Um estudo de pesquisadores da UEM gerou uma segunda patente verde para a instituição, concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Relacionada ao processo de obtenção de carvão ativado a partir do reaproveitamento de bitucas de cigarro.
No fim de 2017 iniciaram os estudos, de acordo com Andrelson Wellington Rinaldi, professor do Departamento de Química e líder do grupo de pesquisa que desenvolveu o processo, agora patenteado. A ideia inicial era encontrar um material poroso e eficiente na remoção de resíduos contaminantes descartados no meio ambiente.
“Estávamos falando sobre o assunto na hora do café e, na conversa, um dos pesquisadores sugeriu a ideia de fazer testes com as bitucas de cigarro”, conta Rinaldi. A proposta foi certeira, embora na ocasião o grupo não tivesse a real dimensão do quanto aquele cafezinho renderia frutos.
Os primeiros testes já se mostraram promissores. Usando as bitucas de cigarro como matéria-prima, os pesquisadores obtiveram o hidrocarvão modificado, altamente eficaz em adsorver (fixar) corantes em efluentes, ou seja, um material útil para otimizar o tratamento de água em estabelecimentos como lavanderias, por exemplo.
O processo ainda apresenta outros diferenciais. “Um deles é o custo de produção bem menor em relação aos equivalentes conhecidos em escala industrial”, explica Rogério dos Santos Maniezzo, graduando em Química e integrante do grupo de pesquisa do professor Rinaldi. Ele destaca que, em termos comparativos, a eficiência é maior e que o sistema de produção é bem simples.
“No processo de obtenção do carvão utiliza-se como se fosse uma grande panela de pressão, na qual a matéria-prima (bitucas) é cozida e depois ativada através de processos químicos”, diz o pesquisador. Ele explica que a ativação tem como finalidade a “limpeza dos poros do material”. O produto também foi testado para adsorção de outros poluentes considerados emergentes, como alguns pesticidas e o bisfenol A, um composto utilizado para produção de plásticos de policarbonato e resinas epóxi.
PATENTE VERDE
O programa-piloto Patentes Verdes teve início em abril de 2012. A partir dezembro de 2016, o INPI passou a oferecer o exame prioritário de pedidos relacionados às tecnologias verdes como serviço permanente. O foco é a conservação do ambiente e, consequentemente, a redução dos impactos ambientais e o combate às mudanças climáticas.
A meta do programa é acelerar a análise dos pedidos de registros de patentes vinculados a projetos sustentáveis, permitindo que sejam identificadas novas tecnologias que possam rapidamente ser utilizadas pela sociedade. São contempladas propostas nas áreas de energia alternativa, transporte, conservação de energia, agricultura sustentável e gerenciamento de resíduos. Os pedidos que participam do programa recebem atenção especial e seus exames ocorrem de forma mais rápida.
Fonte: AEN PR