É sempre bom destacar que a amamentação é fundamental para o crescimento e o desenvolvimento da criança. O ‘Agosto Dourado’, campanha nacional, traz este ano o tema “Amamentação, apoie em todas as situações”, buscando conscientizar cada vez mais que o ato de amamentar só tem benefícios, e não são poucos. No entanto existem muitas dificuldades das mães para amamentar devido a interferências culturais, experiências não bem vividas e por isso a intenção é trabalhar as diversidades.
A enfermeira do Banco de Leite Humano de Maringá, Meliana Gisleine de Paula, explica que o leite materno ajuda, entre tantos quesitos como na alimentação, também no desenvolvimento, sistema imunológico e prevenção de doenças. “Não é só um leite que vai nutrir o bebê, mas sim vai trazer muito mais componentes em relação a sua saúde, melhor equilíbrio de desenvolvimento mental e intelectual”.
Ela destaca que existem estudos que bebês amamentados no seio materno promovem adultos mais bem desenvolvidos intelectualmente e socialmente. “São crianças que tem o equilíbrio emocional melhor do que os não amamentados”.
Trabalho no Banco de Leite de Maringá
Muitas mulheres têm a dificuldade de seguir com a amamentação por falta da rede de apoio, mas quando existe a parceria da família (principalmente do marido) e a persistência da mãe. “Precisa a mãe estar muito convencida dessa importância de amamentar, que existem sim as dificuldades, mas que elas podem ser resolvidas. Quando a família está inserida e apoiando as mães conseguem amamentar o seu bebê”, explica a enfermeira.
Amamentando prematuro
A Babá, Ana Carolina Magalhães de 27 anos teve uma gestação bem tranqüila até a 30ª semana. Foi quando, seu bebê chamado Bento começou nascer em casa. “Corremos para o hospital [Hospital Universitário de Maringá] (HUM) e eu e meu bebê passamos por uma cesárea de emergência”.
Bento que hoje tem três meses nasceu com 1.615 kg e de 7 meses, precisou ser internado na UTI neonatal para alcançar o peso adequado e já no dia seguinte no hospital, a mãe foi direcionada para o banco de leite humano, onde a equipe médica explicaram tudo que ela precisava fazer. “Foram excepcionais, importantíssimas na minha jornada de amamentação. Elas me ensinaram tudo que uma “mãe de primeira viagem” precisa saber. Lá, eu extraia meu leite e elas mandavam para a UTI, para manter a dieta do meu bebê através da sonda orogástrica. Essa ajuda que eu tive fez com que eu tivesse uma ótima produção”.
Caminho de luta
Na sequência, o bebê da Ana ficou 20 dias na UTI, nesse período ela salienta que sentiu muita ansiedade, parecia que as horas não passavam. Segundo ela era um misto de sentimentos, que só quem já passou por isso sabe dizer. “Eu não via a hora de chegar o momento de segurar meu filho nos braços e poder amamentar”, comenta a mãe.
No 21º dia, Bento saiu da UTI, e passou pra a semi-intensiva, onde a equipe médica retirou a sonda orogástrica, e colocou a nasogástrica, para o início da amamentação. Felizmente não foi necessário o uso, pois o bebê pegou na primeira mamada. Logo depois, outra etapa, a unidade canguru. Mãe e filho permaneceram no quarto, até Bento aprender a sucção correta e atingir um certo peso, ideal para receber alta. “Ficamos 12 dias na unidade canguru, ele atingiu as metas e recebemos alta. E hoje graças ao apoio de todas as equipes envolvidas do HUM, estamos bem, em casa e saudáveis”, exalta Ana.
Ato de amamentar
“Amamentação pra mim é um ato de puro amor, entrega e dedicação. Não é nada fácil, mas pra mim é um privilégio. Sempre foi um sonho meu poder ser mãe e amamentar. É um momento de profunda conexão e cuidado com meu filho. É incrível parar pra pensar que, eu estou produzindo o primeiro alimento do meu filho, e que essa nutrição é o que vai manter ele cada vez mais forte”, descreve Magalhães.
A mãe ressalta que o vínculo emocional, a troca de olhares, e o contato físico são de extrema importância para o bebê, principalmente porque o dela foi prematuro. “Eu vejo no olhar dele, que ele sente conforto e segurança no momento da amamentação. Sinto que a amamentação tem o poder de criar uma base importante para o desenvolvimento tanto físico, quanto emocional do meu filho. Pra mim é uma experiência poderosa estar fornecendo vida ao meu filho”.
Tornando-se doadora
Ana Carolina Magalhães se tornou doadora de leite, pois lá no HUM ficou sabendo que poderia ajudar a salvar outras vidas. Isso a deixou muito feliz. “Encheu meu coração de alegria porque os bebês que estão na UTI precisam de leite todos os dias. Inclusive o meu bebê precisava. Eu senti uma alegria muito grande em saber que estava ajudando salvar estas vidas”.