Sergio Moro: lado B

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Hoje, (10) não se falou de outra coisa a não ser do ato de filiação do ex-juiz Sergio Moro ao ‘Podemos’, realizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

Desde que abandonou a sua carreira na Magistratura Federal e assumiu o cargo de Ministro da Justiça e Segurança Pública, Moro já dava sinais de que não pararia por ali, afinal, como Juiz, estava acostumado a ser um ‘deus’, mas, como Ministro, estava submetido à liderança do presidente Jair Bolsonaro.

Por mais que anunciasse aos quatro ventos, inclusive na grande mídia, que sua relação com o Governo Federal era excelente, era evidente que sua participação nos quadros da administração pública não seria frutífera, considerando a existência de projeto político próprio e independente por parte de Moro, revelado mais claramente no dia de hoje, mais um sinal que sua biografia sempre foi o que lhe impulsionou.

Devo admitir que no primeiro minuto de fala quase não reconheci o marreco, pois falava grosso, de maneira firme e pausada, típico de um grande político-orador, porém, do minuto dois em diante, mesmo com a roupagem de marketing e com a fonoaudióloga em dia, nos finais da frase o pato sempre aparecia. Ó até rimou.

O que foi chamado “ato de filiação” para mim pareceu mais um comício, a começar pelo slogan “Um Brasil Justo para Todos”, que em muito se assemelha aos slogans do ex-presidiário Lula “Brasil: um país de todos” ou da Dilma, quando afirmava “Brasil país rico é país sem pobreza”. A semelhança com a bandeira progressista pode ser mera coincidência, decorrente da falta de criatividade, ou um sinal claro de alinhamento de Moro à ala da esquerda. Isso só o tempo dirá.

Sim, porque se espremermos bem todo o longo discurso de hoje não sai nada de novo. Inclusive o partido Novo tem mais novo do que o novo de Moro. O mais do mesmo. Aliás, foi engraçada a utilização dos termos “brasileiros e brasileiras” e “meus amigos e minhas amigas”. Apenas alguns pontos da fala do Moro merecem destaque e são justamente aqueles onde se autoafirma como sendo o paladino da justiça.

Moro voltou a afirmar que não teve apoio do presidente Bolsonaro quanto às pautas anticorrupção, porém, no programa ‘Pânico’, afirmou em 27.01.2020[1], que “Vou apoiar o presidente Jair Bolsonaro, ele quer a reeleição”, afirmou. “O presidente está dando apoio às políticas da pasta [de Justiça e Segurança Pública]. Ele está honrando o compromisso que assumimos juntos”.

Ainda, o ex-juiz alegou que resolveu deixar o Governo Federal, pois jamais renunciaria aos seus princípios, no entanto, o agora político esqueceu de comentar sobre o fato de ter aceitado emprego na empresa que presta consultoria para ODEBRECHT, cujos proprietários foram condenados, vejam, pelo próprio Moro. Seria isto moral e justo?

O ex-ministro também trouxe à tona o desemprego que vem crescendo desde o governo do PT, ou seja, bateu em chico e em Francisco, a fim de assentar sua posição como a terceira via. Mas que discurso fraco! Eu esperava mais de um ex-juiz federal, com mestrado e doutorado.

Mesmo ao tratar dos assuntos mais importantes e sensíveis para o Brasil, Moro não conseguiu demonstrar um pingo de credibilidade, firmeza e autenticidade, tanto que de antemão contratou um animador de plateia para puxar os aplausos quando das pausas programadas em seu discurso, que com delay, parecia um programa de auditório.

Já se encaminhando para o final do comício, Moro afirmou que suas únicas armas serão a verdade, a ciência e a justiça, rechaçando qualquer tipo de agressividade ou discriminação. Ainda, elencou uma série de atos concretos que pretende realizar enquanto político, dando a entender que já é candidato a alguma coisa, o que, a meu ver, pode violar a legislação atinente ao direito eleitoral, mas isso não cabe a mim dizer.

Por fim, na leitura que faço, falta a Moro personalidade, genuinidade e propósito. Depois de Bolsonaro, acho difícil, até improvável, que a população brasileira compre esse discurso insosso e fajuto. Aguardemos.

[1] Vide:

Imagem:

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