia em que, sem entender nada de panificação, vendeu o carro que tinha e comprou uma pequena padaria no Jardim Custódio. Chamava Super Massas. “Fechei o negócio às 10 da noite, dez minutos depois estava arrependido, sem entender o porquê fiz aquilo. A uma hora da manhã tive que pular da cama e ir aprender a fazer pão”, conta Marcos Antonio.

“A verdade é que sempre fui meio doido. Aquilo que ninguém acredita, aquilo que tem tudo para não dar certo, essas coisas que me atraem”, lembra.

Marcos Antonio fez pão muitos anos, aprendeu a arte e amava fazer pão, sempre em parceria com Irani, que a princípio reclamava das loucuras do marido, mas depois apoiava e acabava concordando que o que foi feito era o certo.

O ex-padeiro, agora empresário, diz que ainda fecha os olhos e sente a textura da massa entre os dedos e o cheiro de quando ela está crescendo no mesão, chegando ao ponto de ir para o forno.

Depois de anos amassando, assando, vendendo e entregando pão em Marialva, o padeiro deu ouvidos a um amigo, que morava em Curitiba e vendia máquinas de panificação. Pão congelado? Ele nem sabia o que era isso. Nem acreditava. Mas, como o amigo era de fé, digno de credibilidade, acabou comprando uma maquininha de fazer pão congelado e aí a vida do padeiro e sua mulher mudou.

De uma maquininha comprou mais outra, maior e mais rápida, depois outra, e carro para entregar, e contrata gente para vender, e compra-se lugar para fabricar. Enfim, a Super Massas virou uma potência.

Hoje, 21 anos depois daquela noite em que fechou a compra de uma pequena padaria às 10 horas da noite e se arrependeu 10 minutos depois, Marcos Antonio Furlanetto olha o passado e concorda que fez o certo. Fez o certo naquela noite, o certo quando acordou de madrugada para aprender a amassar pão, porque foi aquela noite que selou o destino da família.

O padeiro não amassa mais pão, cuida dos negócios. E não arreda pé da indústria de 2 mil metros quadrados em um terreno de 8 mil metros. Irani pode se dar ao luxo de ficar em casa o quanto quiser e os filhos Vinícius e Marcos – que certamente não sabem abrir a massa na mesa – cuidam de toda a indústria, a equipe, a frota, a clientela e a logística para que a Super Massas de Marialva funcione como um relógio e vá cada vez mais longe.

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