Com a proximidade do final do ano, as atenções voltam-se ao desejo de féria e festas de final de ano. Liturgicamente, estamos mais próximos, eis que no próximo domingo, celebraremos a solenidade do Senhor, Rei do Universo. Coroa-se o término do ano litúrgico, iniciaremos o tempo do advento, à espera da vinda do Senhor.
A nossa reflexão tem um ar de despedida, chegada de um novo tempo. Aguardamos um novo começo, uma nova energia para refrescar nossos sentimentos, sensibilidade e relações fraternas. Somos impulsionados a elaborar projetos, planejamentos nas mais diversas áreas existentes para o novo ano. Desejamos prosperidade, avanço na área econômica, sucesso nos empreendimentos. Sem planejamento e ousadia não avançamos nos sonhos e nas atividades, inclusive na manutenção do trabalho que garante o sustento da família e dos próprios empreendimentos.
O profeta Daniel alerta-nos sobre os tempos que hão de vir: “Muitos dos que dormem no pó da terra, despertarão, uns para a vida eterna, outros para o opróbrio eterno. Mas os que tiverem sido sábios, brilharão como o firmamento; e os que tiverem ensinado a muitos homens os caminhos da virtude, brilharão como as estrelas, por toda a eternidade” (Dn 12,2-3).
A espiritualidade cristã enriquece a pessoa com sentimentos de pertença, atitude enriquecedora que fortalece a alma e a mente das pessoas rumo a um novo humanismo neste mundo perdido pelas falsas notícias e dissimilação do ódio, da divisão e da exclusão na sociedade. A perda do senso comum e do valor da vida empobrece as pessoas, tornando-as instrumento do materialismo enganador e explorador.
Na carta aos Hebreus, a virtude do perdão enobrece a alma humana, devolvendo a sensibilidade de pertença a Deus, caminho do amor absoluto e incondicional. “Ora, onde existe o perdão, já não se faz oferenda pelo pecado” (Hb 10,18). A superação de ritos vazios é transformada na alegria do perdão, caminho contundente para o amor incondicional. Insistir no exercício do caminho com amor, coloca o pensamento e busca natural para uma vida madura e equilibrada, nela não faltará nada, pois o Senhor de todos os tempos conduz, anima, completa na vida humana a paz geradora de amor e justiça.
O Evangelista Marcos escreve a figura dos novos tempos, “quando os ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto” (Mc 13,28). Sinais acompanham o nosso dia a dia em todos os dias do ano. A natureza é exuberante para mostrar em que tempo vivemos em cada época do ano. Oportunidade para coadunar nossos comportamentos na busca da transformação e comunhão com a ordem natural para vida desabrochar e renovar-se constantemente. “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão” (Mc 13,31). O exercício da oração, diálogo, reflexão, ouvir a Palavra de Deus, estar atento ao que a Igreja ensina, propõe e convoca, coloca as pessoas na certeza da verdade, da vontade de Deus.
“O discernimento não é necessário apenas em momentos extraordinários, quando temos de resolver problemas graves ou quando se deve tomar uma decisão crucial; mas é um instrumento de luta, para seguir melhor o Senhor” (Gaudete et Exsultate, n, 169). O Papa Francisco na exortação sobre o chamado à Santidade no mundo atual, atualizada e convoca-nos para o olhar de ternura às pessoas que estão ao nosso redor. Nova postura, revela novos tempos, edifica-nos para a construção de um novo mundo construído sobre a escuta à vontade de Deus, converter-se pessoalmente, estar pressente na vida eclesial e social com sensibilidade evangélica, o caminho que nos conduz para os braços amorosos de Deus nosso Pai.
A Palavra reta e fiel, fortalece na vida do cristão a percepção que pertencemos a Deus.