Desclassificação de obras em categorias visuais marca lista de indicados do 65º Prêmio Jabuti

Página de “A infância do Brasil”, na edição da Nemo (Crédito: Reprodução)

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Desde que os semifinalistas da 65ª edição do Prêmio Jabuti foram divulgados, no dia 9 de novembro, o que tem chamado atenção na mídia é o anúncio de obras desclassificadas. Até o momento, três delas foram eliminadas da lista, todas em categorias visuais.

Uma foi cercada de polêmicas. Publicado pelo Clube de Literatura Clássica, o romance “Frankenstein”, de Mary Shelley, concorria na categoria Ilustração, pelo trabalho de Vicente Pessôa.

Mas o problema é que esse designer usou ferramentas de inteligência artificial para criar as cerca de 50 artes que ilustram a edição.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, Pessôa, o ex-semifinalista, “afirmou não ter exposto ao comitê organizador que usou IA na confecção da arte porque não foi instado a fazer isso, mas ressaltou que isso foi amplamente divulgado no lançamento da edição, publicada pelo Clube de Literatura Clássica no ano passado”.

O diário paulistano cita que o designer e o gerente editorial José Lima fizeram uma live de uma hora e meia no canal da editora mostrando o processo tecnológico por trás da versão final do livro.

Desse modo, a Câmara Brasileira do Livro, que organiza o prêmio Jabuti, desclassificou o livro. Continuam como indicados na categoria os ilustradores André Neves, Bruna Ximenes, Cris Eich, Daniel Kondo, Fayga Ostrower, Fran Matsumoto, Letícia Lopes, Odilon Moraes e Rogério Coelho. E entrou Bruna Lubambo pela obra “O centauro e a sereia” (ed. Elo).

Crédito: Reprodução

Já na categoria Histórias em Quadrinhos, outra que envolve artes visuais, o que pegou foi o ineditismo. Duas obras saíram da lista de semifinalistas porque não eram inéditas. Segundo o regulamento, os títulos precisam ser publicados pela primeira vez entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2022.

É o caso de “A infância do Brasil” (ed. Nemo), do paranaense José Aguiar, que fora publicada apela editora Avec em 2017, após se destacar em um projeto multimídia.

Naquela época, a HQ de Aguiar havia sido finalista do Jabuti de 2018, vencido por “Angola Janga”, de Marcelo D’Salete. O material do paranaense já venceu os prêmios LeBlanc e Minuano de Literatura; e o Troféu HQ Mix, na categoria Adaptação para outras linguagens.

A edição da Nemo lançada em 2022 é uma versão ampliada para uma narrativa que perpassa 500 anos de Brasil, contando as mazelas sociais e violência vividas pelas crianças brasileiras.

Em suas redes sociais, Aguiar se pronunciou, dizendo que a princípio ficou surpreso ao saber da indicação de “A infância do Brasil” entre os semifinalistas do 65º Prêmio Jabuti. Principalmente pelo fato de que havia concorrido em 2018 por outra editora.

“Foi uma surpresa empolgante, claro! Mas a regra do prêmio aceita apenas obras inéditas e outra HQ ficou com a vaga na disputa do prêmio. Nada mais certo. E eu estou bem com isso. Afinal, que obra teve DUAS comissões diferentes no Jabuti a elegendo como uma das melhores do ano? Para mim isso é um endosso duplo do maior prêmio literário nacional. Não é pouca coisa”, escreveu.

Crédito: Reprodução

Indivisível
A outra obra desclassificada do Jabuti 2023 é “Indivisível” (ed. Conrad), de Marília Marz. Segundo a Folha de S.Paulo, o motivo é que essa HQ saiu primeiro em edição digital pela mesma editora em 2020. O prêmio considera obras em primeira edição “aquelas que nunca tenham sido publicadas no Brasil, em formato de livro, impresso ou digital, e que disponham de ISBN e ficha catalográfica emitidos no Brasil”.

“Indivisível” é o resultado do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Marília Marz realizado em 2017. O quadrinho explora e discute a cultura negra e leste asiática presentes no bairro da Liberdade, em São Paulo, mostrando como antigamente ele era ocupado por escravos do século XIX e agora ele é muito conhecido como o bairro da colônia oriental.

Dividido em duas narrativas opostas associadas às culturas negra e leste-asiática, principalmente a japonesa, a obra busca contribuir para o entendimento do processo de construção da identidade do bairro.

Em seu perfil no Instagram, a Conrad prestou seu apoio à Marz. “Acreditamos firmemente no valor excepcional de sua HQ ‘Indivisível’ e na dedicação que ela deposita em cada uma de suas obras”, postou a editora, que diz ainda que esse quadrinho foi votado e ficou entre os melhores do Jabuti, a despeito da desclassificação.

“‘Indivisível’ é uma HQ incrível que todos deveriam conhecer e encorajamos todos os apreciadores de quadrinhos a continuarem apoiando e celebrando o talento único da Marília”.

Crédito: Reprodução

HQ
A curadoria do Jabuti já informou os autores da desclassificação e a relação de semifinalistas da categoria Histórias em Quadrinhos foi atualizada no site da premiação.

Assim, a lista é a seguinte:

Título: A batalha | Autor(a): Eloar Guazzelli, Fernanda Verissimo | Editora(s): Quadrinhos na Cia

Título: A Coisa | Autor(a): Orlandeli | Editora(s): Gambatte

Título: Andei por entre as frestas e te trouxe flores, pedras e algumas miudezas | Autor(a): Paulo Crumbim | Editora(s): Mino

Título: Barrela | Autor(a): João Pinheiro, Plínio Marcos | Editora(s): Brasa Editora

Título: Franjinha: contato | Autor(a): Vitor Cafaggi | Editora(s): Panini Comics

Título: Haya e o Tempo | Autor(a): Janaína de Luca, Pedro Cobiaco | Editora(s): Mino

Título: Mukanda Tiodora | Autor(a): Marcelo D’Salete | Editora(s): Veneta

Título: O fim da noite | Autor(a): Diox, Rafael Calça | Editora(s): Darkside

Título: O Menino Rei | Autor(a): Felipe Pan, Mariane Gusmão, Olavo Costa | Editora(s): Nemo

Título: Triste República: A primeira República comentada por Lima Barreto | Autor(a): Lilia Moritz Schwartcz, Spacca | Editora(s): Quadrinhos na Cia

Finalistas
No total, foram 4.245 obras inscritas para esta edição do Jabuti. Ainda neste mês, no dia 21, às 12h, será feito o anúncio dos 5 finalistas. Todas as informações oficiais são compartilhadas pelo site da premiação (https://www.premiojabuti.com.br/).

Os vencedores das 21 categorias, distribuídas em quatro eixos (Literatura, Não Ficção, Produção Editorial e Inovação), além do Livro do Ano, serão conhecidos em cerimônia no Theatro Municipal de São Paulo, no dia 5 de dezembro.

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