Ganhador do Jabuti de 2012, que é o prêmio mais tradicional do mercado de livros no Brasil, o romance “Nihonjin”, do escritor maringaense Oscar Nakasato, está em processo de adaptação para o cinema de animação.
A informação é da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Utfpr), em que o autor é professor do campus de Apucarana, no Norte do Estado. E a produção do longa-metragem é do estúdio Pinguim Content, responsável por animações como “O Show da Luna!” e “Peixonauta”.
Aliás, a adaptação não tem participação do escritor e é bastante livre, inclusive com um título diferente do romance. No audiovisual, o filme se chamará “Meu avô é um Nihonjin”, escrito por Rita Catunda e dirigido por Celia Catunda.
Produzido por Kiko Mistrorigo e Ricardo Rozzino, da Pinguim Content, o projeto participou das sessões de apresentação da Ventana Sur – mercado de conteúdo audiovisual mais importante da América Latina -, em 2018, e participou em 2023 da Animation! Works in Progress, que são festivais nos quais são apresentadas obras não finalizadas.
Já o livro de Nakasato marcou sua estreia no universo da narrativa longa, vencendo o 1º Prêmio Benvirá de Literatura, do qual participaram 1.932 concorrentes de todo o Brasil com obras inéditas. O narrador de “Nihonjin”, neto do protagonista e filho da personagem Sumie, empresta voz e visão contemporânea à transformação do avô e do seu sonho de voltar rico para casa.
“Hideo Inabata é um japonês orgulhoso de sua nacionalidade, que chega ao Brasil na segunda década do século XX com o objetivo de enriquecer e cumprir a missão sagrada de levar recursos ao Japão, conforme orientação do imperador aos seus súditos. O árduo trabalho no campo, a difícil adaptação ao Brasil, a morte da primeira esposa e os conflitos com os filhos Haruo e Sumie são um teste para a inflexibilidade do nihonjin (japonês)”, diz a sinopse do livro.
A obra de Nakasato foi publicada em 2011 e teve origem em sua pesquisa de doutorado, que investigou personagens nipo-brasileiros na ficção. “A minha frustração por ver a diminuta presença desses personagens me levou à ideia de escrever ‘Nihonjin’, que é fruto de memórias e de pesquisas em livros de História, Antropologia e Sociologia”, conta o professor, via Comunicação da Utfpr.
Para o jornal “Cândido”, em entrevista mais antiga, o professor maringaense contou que essa pesquisa acadêmica serviu para entender a imigração japonesa no Brasil e o processo de aculturação dos japoneses e seus descendentes. “Essa pesquisa, sim, me ajudou muito a compor os personagens e os episódios de ‘Nihonjin’. Quanto ao estilo, em nenhum momento tive receio de escrever um romance contaminado pela linguagem acadêmica, pois o texto literário faz parte da minha vida com maior intensidade e há mais tempo que o texto acadêmico”.
Adaptação
A animação conta a história de Noboru, um menino de 10 anos, que descobre o passado de seu avô Hideo e a imigração japonesa para o Brasil. Tendo vivido toda a sua vida como um garoto brasileiro, Noboru luta para compreender a personalidade de seu avô, bem como sua própria identidade cultural.
Ao longo do filme, Hideo apresenta a Noboru o Brasil como ele o vivenciou, finalmente se conectando com seu neto.
Com uso de animação 2D, o longa-metragem incorpora a cultura japonesa e aborda temas como imigração, laços familiares, assimilação, preservação e choque cultural.
Não há uma previsão de data para exibição no cinema ou por plataforma de streaming.
Estúdio
Pinguim Content é um estúdio brasileiro de produção de animação, referência na criação de conteúdo infantil.
Fundada há mais de 30 anos por Celia Catunda e Kiko Mistrorigo, a Pinguim Content desenvolveu séries de sucesso como “Peixonauta”, “De Onde Vem?”, “Rita”, “Ping and Friends”, “Earth to Luna!” – já está na 8ª temporada.
Suas produções estão presentes em mais de 120 países, em diversas plataformas.
Novo livro
Autor também de “Dois” (2017), Nakasato concluiu seu terceiro romance, sem título ainda definido. “’Ojiichan’, que significa ‘avô’ em japonês, era o título original, mas não sei se será mantido. A história gira em torno de um professor aposentado”, revela o romancista, por meio da Utfpr.
Formado em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (1988), o autor possui mestrado em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995) e doutorado em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho(2002). Atualmente, é professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira.