Mês do Cinema Nacional: conheça a história do pioneiro longa-metragem maringaense ‘Quando o amor decide’

Com toques de ação e drama, a trama inicia na zona rural e depois segue pelas ruas e avenidas da Cidade Canção, envolvendo um triângulo amoroso. Em entrevista, o diretor Érico Alessandro rememora os bastidores dessa produção

Foto 03 CARTAZ

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Por Cristiano Martinez

 

Há duas décadas, um filme produzido em Maringá estreava nos cinemas da cidade marcando história na cena cultural com uma trama recheada de briga por terras, música sertaneja e um triângulo amoroso.

No mês em que se comemora o cinema nacional, nada melhor do que abordar “Quando o amor decide” (2000), considerado o primeiro longa-metragem de ficção produzido na cidade.

A narrativa do filme começa dez anos atrás, quando os pais do menino Eron foram mortos em uma região rural. Naquela época, ele era apaixonado pela filha dos patrões (Vanessa), prometida ao filho (Dinho) de outro fazendeiro. Mas este dono de terras arma o assassinato do pai de Vanessa.

Anos depois, o trio de jovens está em Maringá. Na verdade, Eron e seu amigo Nic viajam da fazenda de Astorga para tentar a vida na Cidade Canção, onde buscam a carreira na música sertaneja e acabam encontrando Vanessa e Dinho. Novos conflitos, morte, vingança e um testamento.

Em entrevista à reportagem, o diretor do filme, Érico Alessandro, recorda que o famoso empresário de TV João Cioffi deu o argumento e a ideia da história, desenvolvida pela roteirista Érica Barbiere sob supervisão do próprio cineasta e do roteirista/produtor Ney Silva.

Com apenas 21 anos de idade à época, Érico estreava atrás das câmeras em um longa-metragem. Ele destaca que “Quando o amor decide” se tornaria “a primeira obra de ficção longa, de toda a história da cidade de Maringá”, observando que essa produção nasceu da parceria entre o canal RTV Maringá, Diamante Filmes Produções Cinematográficas e Audiovisuais do Brasil LTDA.

A pré-produção durou seis meses, juntamente com a preparação dos atores e atrizes que eram alunos do curso de formação profissional da Diamante Filmes.

 

REPERCUSSÃO

Érico Alessandro recorda que “Quando o amor decide” foi exibido simultaneamente em duas salas do Cine Avenida Center, tendo como vizinho o blockbuster “O Patriota” (2000). “Por incrível que pareça, o nosso filme lotou todos as sessões, com as salas de 250 lugares, durante as duas semanas, acredito que mais pela curiosidade de ter sido um filme produzido na cidade”, acrescentando que o longa maringaense também foi exibido em mais 15 salas dos cinemas da região e São Paulo.

“Foi um circuito modesto, para nós na época, foi uma grande conquista, a estimativa de público no cinema foi de um público de quase 8 mil espectadores. Posteriormente foi exibido na RTV canal 10, inúmeras vezes, aí atingindo um grande público, por ser TV aberta, com um média de pouco mais de 100 mil telespectadores”.

Em retrospecto, o cineasta diz que seu primeiro longa representa uma grande vitória na carreira. “Quebramos a barreira da realização e finalização do filme, uma vez que anteriormente, muitas outras empresas tentaram fazer um filme de longa-metragem na cidade, mas não conseguiram, embora algumas até começaram a rodar algumas produções”.

Segundo ele, no início dos anos 2000 somente a Diamante Filmes estava em atividade na Cidade Canção, numa cena cinematográfica local que ainda estava em construção. “Estávamos formando nossa equipe juntamente com outras produtoras parceiras na época, que fizeram a montagem e o áudio”.

 

ATOR

Um dos atores envolvidos no primeiro longa-metragem de Maringá é Roberth Fabris, que hoje é mestre em Letras, escritor, produtor de conteúdo e colunista. Ele dá vida ao vilão Dinho, na fase adulta.

“Eu gostei muito de participar de ‘Quando o amor decide’, um filme que ficou marcado para sempre pelos amigos e pela experiência de vivenciar o cinema de forma nova e inusitada, foram nove meses de gravação, uma verdadeira gestação e que no final nos deu tantos prazeres e descobertas”, diz Fabris, que fez um curso de iniciação de atores naquele período e foi selecionado.

 

TEMA

Quem tem hoje mais de 40 anos de idade, deve se lembrar da fase em que a RTV Sarandi (depois, RTV Maringá) era comandada pelo empresário João Cioffi. Ele foi coprodutor de “Quando o amor decide”, sendo também a pessoa que criou o tema do filme.

Segundo Érico, Cioffi cedeu a estrutura da antiga RTV, que “foi de suma importância para a realização, pois tínhamos pouquíssimos apoios de patrocínios, com valores muito pequenos, mas também ajudou por ser o primeiro filme da cidade, por isso, não acreditavam que seria possível rodar e finalizar um longa na época era muitíssimo mais caro para se produzir que nos dias atuais”, diz Érico.

O também ganhou corpo e voz na canção-título – “Quando o amor decide” (Ney Silva/Érico Alessandro), com arranjo musical do Emecê Som & Imagem -, interpretada na voz da dupla sertaneja formada pelos personagens Nic e Eron. Eles gravam a faixa em uma das sequências do longa-metragem e estouram na programação das rádios e TVs.

 

DESTAQUE

O diretor do filme se lembra que o lançamento de “Quando o amor decide” chamou atenção do país, atraindo cineastas como Pery de Canti, que veio a Maringá e realizou várias edições do Festcine, festival com grandes nomes da cena nacional, além de promover oficinas de formação de profissionais.

“Acredito que como referência cinematográfica na cidade, fomos o primeiro grupo bem-sucedido, que mesmo diante das mais variadas adversidades, conseguimos ter êxito nas nossas produções, que sempre tinham um começo, meio e fim nas obras, mesmo que levasse anos para as conclusões. Mas quando falo em grupo, são dezenas de pessoas da cidade que colaboraram muito para o nascimento do cinema na cidade, inclusive, empresários, a população como um todo, que torcia muito e a imprensa que teve papel fundamental para a divulgação e aquecimento desse novo mercado que surgia”, diz Érico.

 

SERVIÇO

O filme “Quando o amor decide” está disponível gratuitamente no canal da Diamante Filmes Produções no YouTube (link: https://bit.ly/3zJhN72).

 

 

Ator Roberth Fabris viveu o jovem vilão Dinho na trama de 2000

Crédito: Reprodução

 

 

 

 

 

Filmado em Maringá, o filme tem cenas icônicas da cidade

Crédito: Reprodução

 

 

 

 

Dupla Nic e Eron tenta a carreira musical em Maringá

Crédito: Reprodução

 

 

 

 

Diretor Érico Alessandro, durante participação no Festival do Rio

Crédito: Arquivo Pessoal/Érico Alessandro

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