O mês da prematuridade busca trazer a tona, incentivar a prevenção e mostrar também que os bebês são verdadeiros guerreiros. O Sistema de Saúde como um todo procura verificar o que pode ser feito antes e durante a gestação e também as melhores medidas no cuidado com o bebê já prematuro. Quando se fala de nascidos vivos prematuros a busca é também saber quais fatores de risco havia na gestação, na mulher que teve o parto prematuramente no pré-natal e ainda na pré-concepção. O ambiente para a geração do bebê deve ser saudável, ou seja, as pessoas que decidirem serem pais têm que se preparar e se preciso, mudar os hábitos.
ORIENTAÇÕES
Ter alimentação saudável, não ter vícios, dosar e repor vitaminas são as principais orientações para uma boa gestação. Organismos com deficiências, mulheres fumantes, que ingerem bebidas alcoólicas ou que utilizem drogas, e ainda, vivam com estresse elevado em casa e trabalho, são fatores que irão influenciar negativamente na gestação do bebê, sendo grandes causadores de partos prematuros. Por isso o pré-natal é ponto chave para se ter a melhor gestação possível, com exames de urina e acompanhamento corretos.
ATENDIMENTO
A qualquer momento podem nascer bebês prematuros. Com isso a preparação e atenção a prematuridade é ininterrupta para atender aos nascimentos adiantados, seja de mães já internadas para cirurgia de urgência ou que cheguem até o hospital, vindas de outros locais. Há casos também que o atendimento é feito na ambulância em meio à transferência da gestante.
A Pediatra e Neonatologista Talita Tolentino Ronqui, plantonista na UTI neonatal do Hospital Universitário de Maringá (HUM), explica que o trabalho e monitoramento está sempre apto, desde equipe treinada, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, equipe da obstetrícia que vai fazer o parto, os equipamentos e os materiais para receber o bebê, como berço aquecido, até equipamentos de reanimação se precisar, etc. “O bebê, quanto mais prematuro ele for, maior chance de precisar de uma reanimação, que seria os procedimentos que o médico vai ter que fazer para que ajude o bebê que nasceu antes da hora, fazer essa transição do intraútero para o extra útero”.
DEPOIS DO NASCIMENTO
A partir do momento que o bebê nasce, tudo que ele vivia dentro da barriga da mãe muda. O pulmão que até então vivia cheio de líquido, crescendo e ainda com a alimentação da criança por cordão umbilical ganha uma nova realidade após conhecer a vida aqui fora. Neste processo as equipes de atendimento, antes, durante e após o parto tem papel fundamental para realizar os procedimentos corretos e imediatos. “Não dá tempo de pensar ou discutir, o nascimento é algo agudo e instantâneo, a gente tem que fazer o que é preciso na hora”, destaca a Pediatra.
Existe um programa de Reanimação Neonatal que faz parte da Sociedade Brasileira de Pediatria que segue diretrizes da Sociedade Americana de Pediatria e da Sociedade de Reanimação Neonatal Americana, assim como também existe em outros países. O intuito do programa é a formação de instrutores para trabalhar nas regionais de saúde e hospitais como na região de Maringá e dar cursos e treinar profissionais. “Esse programa visa o treinamento da equipe, para que todos estejam conscientes do que tem que ser feito no atendimento desses prematuros”, salienta a Talita.
TRABALHO DE REANIMAÇÃO
É necessário no mínimo cinco pessoas capacitadas para fazer o procedimento, demandando muitas vezes, cuidados maiores em relação a reanimação de uma pessoa adulta. A partir do momento em que o bebê nasce apresentando dificuldades, já se faz necessário a ventilação, entubação, massagem cardíaca, aplicação de medicamento pelo cordão umbilical, entre outros, para ajudar esse recém-nascido sobreviver. Na reanimação neonatal usa-se o termo, ‘minuto de ouro’ (o primeiro minuto de vida) momento que o bebê é atendido, fazendo a diferença para o resto da vida dele. “Ele é um ser imaturo, o cérebro, o coração, a pele, o estômago, o organismo todo não estava pronto, então esse bebê precisa da nossa ajuda para de alguma forma dentro das condições dele, continuar sobrevivendo fora do útero, onde era o lugar teoricamente perfeito”, afirma a profissional.
PREMATUROS GUERREIROS
A prematuridade enfrenta a internação em UTI, ventilação por um longo período que vai inevitavelmente lesionar o pulmão, riscos de infecções devido a imunidade baixa e também por estar em ambiente hospitalar. Tudo isso faz dos bebês prematuros, verdadeiros guerreiros, é o que comenta a neonatologista. “Um adulto quando tem alguma doença ou sofre algum acidente, eles já são seres humanos que estavam prontos. O nascimento precoce faz com que além de não ter um organismo totalmente formado, eles ainda tenham que lidar com os riscos que o nascimento prematuro vai gerar. São pequenos seres que conseguem lutar pela vida, minuto a minuto”.
Talita frisa também que o prematuro é um ser único, individual, com as suas particularidades que demanda muito conhecimento. “Na neonatologia eu sempre falo, “menos é mais”. Com prematuros você tem que saber a hora de parar, de deixar o bebê quietinho, saber a quantidade que ele pode receber de soro, de leite, de antibiótico, porque tudo é pequeno, tudo é pouquinho, mas pra ele, um pouquinho a mais faz muita diferença e isso que é muito fascinante para quem trabalha com os prematuros. São seres pequenos e fortes ao mesmo tempo”.
O ideal é que os prematuros, (principalmente de até 34 semanas) já nasçam em hospitais de maior complexidade, que tenham UTI Neonatal de referência, pois, eles vão necessitar de várias semanas de atendimento com total respaldo.
Dados do DATASUS no 1º semestre de 2023 dos prematuros vivos (até 37 semanas)
Total no Brasil: 124.793
Região Norte: 14.384
Nordeste: 33.854
Sudeste: 47.995
Sul: 17.261
Paraná: 6.768
Maringá: 504