Os três da Lava-Jato

Vamos falar sobre o trio da Lava Jato, composto por Deltan Dallagnol, Sergio Moro e Rodrigo Janot.

Essas figuras icônicas desempenharam um papel importantíssimo durante os desdobramentos da ‘Operação Lava-Jato’, que foi renomeada por alguns de seus algozes como ‘Vaza-Jato’.

A operação teve como seu principal objetivo o combate à corrupção, tão enraizada em nosso país e que tantos males causou e vem causando a toda população. Sim, as investigações realizadas desmontaram esquemas sofisticados de corrupção que envolviam desde particulares até políticos de alto escalão.

Muito se fala sobre os vícios processuais cometidos no âmbito da operação, como por exemplo quando o então juiz Sérgio Moro determinou a condução coercitiva do ex-presidente Lula para prestar depoimento junto à Polícia Federal de forma contrária ao disposto na legislação processual penal. Esse alegado vício procedimental foi objeto de discussão e análise por parte dos órgãos competentes, não cabendo a este colunista tecer outras considerações a respeito.

O que realmente me causa certa preocupação é o fato de, agora, os protagonistas desta grandiosa operação terem abandonado os seus cargos no Judiciário e no Ministério Público para ingressarem na política.

Sergio Moro, na minha opinião, errou ao sair da magistratura após 22 anos de dedicação ao Judiciário pelo simples fato de agir e decidir contra os interesses dos donos do poder. Apesar de ter declarado publicamente que não tinha interesse em se tornar político, o ex-juiz anunciou sua filiação ao Partido Podemos, de Alvaro Dias (sua filiação está marcada com um grande evento dia 10.11).

Já Deltan Dallagnol, meu conterrâneio do sudoeste do Paraná, teve uma carreira de 18 anos como procurador da república pelo MPF (Ministério Público Federal), e ganhou destaque no cenário nacional e internacional como palestrante sobre a grande operação que condenou empresários importantes e políticos do País, inclusive o ex-presidente e ex-presidiário Lula. Aliás, tive a oportunidade de assisti-lo em Francisco Beltrão/PR.

Já o Rodrigo Janot, ex-Procurador Geral da República, teve uma vida de altos e baixos emocionais como descreve em seu livro, Nada Menos que Tudo, inclusive relata que já pensou em matar o Gilmar Mendes, o ministro da corte, e por isso, até hoje é impedido de se aproximar do STF (Supremo Tribunal Federal).

É de se estranhar que tais servidores públicos, no alto de seus privilégios, estabilidade e excelente remuneração, decidam simplesmente abandonar seus cargos e se aventurar num mundo completamente novo e permeado pela incerteza decorrente do sistema eleitoral vigente, a ver pela utilização das urnas eletrônicas.

Mas há algo em comum entre essas 03 figuras: a ânsia pela transformação do cenário político brasileiro e a erradicação de todas as formas de corrupção. E tais objetivos, infelizmente, eles não conseguiram concretizar dentro da máquina do Poder Judiciário. Até tentaram, mas foram brutalmente silenciados pelo próprio sistema. Moro, por exemplo, teve suas decisões confirmadas pelo TRF4 e pelo STJ, mas completamente reformadas pelo STF. E aí, a quem recorrer? Dallagnol teve processo administrativo pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) abertos contra si, inclusive sofreu sanção disciplinar por criticar o senador Renan Calheiros.

É claro que, como deputado federal, presidente da república e senador, estes três combatentes terão autonomia e respaldo direto da população para atuarem contra a corrupção, mas até chegarem lá há um longo caminho a ser percorrido, o qual não é isento de dificuldades, a ver pelas urnas eletrônicas…

O importante é que o novo vem aí, e não falo do partido, pessoas inegavelmente capacitadas e com boas intenções. A velha política, gradativamente, vai ir perdendo espaço. Só temos a ganhar.

 

 

 

 

 

 

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