Em 2021, Maringá registrou 255 acidentes envolvendo escorpiões, isto é, um aumento de 33% em relação ao ano anterior, que foram 191, conforme dados do Centro de Controle de Zoonozes, Vetores e Pragas Urbanas (CCZ). Em janeiro deste ano, foi recebido apenas sete notificações, sendo que no mesmo período do ano passado foram 24, levando em consideração que ainda não foi feito o levantamento completo de casos do mês.
De acordo com o gerente do CCZ, Eduardo Alcantara Ribeiro, existe a previsão legal de que em todo caso de picada de escorpião deve ser identificado a epidemiologia. “É por meio dessas modificações que nós fazemos o monitoramento. Cada um desses casos é avaliado pelo Centro de Controle de Zoonozes, é feita a identificação para saber o local do acidente, se existem situações de vulnerabilidade que permitem o abrigo do escorpião, para que assim, medidas sejam tomadas para que isso não aconteça de novo”, diz.
Dessa maneira, o CCZ se fundamenta nas áreas de risco, constatando quais as que acontecem mais acidentes, tentando dar preferência para essas regiões. “É através da ouvidoria do município que identificamos as áreas onde mais existem reclamações, sendo que nem sempre a área que tem mais reclamação é a área que tem mais acidentes. Tentamos sempre priorizar o que é mais crítico. Todas as reclamações vindas da ouvidoria também são atendidas durante o ano. Esse trabalho tem sido muito importante para orientar as pessoas de como evitar os acidentes.”
Ainda segundo Ribeiro, é fundamental destacar sobre a adaptação do escorpião ao ambiente urbano que praticamente inviabiliza o extermínio completo do animal, então, é preciso evitar que ele entre em nossas casas. “Várias circunstâncias da biologia do escorpião vão atrapalhar a gente ter um controle completo dele. Por isso que trabalhamos com a estratégia de monitoramento para evitar os acidentes”, afirma.
Prevenção
O escorpião é um animal peçonhento, pois tem a produção do veneno e capacidade de inocular na presa. No caso dos acidentes em humanos, é por meio do ferrão que o veneno é injetado.
Em Maringá, o escorpião amarelo é encontrado há mais de uma década. Para o gerente do Centro de Controle de Zoonozes, Vetores e Pragas Urbanas, Eduardo Alcantara Ribeiro, todos os anos é percebido um aumento no número de reclamações e índice de acidentes. “Isso se deve a capacidade dele se adaptar ao ambiente urbano. A principal espécie de escorpião encontrado na cidade é o amarelo Tituys serrulatus, existindo também outras espécies em menor proporção. O escorpião preto também é encontrado, com várias espécies diferentes, mas que podem ser encontradas geralmente nas áreas de bosques e matas, não sendo comum em casas. Eles não representam uma ameaça em saúde pública, pois a picada do escorpião preto é dolorida, mas não está associada para as reações graves que podem ocorrer na picada do escorpião amarelo.”
Com isso, o escorpião amarelo conseguiu se adaptar de uma maneira em que ele consegue se alojar em locais inacessíveis muitas vezes por controle químico. “Nem sempre a aplicação de veneno é 100% efetiva, porque o veneno não chega no local adequado da fissura do piso onde o escorpião está. Se estiver alojado em galerias de esgoto, de águas de chuva e em encanamentos, a aplicação de venenos em larga escala pode causar problemas ambientais graves, pois o veneno vai seguir o fluxo da água até chegar nos rios, córregos. É por isso que o Ministério da Saúde não recomenda o uso em saúde pública do veneno para controlar o escorpião, mas dentro das residências, os munícipes podem utilizar. Existem venenos aprovados para isso e é recomendado que empresas licenciadas para essa atividade façam o serviço, porque não adianta só passar o veneno, é importante que todas as medidas ambientais de segurança sejam feitas antes da aplicação para ter um melhor efeito”, salienta Rbeiro.
Entre as medidas ambientais de segurança estão desde a de colocar telas nos ralos, visto que nos períodos de escassez de chuva ou excesso, o escorpião pode procurar abrigos em outros locais, como por exemplo, em instalações hidráulicas, aparecendo em banheiros, lavanderias, em áreas de serviços das residências. Outra forma de prevenção é colocar sacos de areia ou outros dispositivos em soleiras das portas, de modo que impede a entrada de insetos, assim como telas nas janelas. Nas áreas onde têm maior incidências de escorpiões, é importante não deixar roupas jogadas no chão, o calçado fora de casa e o lençol da cama encostar no chão. Assim, o escorpião vai procurar áreas de abrigo geralmente em locais que tenham umidade.
Tratamento
A picada de um escorpião é bem dolorida, mas nem sempre dá para ser diferenciada da de outros insetos. Apenas um médico vai poder vai fazer a avaliação pelo histórico e pelos sintomas, para poder chegar em uma conclusão. É recomendado procurar uma unidade de saúde o mais rápido possível, principalmente se forem crianças, pois estão sujeitas em reações mais sérias. Geralmente, não é necessário a aplicação do soro.
“Em Maringá são atendidos cerca de 200 acidentes de escorpião por ano, sendo que uma parte muito pequena, de dois a três casos precisam do soro. O médico faz o acompanhamento do paciente, fazendo um tratamento assintomático. Somente se necessário, faz a aplicação do soro”, destaca o gerente Centro de Controle de Zoonozes, Vetores e Pragas Urbanas, Eduardo Alcantara Ribeiro.
Fui picado, o que devo fazer?
A pessoa deve no máximo lavar a região com água e sabão e procurar o atendimento médico imediatamente. Se caso for identificado o escorpião, é preciso recolhê-lo e levá-lo para a unidade de saúde, para que possa ser confirmado o acidente. Se isso não for possível, existem sintomas característicos em que vão ajudar o médico identificar.