Alguns fatores contribuem para o crescimento da obesidade no Brasil e no mundo, apesar de cada vez mais informações sobre os riscos de não praticar atividades físicas e a ingestão desenfreada de alimentos industrializados, excesso de açúcar, refrigerantes, gordura hidrogenada, entre outros.
O Cirurgião Geral e Bariátrico, Leônidas Fávero Neto, afirma que a cirurgia bariátrica não é para todas as pessoas que estão acima do peso. Até se chegar à constatação da necessidade do procedimento, pode levar até dois anos. Em 2024, foi apresentada uma pesquisa no Congresso Internacional sobre Obesidade (ICO) mostrando que 48% dos brasileiros terão obesidade e 27% estarão com sobrepeso até 2044.
Processo
O acompanhamento da pessoa é realizado de forma técnica para definir qual é o melhor caminho. “O paciente precisa ter sido acompanhado em ambulatório clínico por pelo menos dois anos. A gente sabe que todo mundo quer o caminho mais curto, um atalho. Operar todo mundo não é o mais adequado. As vezes uma orientação, uma supervisão vai conseguir perder peso sem necessidade de cirurgia. Alguns não tem jeito, tem paciente que tem tendência ao ganho de peso. A idéia de que se ele quiser, ele emagrece não é verdadeira, outros já conseguem”. Demonstrado o insucesso no tratamento clínico, esse paciente, passa a ter indicação cirúrgica.
Quem pode fazer a cirurgia
Os pacientes aptos a realizar a cirurgia de redução de estômago são aqueles com Índice de Massa Corpórea (IMC) de 35 kg por m² (peso da pessoa dividido pela altura ao quadrado) associado com uma doença que se beneficie com a perda de peso (diabetes, hipertensão arterial, etc) ou IMC acima de 40 kg (quando não há a necessidade de demonstrar uma doença associada para operar).
Procedimento cirúrgico
Com indicação cirúrgica definida, os pacientes chegam até os profissionais para realizar a cirurgia. No Hospital Memorial da Uningá o atendimento é realizado após o paciente ter sido acompanhado em uma Unidade Básica de Saúde ou encaminhado à especialidade de endocrinologia. “Quando ele chega, (após os dois anos) ele já está pronto para a cirurgia. Solicitamos a liberação do procedimento para a Secretaria de Saúde do Estado, esse paciente tem autorizada a cirurgia e inicia o pré-operatório. A pessoa passa por cardiologia, faz o pré-anestésico, avaliação vascular, pneumologia. Tem também nutrição, psicologia e fisioterapia”, informa o médico.
Alerta
“Hoje nós verificamos nos ambulatórios muitos pacientes que não chegaram nem aos 18 anos, já com indicação cirúrgica, então isso nos preocupa muito. Em média a gente atende pacientes com IMC acima de 40 kg com doenças associadas, a principal é diabetes”, destaca o cirurgião. As facilidades tecnológicas associadas ao não exercício físico são as principais constatações para esse avanço da obesidade, segundo o médico. “O que você enxerga é que as crianças ocupam o tempo, mas, não ocupam o corpo e isso está tendo um resultado negativo em relação ao controle de peso.”
Fez bariátrica
O vendedor Alyson Jr Pereira, 38 anos, fez a cirurgia bariátrica com o doutor Leônidas em novembro do ano passado, tendo passado por todo o procedimento de preparação durante dois anos. O processo de emagrecimento e também de melhora de sua saúde, como o cuidado com a diabetes, foi essencial para o sucesso da cirurgia. “Tive que buscar algumas formas pra poder tentar emagrecer de forma saudável. Aí um médico do Posto de Saúde Ney Braga me indicou a bariátrica. Fui fazer todo o processo, mas, infelizmente o cadastro estava errado. Tive que ir atrás novamente, passar por tudo de novo até que saiu. Fiz o procedimento com o pessoal da Uningá e saiu de forma bem rápida”, conta.
No Hospital Memorial o vendedor foi internado e no dia seguinte foi operado. Como forma de segurança, ele passou pela Unidade de Terapia Intensiva (UTI), pois tinha IMC 50. Ficou por lá apenas meio período devido à rápida progressão do estado clínico e foi caminhando até o quarto. “Fiquei um dia em observação tomando medicamento, por 14 dias a dieta liquida, depois algo pastoso e aos pouquinhos voltando a vida ao normal”, salienta.
Nossa reportagem acompanhou a recuperação de Pereira, que ama futebol e pretende voltar a jogar em breve. “Estou muito bem, tive dor de cabeça nos primeiros dias, mas depois nenhuma intercorrência. O corpo aceitando tudo. Óbvio, tudo dentro do limite que a gente pode. São 20 quilos a menos. Graças a Deus estou dirigindo com todo cuidado, faço minhas coisas sozinho. O doutor falou que em três a quatro meses após eu posso voltar a jogar futebol”, destaca.
Saiba e assista mais detalhes sobre o assunto na entrevista exclusiva com o Cirurgião Geral e Bariátrico, Leônidas Fávero Neto, em nosso canal no YouTube.