‘Pai pra toda obra’

Dia dos Pais sempre é uma data especial e O Maringá vai contar a história de vida de homens que são exemplos para seus filhos

A cada dia Carlos Henrique se esforça para ser o melhor amigo de Pietro Crédito: Arquivo Pessoal

O administrador Carlos Henrique de Souza é pai atípico (pai de filho autista). Pai só aos 35 anos, Carlos explica que para a sua geração pode até ser considerado tarde, mesmo assim na época em que recebeu a notícia da gravidez de sua esposa ficou assustado, pois, só pensava em ter filho aos 40 anos. Apesar do susto, pouco tempo depois já começava a fazer planos. “A gente não planejou a gravidez naquela época, mas não me arrependo nenhum pouco. Ainda bem que foi naquela época; se fosse hoje, talvez eu não tivesse coragem de ter filho. Dois dias depois eu já estava todo ‘babão’, prestando atenção em carrinho, bebê conforto, escolhendo quarto, olhando roupinha. Foi uma espera muito prazerosa, a gente se divertiu muito, viveu muito intensamente a espera do Pietro”.

Com a chegada do filho Pietro, Carlos diz que devido ao trabalho teve pouco tempo com ele. Após certo tempo, Carlos conseguiu alterar os horários em que trabalhava e assim pôde se dedicar mais às demandas com Pietro e o significado da sua vida ganhou muito mais sentido. “Eu sou um pai extremamente presente, eu gosto de estar com ele, levar na escola, na terapia, ter sempre essa alegria quando ele me recebe, fica nítido para todos, então, eu gosto muito dessa convivência com ele”, descreve.

A cada dia Carlos Henrique se esforça para ser o melhor amigo de Pietro e busca também incentivá-lo a continuar sendo o melhor aluno da turma. “Quando a professora disse que ele era o melhor aluno da turma eu falei ‘eu nunca fui o melhor aluno da turma’, mas eu me esforço para que ele seja e o estimulo, seja para competir, concorrer. Eu o treino para ganhar, ser o melhor em tudo e ser um grande ser humano que é a visão de sucesso que eu tenho”, complementa.

Mais do que pai e filho, Carlos e Pietro são amigos e criaram uma aliança, uma química que exala amor e cumplicidade. Quando alguém fala bem de Pietro, Carlos não esconde a emoção. “Eu não me contenho, pense em um pai chorão. Eu me emociono o tempo todo com ele, eu olho para ele e vejo um ser humano muito melhor que eu”.

 

SIGNIFICADO DE SER PAI

“É acordar todo dia pensando que eu preciso ser melhor que eu fui ontem, porque eu preciso ser exemplo para alguém. É super prazeroso quando alguém diz: ‘esse é o filho do Carlos’, eu quero ser a melhor referência possível para ele”.

Nossa outra história é de Ari Gonçalves dos Santos, que trabalhava como motorista e montador de outdoor, quando no final de 2020 começou a perder alguns movimentos nos dedos. O primeiro passo, sempre amparado pelos filhos e esposa foi o SUS, mas com a demora para conseguir ter um diagnóstico, a família teve que pagar uma consulta particular. Ari teve o diagnóstico, uma doença rara chamada Esclerose lateral amiotrófica (principal sintoma é a fraqueza muscular). Desde então iniciou a luta contra a doença, mas mesmo com medicamentos, fisioterapia, a doença foi se agravando.

Nós conversamos com Dinalice Rocco dos Santos, esposa de Ari devido a ele estar impossibilitado de falar por conta da gravidade da doença. Ela conta que o Ari sempre foi um pai que acordava cedo para trabalhar na roça visando o sustento da família na época, enquanto que ela cuidava da casa e filho. “Ele gostava de fazer o café da manhã e tomar café com leite”, relembra Dinalice.

Família de Ari
Crédito: Arquivo da Família

Ainda no tempo na roça, quando moravam em Goioerê/PR, Dinalice comenta que a vida deles foi desafiadora, pois a lavoura em um ano dava uma boa colheita e em outro não. Mas o maior obstáculo que enfrentaram foi o problema respiratório do recém-nascido e primeiro filho do casal. Com apenas 13 dias e em época de muito frio eles tiveram que internar o bebê em um hospital em outra cidade. “O médico deu um termo para poder levar ele para Campo Mourão e graças a Deus lá a gente conseguiu um tratamento bom para ele”, esclarece.

O casal que agora tem três filhos chegou a Maringá no ano de 1995. Dinalice expõe que Ari sempre foi um pai lutador e batalhava para dar um futuro melhor aos filhos. Hoje com a necessidade de cuidados, Ari mesmo tendo seus filhos já casados recebe apoio e ajuda deles que tanto fez bem durante sua vida. “Quando eles souberam da doença ajudaram o máximo possível. Eles vêem trocar de manhã, à noite e deixam ele mais confortável. Temos também a ‘cuidadora’ que vem ajudar três vezes por semana”.

 

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