Autor do romance maringaense “Os passos vermelhos de John: ou a invenção do tempo”, Luigi Ricciardi está com novo livro na praça. Trata-se de “O descobrimento do Brasil”, em período de pré-venda pela editora Patuá, estreando na nova casa.
É uma obra no gênero do conto que havia sido publicada em 2018 sob o título “A aspereza da loucura”, por uma editora local, quase uma autopublicação. Mas agora, em 2023, ganha nova edição com os textos reescritos e alguns inéditos que foram acrescentados à edição.
“Pensei que o livro mereceria circular mais. Resolvi mudar algumas coisas que me incomodavam, tirar algumas histórias e incluir outras também. Passei a obra para uma leitura crítica de um escritor e crítico, formado em escrita criativa. Queria uma maior excelência para o livro. Ele me ajudou muito a ver pontos do livro que eu não via. Subiu em qualidade”, diz Ricciardi, em conversa com O Maringá, referindo-se à contribuição de Tiago Germano.
“O livro é dividido em duas partes ‘Nós’ e ‘O eu no mundo’, focadas no coletivo e no individual, respectivamente. Seis contos em cada. Tragédia, violência, trauma, abusos, política, armamento, sexualidade. Todos esses são temas que perpassam a obra”, detalha o autor pé vermelho, explicando que o título da obra é irônico, baseado em uma música da Legião Urbana. “Descobrir um Brasil às avessas, fundado sobre a violência”.
O texto da contracapa é do Luiz Ruffato (de “Eles eram muitos cavalos” e “O Antigo Futuro”, entre vários), um autor consagrado no cenário literário nacional. Inclusive, este diz que são 12 contos sobre “temas caros à sociedade contemporânea – desde a individual descoberta do corpo até o coletivo sentimento de frustração – sem nunca trair aquilo que é o mais relevante para a consecução da literatura: a linguagem”.
Por sua vez, Tiago Germano aponta que Ricciardi vai às raízes da violência. “Para além desse debate, o autor também logra desviar a questão identitária, capciosamente, para um território dentro do domínio da própria literatura: a ficção”, diz.
Confira um trecho de “Port-Au-Prince”, que abre o volume de “O descobrimento do Brasil”:
“Gritos, desesperos, pedidos de socorro. Uma hecatombe. Digby caminhava entre os escombros. A mãe, faxineira no palácio nacional, estaria bem? E o irmão enfermeiro, onde estaria? A cidade não tinha nada de realeza. Porto Príncipe estava devastada depois do terremoto. Porto Príncipe nasceu devastada. Digby se sentia o príncipe dos mortos, esquecido pela morte quando ele também deveria ter sido ceifado. Os corpos dos seus já deveriam, nesse momento, estar em valas comuns”.
Maringá
Londrinense de nascimento, Luis Claudio Ferreira Silva, o Luigi Ricciardi (nome artístico), morou muitos anos em Maringá antes de voltar para sua cidade natal.
Em conversa com a reportagem, ele recorda que passou pela Cidade Canção em dois períodos: de 1987 a 2015; e de 2017 a 2022. “Foram cinco livros de contos enquanto morei em Maringá”, diz, referindo-se à sua produção autoral em solo maringaense.
Em fevereiro do ano passado, Ricciardi voltou para Londrina.
Carreira
Formado em Letras Português/Francês, Luigi é fundador do Universo Francês, onde ministra aulas da língua de Molière. Publicou vários livros de contos antes de lançar “Os passos vermelhos de John: ou a invenção do tempo” (Penalux, 2020), seu primeiro romance.
Foi finalista do Prêmio Sesc 2013 com o romance “Aquilo que não cabe” – rebatizado de “Não quero ser Luigi Ricciardi”, que ainda permanece inédito.
O escritor mantém a Acrópole Revisitada, canal literário no YouTube criado durante seu doutorado em Literatura. Foi professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e da Universidade Estadual de Londrina (UEL). É um dos tradutores do livro “As revelações de Arsène Lupin” (Madrepérola, 2022).
Serviço
Para mais informações sobre o novo livro de Luigi Ricciardi, “O descobrimento do Brasil”, acesse AQUI.