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Da Dor à Esperança: Hospital da UEM Reduz Taxa de Recusa de Doação de Órgãos e Inspira Histórias de Vida

Por Erick Matias
22 de abril de 2025

Em um país onde quase metade das famílias se recusa a autorizar a doação de órgãos de entes queridos falecidos, o Hospital Universitário da Universidade Estadual de Maringá (HU da UEM) se destaca por um dado notável: a taxa de recusa no hospital é de apenas 14%, número três vezes menor que a média nacional, que é de 45%, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Esse resultado, além de ser fruto de um trabalho de acolhimento cuidadoso e informação contínua, também revela a força de histórias como a de Roseli Placedina Pires, que transcendem a dor da perda e iluminam o poder transformador da solidariedade.

Roseli enfrentou, em 2007, um dos momentos mais difíceis de sua vida: a morte encefálica do único filho, Alex Gravino Pires, de 21 anos, vítima de um acidente de motocicleta na Avenida Colombo. No instante em que a equipe médica apresentou a possibilidade de doar os órgãos do filho, ela e o marido, Mario Alves Pires, não hesitaram. “Só olhamos um para o outro e dissemos: ‘sim, pode doar tudo’. Para onde ele vai, junto de Deus, não vai precisar”, relembra Roseli, com firmeza e emoção.

O gesto de amor que proporcionou novas chances de vida a desconhecidos retornaria à vida de Roseli de maneira inesperada anos depois. Após mais de uma década, sua saúde, antes considerada de ferro, começou a se deteriorar de forma misteriosa. Após uma longa busca por diagnósticos, veio a resposta: Roseli precisava de um transplante de rins. O destino, em sua ironia dolorosa e ao mesmo tempo redentora, colocava-a agora no lado oposto do processo: de doadora por consentimento materno, ela tornava-se receptora de um gesto semelhante. “Eu não fazia ideia de que um dia precisaria. A gente precisa fazer pelos outros sem saber para quem. Ninguém veio me perguntar quem eu era para me doar os rins, e eu ganhei uma nova vida”, afirma, visivelmente comovida.

Desde 2017, com os novos órgãos, Roseli mantém o acompanhamento com nefrologistas e segue dedicada a manter sua saúde. A experiência transformadora também lhe trouxe uma nova missão: hoje, ela atua como capelanista em hospitais de Maringá, ao lado do marido, levando palavras de fé e conforto a quem enfrenta momentos difíceis. “As pessoas querem e gostam de rezar, de orar. Eu faço pelos outros”, resume, emocionada.

Histórias como a de Roseli mostram o impacto humano por trás dos números. No HU da UEM, os 14% de recusa são resultado de um trabalho multiprofissional incansável, promovido pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT). A equipe, composta por enfermeiros, médicos, psicólogos e assistentes sociais, atua desde o primeiro contato da família com o hospital, oferecendo acolhimento e orientação contínuos, mesmo antes de qualquer desfecho crítico.

A coordenadora da comissão, enfermeira Rosane Almeida, destaca que o diferencial do HU da UEM é justamente esse acolhimento prévio. “Desde que o paciente e a família entram no hospital, nós os acompanhamos. Não esperamos o momento da morte encefálica para nos aproximarmos”, explica. Segundo ela, essa postura faz toda a diferença. “Nós vemos a doação como consequência do acolhimento. Informamos, esclarecemos e desmistificamos. As famílias chegam cheias de mitos e medos, e nosso papel é criar um ambiente em que possam tomar uma decisão consciente, tranquila e baseada em informação.”

Entre os mitos mais comuns está o receio de que o corpo do ente querido será descaracterizado ou que não será possível fazer o velório com o caixão aberto. “Desconstruímos tudo isso no processo. Explicamos cada passo, respeitamos a dor da família e mostramos como a doação pode ser feita com dignidade e respeito”, conta Rosane. Para ela, a taxa de recusa ainda existente no Brasil reflete, em grande parte, a falta de esclarecimento. “Quando conseguimos chegar ao âmago da questão com a família, geralmente há aceitação. É raro recusarem quando compreendem de verdade o processo.”

No Paraná, o índice de recusa é significativamente menor que a média nacional, girando em torno de 24%. A diferença se deve, em parte, à existência de 62 comissões CIHDOTT espalhadas pelo estado, atuando na captação e viabilização de órgãos para transplante. Esse trabalho contínuo tem gerado resultados expressivos, mas o esforço para sensibilizar a população permanece necessário.

Outro ponto importante é a manifestação de vontade em vida. No Brasil, a legislação atual exige o consentimento de parentes de primeiro ou segundo grau para que a doação ocorra após a morte. Entretanto, quando o próprio indivíduo expressa o desejo de doar, ainda que verbalmente, isso costuma influenciar positivamente na decisão dos familiares. “Quando a família sabe que aquela era a vontade do ente querido, a decisão vem com mais naturalidade, com menos culpa. Estamos falando do corpo de alguém que eles amam, e esse conforto é importante”, explica Rosane.

Casos raros que envolvem ausência de familiares diretos já foram resolvidos até judicialmente, mas a principal forma de garantir que a vontade seja respeitada continua sendo a conversa em vida. “Falar sobre isso ainda é um tabu para muita gente, mas pode mudar tudo no momento de decisão”, destaca a coordenadora da CIHDOTT.

O trabalho do HU da UEM se destaca justamente por antecipar essas conversas, por humanizar o atendimento e por lembrar a todos, em momentos de profunda dor, que a solidariedade pode dar sentido à perda. É esse compromisso com o outro que transforma números frios em vidas salvas, famílias reconfortadas e futuros reescritos — como o de Roseli, que um dia doou, depois recebeu, e agora dedica sua vida a apoiar os que sofrem, espalhando a mensagem que conhece bem: a doação é um ato de amor sem fronteiras.

 

 

Créditos: ASC/UEM

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