Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski elogia integração do trabalho policial e dos órgãos de fiscalização financeira e diz que o modelo, contido na PEC, precisa ser apreciado e votado pelo Congresso
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta quinta-feira (28/8) que o sucesso da operação conjunta que atacou um braço financeiro do crime organizado, ao identificar postos de combustíveis e instituições financeiras que lavavam dinheiro de origem ilícita, demonstra o acerto da proposta contida na PEC da Segurança Pública. O ministro pediu que o Congresso Nacional aprove rapidamente a PEC, de autoria do Governo Federal.
Segundo Lewandowski, a PEC estabelece a coordenação federal de ações contra o crime organizado que integrem as polícias estaduais, as forças de segurança da União, órgãos de controle financeiro e fazendário, além do Poder Judiciário nos três níveis de governo. O ministro participou de entrevista coletiva no final da manhã.
As ações deflagradas nesta quinta-feira bloquearam as atividades de mais de 1 mil postos de combustíveis e de instituições financeiras que prestavam serviços ao esquema criminoso. As ações policiais se deram em dez estados. Foram bloqueados mais de R$ 1,2 bilhão desses agentes e quebrados os sigilos fiscal e bancário de pessoas no comando da organização criminosa.
“O crime organizado está migrando da ilegalidade para a legalidade. A investigação identificou um esquema sofisticado que usava fundos de investimentos para ocultar o patrimônio de origem ilícita”, disse Lewandowski. “Este é um fenômeno mundial”, destacou.
“Para combater este fenômeno, não basta mais uma operação – ou várias operações – simplesmente policial. É preciso uma atividade integrada de todos os órgãos governamentais, sobretudo os órgãos fazendários, imprescindíveis”, acrescentou.
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“Uma operação como essa só pode ser levada a cabo pelo Governo do Brasil”, pontuou o ministro. “Apenas com uma visão macro, estrutural, que se espraie pelo Brasil, é possível o êxito dessa operação”. Ele aproveitou para pedir ao Congresso Nacional que aprecie e vote com rapidez a PEC da Segurança Pública.
Chamado ao Congresso
“Quero falar da importância da PEC da Segurança Pública que está tramitando no Congresso Nacional. A proposta do Governo do Brasil é justamente esta: que todas as forças de segurança do País se entrosem, que as inteligências sejam compartilhadas e as ações, coordenadas”, afirmou. O ministro disse que é preciso que a prática adotada na operação desta quinta-feira seja institucionalizada e inscrita na Constituição, através da PEC. “Esperamos que seja aprovada em breve”, disse.
Segundo ele, foi decidido, em fevereiro deste ano, que todos os inquéritos abertos sobre o esquema de lavagem de dinheiro no setor de combustíveis a serviço do crime organizado fossem juntados num só, dando coordenação ao combate. Lewandowski disse ainda que esta ação contra o braço do crime organizado no setor de combustíveis é a primeira de uma série.
Haddad: “desvendar o caminho do dinheiro”
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, também participou da coletiva, e elogiou o “resultado extraordinário” da operação conjunta desta quinta. “O crime organizado exige resposta organizada. A investigação da Polícia Federal e da Receita Federal, que precisa ser colocada à disposição dos órgãos de combate ao crime organizado. Precisamos decifrar o caminho do dinheiro”, disse.
Haddad destacou que as operações levadas a cabo identificaram, além de postos de combustíveis e instituições financeiras, quatro refinarias e mais de um mil caminhões-tanque para distribuição de combustível, “geralmente adulterado”. O ministro ressaltou que, sem o trabalho integrado entre as polícias e a Receita Federal, isso não seria possível.
“Em geral, quem fica preso é o personagem menos importante da estrutura criminosa. E será substituído por outro. Mas esta operação [de hoje] é exemplar porque conseguiu chegar à cobertura do sistema”, disse.
Crédito: Agência Gov
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