O Brasil realiza, em agosto, uma reunião com oito países que partilham o território da Amazônia. O objetivo é produzir uma posição de consenso a respeito da floresta que será levada a futuros debates globais sobre ação climática.
Da reunião vão participar Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. O documento será entregue pelas autoridades brasileiras aos 193 Estados-membros no debate geral da Assembleia Geral da ONU, que ocorre em setembro.
Preservação e desenvolvimento
Nessa entrevista à ONU News, em Nova Iorque, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, reiterou as metas de mitigação da mudança climática como um tema central da política externa.
“Desmatamento ilegal zero até 2028, recuperação de milhões de hectares de terras degradadas e, evidentemente, continuação de uma política de produção agrícola forte e importante como a que temos. Nós podemos aumentar, quase que dobrar, a produção agrícola que temos. O Brasil é um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, mas podemos dobrar a produção sem precisar de um hectare a mais ou derrubar uma árvore que seja. Nós vamos aumentar a produção com a com a recuperação de novas áreas para plantio e de terras degradadas que haviam sido maltratadas, abandonadas e exploradas sem nenhuma referência nem controle.”
Considerando a relevância da Amazônia na discussão global sobre clima e floresta, o ministro lembrou que a enorme biodiversidade é parte significativa do Brasil, mas a cooperação regional é essencial.
Desenvolvimento sustentável
“Uma reunião, uma cúpula dos países-membros da organização do Tratado de Cooperação Amazônica são oito países da América do Sul que têm territórios amazônicos. Para, justamente, fazer uma avaliação da questão da cooperação e da do desenvolvimento sustentável na região Amazônica. O resultado dessa cúpula, ele (o presidente Lula da Silva) pretende trazer aqui para abertura do debate geral da ONU em setembro, apresentando os resultados. Isso será uma preparação de uma posição comum dos países Amazônicos, que são os que têm a soberania sobre a floresta. Nós queremos preservá-la para nós e para o mundo.”
O Brasil confirmou a candidatura para acolher a a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a ser realizada em dois anos. Para as autoridades, o evento demonstrará o papel de liderança ambiental, que vem sendo retomado.
“Será uma preparação, essa cúpula, para a COP 30 que ocorrerá em 2025. Já foi aprovada e será no Brasil, na cidade de Belém, no estado do Pará, que é do norte do Brasil. A marca é que a preservação é indispensável, mas o desenvolvimento sustentável também é uma questão absoluta. Só no lado brasileiro, há 28 milhões de pessoas que vivem na Amazônia brasileira. Em todos os oito países é algo perto de 45 a 50 milhões de habitantes vivendo na região Amazônica.”
Candidatura para acolher a conferência do clima em 2025
Para as autoridades brasileiras há potencial de aumento de empregos e da autossustentabilidade das populações locais e que estas possam “continuar vivendo, trabalhando e auferindo o resultado da sua atividade na floresta sem prejudicar nem a destruir.”
Foi durante a presença do Brasil na COP 27, em Sharm El-Sheikh, Egito, que foi avançada a intenção de se organizar a conferência do clima da ONU em 2025.
A candidatura foi formalizada este ano pelo Itamaraty, e a decisão final deverá ser anunciada durante a COP28, no fim deste ano na Arábia Saudita.
Fonte: Organização das Nações Unidas