O público maringaense teve a rara oportunidade na noite desta quinta-feira, 8 de agosto, de conhecer mais do trabalho de Socorro Acioli, escritora convidada da 43ª Semana Literária Sesc & Feira do Livro.
Autora de “Oração para desaparecer” e “A cabeça do santo”, livros queridos por leitores e leitoras, Socorro conversou com a plateia no teatro do Sesc Maringá “Ali Saadeddine Wardani”, sob mediação da professora de literatura Gabriela Tofanelo, a partir do tema “Escrever para existir”.
Resumidamente, a convidada revelou o processo de escrita, que é feito no tempo livre entre uma viagem e outra. Só para se ter uma ideia, durante o evento ela participa de bate-papos no Sesc Londrina Cadeião, Sesc Maringá e, em Curitiba, no Museu Oscar Niemeyer. Por isso, ela aproveita as brechas para pesquisar, ler e anotar o plano do livro em um caderno.
A escritora planeja o material. “Saber o número dos capítulos me dá um norte, uma segurança. E fazer essa estratégia, de cada capítulo não ficar pensando no todo para poder organizar o pensamento”, disse para a plateia maringaense.
Aliás, é um processo de escrever e reler, buscando limpar as repetições, por exemplo. “A escrita é um trabalhão danado”, define, destacando que escreve no tempo que dá. Às vezes, consegue reservar dois ou três dias para se dedicar ao trabalho. Porém, é raro disso ocorrer.
Ao longo da noite, os presentes ao evento puderam fazer perguntas e participar de uma sessão de autógrafos após o bate-papo.
Clubes de leitura na Cidade Canção
Maringá é conhecida por abrigar clubes de leitura praticamente nos quatro cantos. Um deles é o Leia Mulheres, uma iniciativa mantida há sete anos na cidade para ler e divulgar livros escritos por mulheres. Inclusive, Tofanelo, que é doutora em Estudos Literários pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), é uma das mediadoras desse Clube, junto com Mariany Camilo.
Nesse sentido, Socorro destacou que deve muito aos clubes de leitura, pois “A cabeça do santo” foi adotado em muitos Leia Mulheres espalhados pelo país. “Muito dessa mudança que aconteceu com a literatura brasileira, estou falando de 2014 para cá, o cenário mudou completamente. Hoje existem muito mais editoras, muito mais mulheres escrevendo”, destacando o papel do Leia Mulheres.
Trata-se de uma ação inspirada no projeto #readwomen2014 de Joanna Walsh. Juliana Gomes teve a ideia de criar o clube de leitura Leia Mulheres. Juliana Leuenroth e Michelle Henriques logo se juntaram a elas.
O primeiro encontro aconteceu em março de 2015, em São Paulo. Nesses quase oito anos de existência, o clube foi se espalhando pelo Brasil e pelo exterior, com reuniões mensais para discutir livros escritos por mulheres.
Atualmente, são mais de 400 mediadoras, em mais de 100 cidades. Em Maringá, os encontros são feitos em um sábado do mês, às 15h30, na Sala de Leitura do Sesc. A participação é aberta a todos e todas, com acesso gratuito, sem inscrição. Basta ler o livro do mês. A agenda de leituras está no Instagram do projeto: @leiamulheresmaringa
Carreira
Socorro Acioli nasceu em Fortaleza, Ceará, em 1975. É jornalista, doutora em Literatura pela Universidade Federal Fluminense e professora da Universidade de Fortaleza, onde coordena a especialização em Escrita e Criação.
Em 2013, ganhou o Prêmio Jabuti na categoria infantil com a obra “Ela tem olhos de céu” (Editora Gaivota, 2012). No ano seguinte, publicou “A cabeça do santo” (Companhia das Letras), que ganhou edições na Inglaterra, Estados Unidos, França, México e Itália.
Em 2023, estreou na poesia com “Takimadalar, as ilhas invisíveis” (Círculo de Poemas) e lançou, em 2023, “Oração para desaparecer” (Companhia das Letras), seu segundo romance e o livro mais vendido na Flip 2023, que é a Festa Literária Internacional de Paraty.
***Confira mais registros do evento no Sesc Maringá (Fotos: Cristiano Martinez):