No rastro recente das chuvas de outubro, que têm causado prejuízo em diversas regiões do Estado, o agricultor paranaense sofre com o aguaceiro no campo. Principalmente as plantações de soja, milho, cevada e trigo.
Até o início da semana passada tinham sido colhidos 84% dos 1,4 milhão de hectares de trigo e 17% dos 87,3 mil hectares de cevada. O maior risco para os produtores é a quebra na produção e na qualidade do produto. Há uma semana o milho tinha 91% dos 314 mil hectares já semeados.
No caso da oleaginosa, o Boletim Semanal do Departamento de Economia Rural (Deral) aponta uma leve piora nas condições das lavouras plantadas. Identificou-se que 1% da área está em situação ruim. As demais estão 7% em condições médias (8% antes) e 92% se mantiveram em condições boas.
Já a cultura do milho tem 83% em condição boa, 15% em condição mediana e 2% ruim. “A cultura do milho foi mais impactada pelas chuvas, primeiro pelo plantio ter acontecido antes da soja, além de estar concentrado na região mais ao sul do estado, que teve maiores impactos das chuvas”, diz o documento elaborado pelos técnicos do Deral, um braço da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab).
Segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), a precipitação acumulada em Maringá, durante o mês de outubro, foi de 251,8 mm, o que é 47,9% a mais do que o esperado para o mês. Mas o Núcleo Regional de Maringá observou chuvas em condições normais em todos os municípios.
Por usa vez, em Curitiba, capital do Estado, o volume de chuvas superou os 560 mm, em contraponto a outubro de 2022 que choveu apenas 144 mm e para uma média dos últimos anos inferior a este volume.
Trigo
Conhecida pelos campos de cevada e trigo, a região de Guarapuava, no Centro do Estado, registrou o volume de chuvas de 585 mm, 46% maior que em outubro do ano passado.
Não por sinal, as condições das lavouras do trigo pioraram. Atualmente apenas 42% das áreas são classificadas como boas, ante 65% na semana anterior. A maior parte dessas foi reclassificada como média, que passaram a representar 44% das áreas (ante 30%) e as classificadas como ruins chegaram a 14% (5% na semana anterior).
Segundo o Boletim do Deral, esses números põem em xeque os dados recém-divulgados de 3,86 milhões de toneladas. Esse número de outubro mostrava uma retração de aproximadamente 780 mil toneladas em relação ao potencial, porém a maior parte da queda era referente a doenças que atingiram a cultura nas regiões que não estão sofrendo com o excesso de chuvas e que já haviam finalizado a colheita do cereal.
“Sendo assim, devemos observar futuramente novas retrações de produção, aumentando os prejuízos que já somavam aproximadamente 671 milhões de reais, considerando o potencial paranaense e os preços antes da intensificação das chuvas. Além desse potencial perdido, serão somados a esses prejuízos os descontos financeiros referentes à perda de qualidade”, diz o documento.
A colheita do produto avançou de 84% para 89%, porém o produto obtido foi de péssima qualidade, de forma geral. As próximas áreas a serem colhidas não devem apresentar situação diferente dessa, visto a continuidade dos dias de chuva e sem sol previstos.
Cevada
Em relação à cevada, conforme o Boletim Semanal, as perdas verificadas no levantamento de outubro têm um peso maior das chuvas. A estimativa do Deral é de prejuízo na casa de 47 milhões de reais.
“As perdas por qualidade não estão contabilizadas nesse montante, sendo os parâmetros da cevada para malte ainda mais restritivos que os de trigo para o uso na alimentação humana. A piora nas condições das lavouras nesta semana também indicam que o prejuízo deve aumentar, tanto em função do recuo da produtividade, quanto em função da qualidade do produto”.