Pesquisadores realizam teste caseiro de coronavírus que pode comprovar doença

Pesquisadores realizam teste caseiro de coronavírus que pode comprovar doença

Foto: Divulgação

Pesquisadores realizaram um teste caseiro de coronavírus que pode comprovar a doença e ainda comunicar se a variante infectou uma pessoa. Tudo isso é possível diante de uma amostra de saliva.

O projeto foi comandado por cientistas do Instituto Wyss para Engenharia Biologicamente Inspirada, da Universidade de Harvard, e do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT) e de vários hospitais da região de Boston, nos EUA.

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A ferramenta demonstra um progresso dos diagnósticos, considerando que a variante solicita o sequenciamento genético, o que causa em mais estrutura e custos.

O dispositivo é denominado de miSHERLOCK (SHERLOCK minimamente instrumentado) e pode ser utilizado pela própria pessoa que vai acessar o resultado por meio de um aplicativo de smartphone.

“Ele distinguiu com sucesso entre três variantes diferentes do SARS-CoV-2 em experimentos e pode ser rapidamente reconfigurado para detectar variantes adicionais como Delta”, afirmou um anúncio do Instituto Wyss.

A estratégia foi testada em 27 pacientes com covid-19 e 21 pacientes sem a infecção. Houve precisão em 96% dos casos positivos e de 95% dos negativos.

Desse modo, o aparelho pode ser fabricado por impressoras 3D a um custo que varia entre US$ 6 e US$ 15 (R$ 31 e R$ 78).

“O MiSHERLOCK elimina a necessidade de transportar amostras de pacientes para um local de teste centralizado e simplifica muito as etapas de preparação de amostras, dando aos pacientes e médicos uma imagem mais rápida e precisa da saúde individual e da comunidade, o que é crítico durante uma pandemia em evolução”, ressaltou Helena de Puig, autora do estudo e pós-doutora pelo Wyss Institute e MIT.

O grupo integrado por Helena fez uma reação projetada para cortar o material genético do coronavírus SARS-CoV-2 em uma região de um gene chamado nucleoproteína, que é mantido em múltiplas variantes do vírus.

“Quando a tesoura molecular — uma enzima chamada Cas12a — se liga e corta com sucesso o gene da nucleoproteína, as sondas de DNA de fita simples também são cortadas, produzindo um sinal fluorescente. Eles também criaram ensaios SHERLOCK adicionais projetados para direcionar um painel de mutações virais nas sequências da proteína spike [localizada na superfície do vírus] que representam três variantes genéticas do SARS-CoV-2: Alfa, Beta e Gama”, segue a nota.

Um dos desafios encarados pelos cientistas foi a maneira como a amostra seria examinada, realça o pesquisador clínico do Instituto Wyss Xiao Tan.

“Você tem que proteger a amostra enquanto está em trânsito para a instalação de teste e também se certificar de que não é infecciosa se você estiver lidando com uma doença transmissível. Para torná-lo um teste diagnóstico realmente fácil de usar, era importante simplificá-lo o máximo possível.”

A partir daí, compreenderam que seria melhor usar a saliva do que os swabs nasofaríngeos para a coleta. Só que isso criou um novo desafio, pois a saliva não processada tem enzimas que degradavam várias moléculas, aumentando a taxa de falsos positivos.

A saída foi acrescentar dois produtos químicos à saliva (DTT e EGTA) e aquecê-la a 95°C por três minutos. Diante disso, conseguiram extinguir o falso positivo e cortar todas as partículas virais.

Eles ainda adicionaram uma membrana porosa que foi projetada para prender o material genético do vírus na superfície, que poderia finalmente ser adicionada diretamente à reação SHERLOCK para gerar um resultado.

Na prática, o equipamento faz essa função sem que o usuário precise se preocupar. Ele cospe em um local que faz todo esse procedimento, incluindo o aquecimento por meio de uma bateria.

“O usuário cospe na câmara de preparação de amostra, liga o aquecedor e espera de três a seis minutos para que a saliva penetre no filtro. O usuário remove o filtro e o transfere para a coluna da câmara de reação, então empurra um êmbolo que deposita o filtro na câmara e perfura um reservatório de água para ativar a reação SHERLOCK. Cinquenta e cinco minutos depois, o usuário olha pela janela colorida do transiluminador para a câmara de reação e confirma a presença de um sinal fluorescente”, ressaltaram os autores do estudo.

Os responsáveis pelo trabalho buscaram fazer um dispositivo barato e que possa ser utilizado em lugares sem a infraestrutura de grandes centros urbanos. Eles defendem que o miSHERLOCK está pronto para ser usado no mundo real.

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