O Paraná está entre os Estados em que casos ligados ao sorotipo 3, o DENV3, dispararam, assim como são Paulo, Minas Gerais e Amapá. Avanço da transmissão acende um alerta para o serviço de saúde de todo o país após um ano já marcado por recordes de diagnósticos, como foi 2024.
OMinistério da Saúde envia, nesta semana, equipes técnicas para os quatro Estados para apoiar ações locais no controle das arboviroses. A missão busca fortalecer a vigilância epidemiológica, a assistência à população e a reorganização dos serviços de saúde.
A ação de vigilância é parte dos esforços do Ministério da Saúde para o controle da dengue e ouras arboviroses – antecipando atividades de prevenção para o período sazonal da doença. Em 9 de janeiro, em Brasília, a ministra Nísia Trindade anunciou a instalação do Centro de Operações de Emergência (COE) para Dengue e outras Arboviroses para acompanhar a situação em todo o país. Na oportunidade, ela também divulgou novo plano de contingência para ampliar medidas, preparar rede assistencial e conter avanço de casos.
Metade dos Estados com mais casos de sorotipo 3 estão em fronteiras
Dados do Ministério da Saúde mostram que esse crescimento foi mais evidente nas últimas semanas de dezembro de 2024, quando o chamado sorotipo DENV3 começou a se espalhar de forma mais significativa, representando 31,8% dos casos no Amapá, 28,7% em São Paulo, 18,2% em Minas Gerais e 9,3% no Paraná.
O Paraná registrou 655.488 casos prováveis de dengue em 2024. Em menos de duas semanas de 2025 foram notificados 1.327 casos. Foz do Iguaçu é o município que registrou mais casos até o momento: 15.611 notificações em 2024 e 91 casos prováveis de dengue até o momento em 2025.
São Paulo, Minas Gerais, Amapá e Paraná são os Estados que lideram a circulação do DENV3, que tem mostrado um crescimento preocupante em comparação com os outros sorotipos predominantes, como o DENV1 e o DENV2.
Dos quatro Estados brasileiros que neste início de ano apresentaram mais casos de sorotipo 3, dois fazem fronteiras com países vizinhos. O Amapá, na região amazônica, faz fronteira com Suriname e Guiana Francesa, enquanto o Paraná faz fronteira com o Paraguai. As autoridades ainda não informaram se isto tem alguma influência no aumento de casos do DENV3.
O avanço do DENV3 preocupa as autoridades de saúde porque pode levar a um cenário alarmante, com um aumento expressivo no número de casos em um curto prazo. E tudo isso após um ano já marcado por recordes de diagnósticos, como foi 2024.
“O aumento dos casos de dengue 3 chama a atenção porque grande parte da população é suscetível, já que o vírus circulou em níveis baixos nos últimos anos e por causa disso, muitas pessoas não desenvolveram imunidade contra esse sorotipo”, explica a professora da USP Maria Anice Mureb Sallum, que atua na área de taxonomia e ecologia de mosquitos vetores de agentes infecciosos há mais de 45 anos.
“Agora, com seu retorno, o risco de infecção cresce, enquanto os sorotipos 1 e 2 continuam presentes”, acrescenta.
Quais os sintomas do sorotipo 3?
Os sintomas costumam ser os mesmos para todos os sorotipos da dengue. Mas. nem sempre a infecção apresenta sintomas. O indivíduo pode ter uma dengue assintomática ou ter um quadro leve.
E é preciso ficar atento se a pessoa tiver febre alta (39ºC a 40ºC), de início repentino, acompanhada por pelo menos outros dois sintomas:
- Dor de cabeça intensa
- Dor atrás dos olhos
- Dores musculares e articulares
- Náusea e vômito
- Manchas vermelhas no corpo
- O Ministério da Saíde alerta ainda que é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados ao apresentar possíveis sintomas de dengue.
“A maioria das pessoas tem a forma clássica da doença. Uma pequena porcentagem é que tem a forma grave, que pode levar à dengue hemorrágica”, explica a infectologista Rosana Richtmann.
A forma grave é a que preocupa. Após o período febril, o indivíduo deve ficar atento aos sinais de alarme:
- Dor abdominal intensa e contínua
- Vômitos persistentes
- Acúmulo de líquidos em cavidades corporais
- Sangramento de mucosa
- Hemorragias
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