A figura feminina exerce a cada dia a função de protagonista, apesar de ainda ter que tolerar as heranças históricas do conjunto social na rotina. Com o passar dos anos, devido às batalhas proporcionadas, a mulher tem conseguido expandir o lugar na organização social, afastando-se do aspecto de dona de casa e assumindo postos de trabalho, além de funções essenciais em empresas e estruturas hierárquicas menos subordinadas.
Elislaine Aparecida da Silva, mais conhecida como Laine Silva, 38, é ex-vereadora na cidade de Santa Fé e faz parte da liderança do Partido Cidadania, onde integra 14 cidades. Para ela, ser mulher no contexto atual é ter a liberdade de escolha, o espaço e o direito à voz, sem que sofra algum tipo de retaliação, diminuição e até mesmo preconceito. “Ser mulher é ser resistência, força e coragem. Eu poderia elencar vários adjetivos ou pontos positivos de uma mulher, mas existe um que representa muito bem o gênero e até mesmo a minha decisão de como sou na vida, de ser uma mulher batalhadora, que luta e que corre atrás dos meus objetivos e sonhos”, diz.
Laine decidiu ingressar na política por meio de questionamentos que fazia a si mesma. “Por que entrar na política? Por que passar de eleitora à representante? Por que dar esse passo à frente e seguir? Sempre vinham na minha cabeça essas três perguntas, após receber o convite do meu irmão que também fazia parte do mundo político. Por mais que eu tentasse encontrar uma justificativa 100% racional, não consegui. Resolvi dar esse passo, não vou negar, por uma mistura de sentimentos, como muita indignação, vontade de agir e um pouco de loucura”, relata.
Maria Aparecida da Costa, 41, popular Cidinha da Reciclagem, mora em Iguaraçu desde os três anos. Ela trabalha com reciclagem há 20, já morou no lixo por um ano em Sabaúdia, passou fome e dormiu em construção abandonada. “Eu trabalhava a semana toda e nos sábados a gente fazia a venda dos materiais. Eu tinha um carro bem velho e dormia lá dentro junto com o meu ex-marido e meu filho, que tinha três anos”, afirma.
Cidinha já foi candidata a vereadora em 2016 e não ganhou, mas nas eleições de 2020, decidiu tentar novamente. “Foi por incentivo da própria comunidade e do meu marido, sempre fui muito sensível com as dificuldades, principalmente das mães.”
Ela foi a segunda mais votada e confessa que foi uma surpresa. “É muito gratificante para mim, tenho muito amor pela minha cidade”, conclui.
A importância da mulher na sociedade
Representar a discussão sobre a representatividade feminina, perante a sociedade, nunca é demais. Inúmeros fatores mostram a necessidade de retomar essa discussão, como as variadas maneiras de pensar e refletir sobre o assunto.
Fatores históricos explicam, ou pelo menos, tentam explicar a razão da baixa representatividade feminina social e política em relação à masculina.
Em todo caso, Marinea Gomes Pereira, 44, pensa diferente de todos, frentista em um posto de gasolina em Santa Fé há mais de dois anos. Ela relata como é ter que lidar com uma profissão relativamente vista como masculina. “Acredito na capacidade feminina em qualquer área, porém ainda existe discriminação. Alguma pessoa ainda não tem credibilidade, porém as mulheres estão desbravando esses terrenos, chegando com tudo e provando que são capazes. Amo o meu trabalho, não vejo diferença entre o que eu faço e o que os meus colegas fazem.”
Juliana Viotto, 35, reside em Iguaraçu e já foi conselheira tutelar por três anos e meio, sendo vereadora pelo primeiro mandato. Ela acredita que ser mulher na política será um privilégio. “Farei de forma diferente, sensível e detalhista.” Além disso, Juliana é a primeira mulher negra eleita na câmara de vereadores do município. “O que eu espero é um futuro melhor para todos os seres humanos, onde exista mais tolerância, educação e respeito, para podermos construir uma sociedade melhor.”