O fato de pessoas suspeitas de integrarem um grupo criminoso que atuaria no tráfico de drogas serem postas em liberdade apenas uma hora depois de presas pela polícia foi a gota d’água para manifestações iradas do Conselho Comunitário de Segurança de Maringá, o Conseg. O mal-estar que atinge também policiais militares, delegados e agentes da Polícia Civil é porque este modo de proceder da Justiça está ficando cada vez mais comum em Maringá.
Falando em nome dos demais membros do Conselho, o presidente Fernando Alves, diz esperar mudança no procedimento da Justiça, que tem liberado indivíduos que são flagrados em ações criminosas logo depois que os policiais registram a prisão.
O caso que serviu como gota d’água ocorreu na semana passada. Durante a abordagem de um veículo, agentes da Polícia Civil identificaram que um dos ocupantes tinha histórico relacionado ao tráfico. O motorista não obedeceu a ordem de parada e houve perseguição, até que a viatura policial alcançou o veículo, forçando a parada.
O motorista admitiu estar transportando crack e cocaína e na casa de um dos suspeitos foram apreendidos itens relacionados ao tráfico, incluindo balança de precisão, caderneta da “contabilidade” e dinheiro em espécie.
Apenas uma hora após o registro da prisão, os suspeitos estavam novamente em liberdade, liberados pela Justiça.
Estímulo ao crime e desprestígio à polícia
“O combate ao tráfico de drogas é uma das ações mais desafiadoras para a polícia”, diz Fernando Alves, presidente do Conseg. Depende de trabalho de inteligência e muita investigação. “Mas, a liberação de presos pela Justiça, logo após a prisão não contribui em nada com o trabalho que temos feito para reduzir os índices de violência e criminalidade em Maringá”.
Segundo Fernando Alves, esse modo de proceder da Justiça acaba beneficiando as atividades ilícitas, pois, uma vez na rua, os elementos estão em condições de retomar suas atividades criminosas, o que traz, tanto para o bandido quanto para a sociedade, a impressão de impunidade, servindo para estimular o crime e desestimular a polícia.
“Não podemos continuar vendo o que tem acontecido e permanecermos calados”. O presidente do Conseg defende que a sociedade precisa saber que enquanto a polícia trabalha de um lado, o sistema de justiça criminal tem facilitado ou favorecido a ação de criminosos, muitas vezes presos em flagrante.
Embora tenham evitado se manifestar publicamente sobre o caso, sabe-se que delegados, agentes policiais e oficiais da Polícia Militar também estão revoltados com as ações da Justiça que beneficiam traficantes e desvalorizam o trabalho das polícias.
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