A Palavra de Deus aponta muitos exemplos de retorno para casa. Todas as pessoas desejam usufruir de um lar aconchegante, seguro, acolhedor.
Na vida laboriosa numa fábrica, numa empresa, no comércio, numa instituição de ensino, enfim, em todos os âmbitos da vida humana, queremos segurança e bem-estar.
A missão de Jesus Cristo, que percorreu em diversas esferas da vida humana, aponta os caminhos que constroem a solidez de um lar confortador.
Na história humana, os relatos bíblicos registram momentos da intervenção divina, em vista da falta de honestidade e de equilíbrio humano do povo a caminho das promessas da felicidade. As invenções criativas que geram bem-estar têm seu custo de ação coerente, ativo, inteligente, regado de um humanismo fértil em suas relações fraternas. “Vai, desce, pois corrompeu-se o teu povo, que tiraste da terra do Egito. Bem depressa desviaram-se do caminho que lhes prescrevi” (Ex 32,7-8). Os ídolos deste mundo são enganosos: “Fizeram para si um bezerro de metal fundido, inclinaram-se em adoração diante dele e ofereceram-lhe sacrifícios” (Ex 32,8). A intervenção divina foi oportuna para que o povo voltasse ao redor de sua palavra e escutasse a sua mensagem.
A verdadeira educação nasce de pais que buscam construir relações seguras e maduras no acompanhamento dos filhos que nascem, crescem, experimentam a solidez de uma vida amadurecida. “Por isso encontrei misericórdia, para que em mim, como primeiro, Cristo Jesus demostrasse toda a grandeza de seu coração; ele fez de mim um modelo de todos os que crerem nele para alcançar a vida eterna” (1Tm 1,16).
Os publicanos e pecadores viviam criticando Jesus. Nada lhes era agradável. Jesus insiste nos ensinamentos de acolhimento e de recolhimento. Muitos lares estão arrebentados pela estupidez criada pela falta de reconhecimento, cuidado e acolhimento. Além do mais, pelo abuso, desorientação e vícios desagregadores que destroem ambientes de convivência digna e fraterna.
Para responder às críticas recebidas em seu tempo, Jesus conta diversas parábolas. Todas elas servem para os nossos dias. A parábola do Filho Pródigo (Lc 15,11-32) é uma história clássica também para os dias de hoje. Quando vivemos uma sociedade desagregadora, condicionada pela força do ódio, de mentiras, de politicagens sedutoras, enganosas, a figura do pai da parábola revela uma postura de acolhimento, de inclusão. É preciso vivenciar no lar, não basta estar dentro da casa, é preciso aprender a conviver. Por isso, no relato, o filho mais velho, que julgava ser bom filho, não estava inteiro com o pai, e, embora até pareça ser um bom trabalhador, falta-lhe um coração generoso, acolhedor, sensível à vida. Infelizmente, todo o seu trabalho e empreendimento não serviu para nada. Perdeu a festa.
A festa é a dimensão necessária na vida humana que exige trabalho, envolvimento, ação coerente, sensibilidade, jeito humano de ser e saber acolher e cuidar. Posturas silenciosas, cobertas de esperança, fé, equilíbrio nas relações humanas, acolhe o filho mais perdido, abandonado, arrependido, que recebe com constrangimento o convite do pai para mudar de roupagem, banhar-se, purificar-se, jogar para fora as sujeiras causadas pelo desejo de sair de casa e levar uma vida desregrada à moda do mundo da perdição e do pecado.
Todo pai bondoso, gerador de vida autêntica com fé e tantas vezes com dor, está sempre pronto para acolher o filho perdido e fazer a festa da inclusão, da alegria, da dignidade, do jeito como Deus gosta.
Que a Palavra de Deus nos estimule a acolher e cuidar dos que estão conosco e os que buscam uma nova oportunidade na vida.