O silêncio, o jejum e a oração devem marcar para os cristãos a Sexta-feira Santa. Ao contrário do que muitos pensam, a Paixão não deve ser vivida em clima de luto, mas de profundo respeito e meditação diante da morte do Senhor, que, ao morrer, foi vitorioso e trouxe a salvação para todos, ressurgindo para a vida eterna.
É preciso manter um silêncio interior aliado ao jejum e à abstinência de carne, como explica o professor e escritor Felipe Aquino. “Deve ser um dia de meditação, de contemplação do amor de Deus, que nos “deu o Seu Filho único para que quem n’Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). É um dia em que as diversões devem ser suspensas, os prazeres, mesmo que legítimos, devem ser evitados.”
Uma prática de piedade valiosa é meditar a dolorosa Paixão do Senhor, se possível, diante do Sacrário, na Igreja. A humanidade segundo esclarece o Arcebispo de Maringá e Presidente Nacional da Pastoral da Criança, Dom Frei Severino Clasen, recebeu o filho de Deus para mostrar o grande projeto de salvação que Deus tem para todas as pessoas. Na implantação do Reino de Deus necessitou-se de uma mudança de mentalidade, uma postura diferente de vida, aperfeiçoar as relações humanas, religiosas, espirituais que já estavam tomados pela corrupção, pelo desleixo, pelo afastamento de Deus.
O anúncio do Reino de Deus fez com que Jesus tomasse decisões muito radicais. “Fazer com que o amor seja amado, a vida tenha um novo gosto, a humanidade rejeitou. Para provar esse grande amor que Jesus tem pela humanidade, ele se submeteu ao maior sofrimento possível que é a morte de cruz”, comenta Dom Severino. A Cruz era o símbolo do extermínio dos agitadores públicos e políticos na época, e Jesus passou por um agitador popular porque achavam que ele estava subalternando as normas do poder romano.
Com isso as tradições religiosas rejeitaram e Jesus foi fiel à pregação. “O seu amor foi imenso e nem a morte de Cruz foi capaz de abafar e mudar o rumo da salvação que Deus tem por todos nós”, elucida o Arcebispo. Por isso a sexta-feira Santa é o dia especial e muito importante para olharmos para nossa vida, e constatar até que ponto nós amamos a Deus sobre todas as coisas, o próximo, e se nós somos fiéis à vida digna e fraterna.
A Sexta-feira Santa então, nos leva a superar todas as tentações deste mundo, o desamor, as intrigas, o fundamentalismo que gera mais violência, divisão e nós nos coloquemos diante do Pai que é misericordioso que quer que a justiça seja feita. É o dia que nós lembramos da Paixão, morte de Jesus, é o dia de nos silenciarmos e fazer com que a vida de Jesus seja reconhecida como grande dom de amor. Sexta-feira Santa é o grande dia da revelação do amor absoluto de Deus por toda a humanidade.
Mensagem da sexta-feira Santa
A capacidade do ser humano silenciar, retomar a consciência, mergulhar no fundo do coração, sentir quais são os sentimentos de amor que fazem crescer na vida da pessoa é a grande mensagem da sexta-feira Santa. “Rever as fontes da maldade, da condenação, das injustiças causadas e por isso é um dia de meditação, não é um feriado, mas é um dia de silenciar, parar tudo para fazer com que o coração se abasteça dos sentimentos de Jesus que são sentimentos de amor, de fraternidade e de solidariedade. Que nesse dia saibamos viver intensamente a mudança de vida, lembrando do sofrimento de Cristo que leva a ressurreição”, expõe Dom Severino.
Entendimento
O presidente da Pastoral da Criança relata que somente é possível entender o sacrifício de Jesus, se tivermos a capacidade de amar imensuravelmente, mudando assim de vida e não nos importando com o sofrimento, mas querendo que as outras pessoas vivam também a alegria, a paz, a liberdade e a serenidade. O grande desejo de Jesus é a salvação, a superação dos pecados de toda forma negativa de vida para positivar a vida como dom de Deus, cheio de amor.