Em meio a nova descoberta de Coronavírus, estudo investiga síndrome pós-vacinação contra a Covid-19 Pesquisadores da Universidade de Yale investigam síndrome pós-vacinação contra a Covid-19 e identificam possíveis causas
Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Yale busca compreender uma condição pouco conhecida que afeta um pequeno número de pessoas após a imunização contra a Covid-19. A condição, chamada de síndrome pós-vacinação (PVS), é caracterizada pelo surgimento de sintomas persistentes que se manifestam logo após a aplicação da vacina. Os cientistas identificaram padrões imunológicos distintos nos indivíduos afetados, o que pode abrir caminhos para o diagnóstico e tratamento desse quadro no futuro.
O estudo foi realizado sob a liderança da professora Akiko Iwasaki, especialista em imunobiologia, e do professor Harlan Krumholz, cardiologista e pesquisador da Universidade de Yale. Os resultados foram divulgados no dia 19 de fevereiro de 2025 na plataforma MedRxiv, ainda em fase de preprint, o que significa que os achados precisam ser revisados por pares e confirmados em estudos adicionais.
Padrões imunológicos diferenciados nos pacientes com PVS
A pesquisa utilizou dados do projeto LISTEN, uma iniciativa da Universidade de Yale voltada para o estudo da Covid-19 prolongada e da síndrome pós-vacinação. Foram analisadas amostras de sangue de 42 participantes que relataram sintomas persistentes após a vacinação e de 22 indivíduos que não apresentaram reações desse tipo.
Os sintomas mais comuns da síndrome pós-vacinação incluem fadiga intensa, dificuldade para realizar atividades físicas, insônia, tontura e confusão mental, popularmente conhecida como “nevoeiro cerebral”. Os sintomas aparecem pouco tempo após a vacinação e podem se tornar mais graves ao longo dos dias, mantendo-se por um período prolongado.
Os pesquisadores observaram diferenças significativas no sistema imunológico dos participantes com PVS. Em comparação com aqueles que não apresentaram sintomas, os indivíduos afetados exibiram níveis mais baixos de células T CD4+ efetoras e maiores concentrações de células T CD8+ produtoras da proteína TNF-alfa, ambas envolvidas na resposta imunológica. Essas alterações sugerem uma possível disfunção no sistema imune dessas pessoas.
Outro achado relevante foi a presença prolongada da proteína spike do coronavírus no organismo de alguns indivíduos com PVS, mesmo naqueles que nunca tiveram infecção por Covid-19. A proteína spike, presente nas vacinas contra a doença, geralmente desaparece do organismo poucos dias após a aplicação do imunizante. No entanto, os pesquisadores identificaram que algumas pessoas com PVS ainda apresentavam essa proteína circulante mais de 700 dias após a vacinação. A persistência da proteína spike já havia sido associada a casos de Covid longa, levantando a hipótese de que ela possa estar envolvida na manifestação dos sintomas da síndrome pós-vacinação.
Além disso, os pesquisadores analisaram a possível relação entre a PVS e a reativação do vírus Epstein-Barr, causador da mononucleose infecciosa. Os resultados indicaram que os participantes com PVS apresentaram maior probabilidade de reativação desse vírus em comparação com aqueles que não desenvolveram sintomas após a vacinação. Esse achado sugere que a síndrome pode ser resultado de múltiplos fatores biológicos, incluindo a resposta autoimune e possíveis danos teciduais.
Futuras investigações e possíveis tratamentos
Os pesquisadores ressaltam que o estudo ainda está em fase inicial e que mais pesquisas são necessárias para confirmar os achados e entender melhor os mecanismos da síndrome pós-vacinação. “Ainda estamos no começo dessa investigação, mas nossos achados podem, no futuro, ajudar no diagnóstico e tratamento da PVS”, afirmou Akiko Iwasaki.
Entre as próximas etapas, a equipe de Yale pretende ampliar a análise para um grupo maior de pessoas e investigar mais profundamente as razões pelas quais a proteína spike persiste no organismo de alguns indivíduos. Também serão exploradas possíveis abordagens terapêuticas, como o uso de anticorpos monoclonais para eliminar a proteína remanescente e, potencialmente, aliviar os sintomas da síndrome.
“Nosso foco deve estar na compreensão científica e na busca de soluções para aqueles que enfrentam essa condição”, declarou Harlan Krumholz. Os pesquisadores destacam a importância de reconhecer que reações adversas podem ocorrer com qualquer intervenção médica, incluindo vacinas, e que a ciência deve continuar a investigar formas de auxiliar as pessoas afetadas.
Com mais estudos e aprofundamento no tema, os cientistas esperam que a compreensão da síndrome pós-vacinação leve ao desenvolvimento de vacinas ainda mais seguras, além de métodos eficazes para o diagnóstico e tratamento desse quadro.
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