Assessoria
A Cocamar Cooperativa Agroindustrial e três associações de municípios da região noroeste do Paraná acabam de formalizar acordo para a criação de uma Rede Colaborativa inédita no país, por meio da qual pretendem obter mais assertividade nos prognósticos de previsão do tempo e análises climáticas e, assim, contar com uma ferramenta para auxiliar gestores públicos na programação de obras, orientar produtores rurais no planejamento de suas lavouras e apoiar a defesa civil no monitoramento de eventos extremos, entre outros fins.
Na manhã dessa quarta-feira, 24, estiveram na sede da cooperativa, em Maringá, para a assinatura de um termo de cooperação, os prefeitos Crisogono Noleto e Silva Junior, o Juninho (PTB), presidente da Associação dos Municípios do Setentrião Paranaense (Amusep); Júlio Leite, presidente da Amunpar – Associação dos Municípios do Noroeste do Estado do Paraná; e Agnaldo Trevisan, presidente da Amenorte – Associação dos Municípios do Médio Noroeste do Estado do Paraná. Acompanhados por assessores, eles foram recepcionados por Luiz Lourenço, presidente do Conselho de Administração, Divanir Higino, presidente executivo, Leandro Cezar Teixeira, superintendente de Relação com o Cooperado, Renato Watanabe, gerente executivo técnico e Leonardo Dante, coordenador técnico da Rede Colaborativa.
Envolvendo inicialmente 60 municípios em um raio de 16,5 mil quilômetros quadrados, a Rede é uma inovação proposta pela Cocamar, que há cinco anos trabalha com serviços avançados de pós-processamento de dados de previsão do tempo. Entre as maiores em seu setor no estado, a cooperativa já possui uma rede com 55 estações meteorológicas instaladas em propriedades de produtores cooperados e espalhadas por várias regiões. A isso foi somada uma tecnologia suíça de pós processamentos dos dados coletados nas estações, fornecida pela Meteoblue, que permite alcançar índices de assertividade superiores a 80% nos prognósticos de curto prazo.
Monitoramento eficaz em outros países
Por meio desta tecnologia, os usuários vão ter acesso a um leque de imagens e dados mais confiáveis, que vão ser disponibilizadas no site da cooperativa, das prefeituras e em um aplicativo. “É dessa forma que são monitoradas as tempestades e as oscilações climáticas nos Estados Unidos e Europa”, mencionou o presidente executivo Divanir Higino, ao informar ainda que o sistema possibilita um acompanhamento “ao vivo” com atualização a cada 15 minutos e infere positivamente nos cálculos de previsão de até 14 dias.
“A Cocamar tem como objetivo ajudar a desenvolver as regiões e, por meio dessa Rede Colaborativa, teremos informações estratégicas e de qualidade a serviço dos usuários no campo e nas cidades”, citou Higino. Ele explica que “não se trata de um serviço meteorológico comum e, sim, a implantação de uma sofisticada estrutura ainda não existente no Brasil e na América Latina, capaz de elevar o nível de informações nessa área a um novo patamar”.
Informação importante no planejamento
A ideia, segundo Luiz Lourenço, é difundir esse sistema também junto a outras cooperativas, por meio da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), empresas e sensibilizar o governo do Estado, “dada a importância dessa previsibilidade para a segurança da população e levando em conta que a agricultura é o carro-chefe da economia estadual”.
“Na agricultura, o sistema vai auxiliar o produtor no seu planejamento. Se a expectativa for de chuvas em uma semana, por exemplo, ele remaneja seu calendário de maneira a evitar possíveis perdas e aproveitar o momento mais favorável”, observou o superintendente Leandro Cezar Teixeira.
“A Rede Colaborativa vai ser uma malha de dados auditáveis, que irá auxiliar em ferramentas importantes para os produtores como o seguro rural”, destacou o gerente executivo técnico Renato Watanabe.
“O sistema funciona como um radar meteorológico com visão três horas à frente, acompanhando a movimentação de nuvens e chuvas e as informações são processadas em supercomputadores da Meteoblue na Suíça”, acrescentou Watanabe, reforçando que a iniciativa vai impactar diretamente na gestão municipal, beneficiando os habitantes da região – população urbana e produtores rurais – com dados e alertas mais precisos.
Associações de municípios apoiam iniciativa
O coordenador técnico da Rede, Leonardo Dante, disse que o programa se desenvolve em quatro etapas: a primeira, as implantações da plataforma nos municípios; a segunda, prevê um estudo técnico dos pontos de monitoramento; a terceira, será a implantação da rede de estações; e, quarta, a configuração e a ativação do pós-processamento, por meio de Nowcasting. Os municípios participam apoiando a rede colaborativa e contratando a mesma plataforma de monitoramento com serviços avançados de satélite e pós-processamento dos dados da rede por uma inteligência artificial (IA) multimodelo.
“Poder antecipar providências antes da ocorrência de possíveis catástrofes é o que precisamos como gestores públicos”, afirmou Juninho, presidente da Amusep e prefeito de Itaguajé, lembrando que os agricultores, em especial, têm muito a ganhar com isso. Ele aproveitou para parabenizar a Cocamar pela iniciativa.
Para o presidente da Amunpar e prefeito de Terra Rica, Júlio Leite, o sistema vai proporcionar, também, mais segurança aos turistas que frequentam as praias de água doce, como as de Porto Rico, recordando que há algum tempo uma tempestade trouxe pânico e deixou pessoas ilhadas. “Podemos emitir alertas sobre uma eventual mudança climática”, frisou, ao citar que seu município, propício a eventos com voo livre envolvendo participantes de várias regiões brasileiras e até de países vizinhos, terá como informar esse público antes que o mesmo se desloque até lá.
“Esse modelo vai fazer a diferença”, observou o presidente da Amenorte e prefeito de São Manoel do Paraná, referindo-se principalmente ao planejamento das atividades no campo. “Vamos ter mais confiabilidade nos dados meteorológicos, ajudando a agricultura, a defesa civil local e, em resumo, melhorando as condições de vida do nosso povo”.
Após estudo do terreno a cargo de uma equipe técnica, os municípios se comprometem ainda a integrar novos pontos de monitoramento à Rede, ou seja, entre 2 a 4 estações em cada qual. O objetivo, na área de 16,5 mil quilômetros quadrados da rede, é contar com 200 estações e só a Cocamar se encarregou de integrar 35 pontos de monitoramentos.
A expectativa é que, com a adesão das associações, o serviço esteja 100% ativo em setembro, mês em que inicia a semeadura da próxima safra de verão, e antes do período de chuvas normalmente mais intensas.
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