‘Todas as sociedades precisam de poetas’, diz Luci Collin na Flim 2023

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Observada por Marília Garcia, Luci Collin participa da mesa (Crédito: Cristiano Martinez)

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Com presença em dose dupla na Festa Literária Internacional de Maringá (Flim), a escritora curitibana Luci Collin (de “Rosa que está” e “Com que se pode jogar”, entre tantos) ministrou oficina e participou de mesa no segundo dia de atrações com acesso gratuito.

Ela é tradutora, professora universitária, poeta e musicista. Sua obra se destaca pela experimentação e pela abordagem de temas da pós-modernidade, como as metanarrativas e as crises identitárias. Transitando por gêneros como a poesia, o conto, o romance e o teatro, investe estruturalmente na musicalidade e na fragmentação textual.

Não à toa, Collin era uma das autoras da mesa “Nebula-palavra: a palavra enquanto um isto”, ao lado de Marília Garcia, na noite desta quinta-feira, 5 de outubro, no auditório Sertões, no pavilhão montado no estacionamento do Estádio Regional Willie Davids. A mediação ficou a cargo da escritora e agente cultural de Maringá Thays Pretti.

Para uma plateia lotada, com muitos jovens, a curitibana defendeu a importância da poesia e das artes na sociedade, a partir de uma pergunta feita por Pretti para as convidadas.

“Todas as sociedades precisam de poetas. Todas as sociedades, todas as comunidades, melhor dizendo, desde sempre tiveram poetas”, disse Collin, destacando que os escritores não são melhores ou piores, não vivem em torres de marfim e tampouco na sarjeta, desmistificando essa visão romântica.

A professora também apontou que o poeta é um visionário, pois percebe as coisas e as transmite por meio de um código.

Ao longo de sua fala, a autora argumentou que vivemos numa sociedade de consumo, portanto materialista, marcada pela relação de trocas: força de trabalho por dinheiro, dinheiro por produtos, por exemplo. É um sistema calcado nisto.

“A poesia é de outra ordem. A poesia vai suscitar emoções, experiências e redimensionamento dessa nossa realidade. Está, portanto, na ordem do imaterial”, analisou, acrescentando que todas as artes promovem percepções.

Agora, conforme Collin, se as pessoas acham que a escrita, a poesia, os poetas, todos eles não têm impacto social, é porque se vive numa sociedade doente e desequilibrada.

Por isso, o texto literário está aí para causar o espanto, ajudando a desenvolver o olhar para o que é sutil.

Mesa ocorreu no auditório Sertões, na noite desta quinta-feira, 5 (Crédito: Cristiano Martinez)

Cenário
Se por um lado, Luci Collin reconhece que se vendem poucos livros de poesia no cenário atual; por outro, ela vê renovação com o movimento do slam, que é a batalha de poesia, geralmente feita em espaços públicos, como praças.

“Para o nosso alento, hoje a poesia está nas ruas. A poesia está voltando. Nós temos grupos de slam e eu sei que, nós temos, aqui em Maringá, um grupo que é muito forte”, afirmou Collin, frisando que o slam recupera a potência sonora da poesia, trazendo-a para as ruas. “Tira a poesia daquele lugar terrível que é elitista, que é erudito, e bota no corpo das pessoas”.

A autora termina sua fala, dizendo que a “poesia é vital” e de que sem ela a vida seria bem mais sem graça.

Thays Pretti (à esq.) mediou a mesa de discussão (Crédito: Cristiano Martinez)

Coletivo
Em Maringá, o Coletivo Pé Vermelho fomenta a cena do slam todos os meses desde 2019, com seu campeonato de poesia falada na Praça Renato Celidônio, a “Praça da Prefeitura”.

Inclusive, o projeto tem programação na Flim 2023. Na noite desta quinta-feira, 5, o poeta de São Paulo participou do Sarau Pé Vermelho no Circo Literário.

E, no domingo, 8, último dia da Festa, haverá slam de poesias com participação especial da poeta Midria, às 16h, no Circo Literário. Será a 35ª edição do Slam Pé Vermelho.

Para quem não sabe, o “poetry slam” (em português, batalha de poesia) é um campeonato de poesia falada em que poetas apresentam textos autorais sem uso de figurinos, fantasias ou música. As apresentações são julgadas por pessoas que as pontuam de 0 a 10. O movimento surgiu nos Estados Unidos nos anos de 1980 e se espalhou pelo mundo.

Sérgio Vaz, referência em literatura em São Paulo, participou do Sarau Pé Vermelho no Circo Literário (Crédito: Cristiano Martinez)

Oficina
Além da mesa, Collin ministrou, na manhã desta quinta-feira, a oficina de “Poesia de corpo e alma: a construção orgânica do poema” na Biblioteca Centro.

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