Período de reprodução do escorpião é fator de perigo

Em agosto e setembro, esses animais procuram a superfície para se reproduzirem aumentando assim o risco de acidentes. Uma vez que o escorpião foi transportado e se disseminou no ambiente, ele se perpetua por dois aspectos

Escorpião entra na época de maior reprodução - foto crédito: Emanuel Marques da Silva/Divisão de Zoonoses/Sesa

Escorpiões. Nesta época do ano, as fêmeas adquirem maior volume de veneno e, para que haja a reprodução das espécies, esses animais buscam a superfície. Essa ocorrência traz um grande alerta para a população, que deve tomar as devidas precauções a fim de evitar estes incidentes domésticos e até mesmo com animais de estimação que ficam naturalmente mais expostos.

Vale informar que, com as mudanças climáticas, os escorpiões podem aparecer em qualquer época do ano.

Algumas medidas como manter o quintal limpo, não jogar veneno no quintal, tampar buracos, tomadas, jogar água sanitária nos ralos e instalar telas nos mesmos, desencostar camas e berços da parede e não deixar cobertores caídos das camas para o chão, são ações importantes para prevenir de acidentes em casa e orientados pelo Ministério da Saúde.

Além dessas ações importantes no dia a dia é sempre necessário manter as lixeiras tampadas (visto que os escorpiões preferem locais úmidos) e observar sapatos antes de calçar. Em caso de picada, a primeira medida é lavar com água corrente em abundância, utilizar gelo no local e procurar atendimento médico.

 

CARACTERÍSTICAS

O escorpião é natural do cerrado, região centro-oeste brasileiro e se disseminou para todo o país devido a vários fatores, tais como: urbanização das cidades, transporte mecânico do escorpião em madeiras, em mudanças de materiais do campo para a cidade, material de construção civil, entre outros.

Uma vez que foi transportado e se disseminou no ambiente, ele se perpetua por duas razões. É o que explica o gerente de Zoonoses da Secretaria de Saúde de Maringá, Eduardo Alcântara. “Ele [escorpião] faz o canibalismo na ausência de cedro e outros insetos que sirvam de alimento, ele vai se alimentar de outros escorpiões mantendo um certo equilíbrio e também por causa da reprodução do escorpião amarelo”.

Segundo o biólogo Josué Tadashi Endo Júnior, existem em nossa região inúmeras espécies de escorpiões, sendo mais comum a do gênero Bothriurus, que são aqueles pretinhos nativos daqui. Estes não trazem muitos riscos às pessoas e dispensam a necessidade de intervenção médica.

No entanto, o biólogo destaca que o maior perigo está com a espécie invasora, chamada cientificamente de Tityus serrulatus, popularmente conhecida como escorpião amarelo que ao ter contato com humanos pode provocar graves quadros clínicos com possibilidade de óbito. “É uma espécie com ótima adaptabilidade, não necessitando do macho para a reprodução, se alimentando de insetos, pequenos roedores, geralmente baratas, cupins, filhotes de ratos, geralmente encontrados em lugares que contém lixo humano, o que os aproxima de nós, aumentando a chance de um acidente”.

Endo Júnior destaca ainda que na espécie Tityus serrulatus, que não necessita do macho para reprodução, os escorpiões se reproduzem por partenogênese, assim como nas abelhas ou alguns lagartos e peixes, o que facilita a adaptação em alguns locais. No caso de concentração de veneno ser maior em fêmeas, o biólogo explica que, normalmente em algumas classes, as fêmeas são maiores e têm mais peçonha que machos. “Não é uma regra que podemos levar em conta, já que depende de outros fatores, a peçonha é feita para caça e não para defesa, então se o animal tiver acabado de predar um inseto por exemplo, vai ter menos peçonha que outro”.

 

INSPEÇÕES 

O gerente de Zoonoses da Secretaria de Saúde de Maringá, Eduardo Alcântara, ressalta que a prefeitura tem feito o atendimento das reclamações registradas na ouvidoria. O trabalho é executado por meio de inspeções dos agentes nos imóveis e também com orientações de como adequar os imóveis e estabelecimentos, minimizando a presença e o risco de acidentes com escorpiões.

Além disso, é realizado sempre que necessário a inspeção em locais onde existe maior circulação de pessoas. “Nesses locais é realizado a captura do escorpião por meio de abertura de tampas de galeria de esgoto, bueiros, caixa de gordura, ralos, então é uma inspeção mais minuciosa. Ela tem uma eficácia limitada, mas pode funcionar bem para estratificação de risco”.

 

ORIENTAÇÕES

Ao se deparar com qualquer escorpião, não se deve tentar fazer a captura, mesmo em caso de acidente, é o que salienta o biólogo. “Não há a necessidade de levar o animal envolvido em acidente com pessoas para o atendimento médico, o tratamento se dá pelos sintomas e o médico identifica o animal dessa forma, ou seja, cada animal tem em sua peçonha, características que a medicina já estudou e possibilita o tratamento correto”.

Endo Júnior comenta que quando existir a picada do escorpião não se deve fazer torniquete, ou seja, amarrar o membro ou local do acidente. Essa prática é feita na tentativa de se estancar a peçonha evitando que ela circule pelo corpo, potencializando a ação da peçonha em um determinado local. “Em casos de acidentes deve-se agir rapidamente, mas com calma, procurando ajuda médica imediata, não se deve esperar os sintomas para a busca de socorro”, complementa.

 

Peçonha x Veneno

A peçonha é uma toxina ou várias, produzida por glândulas e o animal utiliza uma estrutura (ferrões, dentes, espinhos, aguilhões, por exemplo) para a inoculação, é utilizada na maioria das vezes para caçar. Por exemplo: serpentes, aranhas, alguns insetos etc.

Já o veneno, não é produzido por glândulas e não é inoculada. Geralmente afeta quem se alimenta do animal, na natureza pode ser encontrado em animais, vegetais e minerais. Quando o animal faz uso de veneno normalmente “avisa” outros do seu potencial com cores, normalmente amarelo, vermelho ou outras cores vivas. Exemplo de alguns sapos, rãs, peixes, insetos, etc.

 

Sair da versão mobile