A Santa Casa de Maringá, um raro caso de hospital que nasceu em uma vila e com o propósito de atender a classe trabalhadora, que nem sempre podia procurar outros hospitais, completa 70 anos na próxima terça-feira, 11. A instituição que começou a atender em uma chácara, onde se plantava verduras e criava porcos e galinhas, não tinha médico e os atendentes não falavam Português, 70 anos depois é um dos maiores e mais bem equipados hospitais do Paraná, ainda mantendo o propósito de atender a camada pobre da sociedade. Mais de 60% dos leitos são destinados a pacientes internados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Eventos alusivos ao 70º aniversário estão acontecendo desde dezembro e nesta terça-feira a diretoria da Santa Casa participa da sessão ordinária da Câmara Municipal para uma homenagem a ser prestada pelos vereadores em nome da comunidade maringaense. Por iniciativa do vereador Sidnei Telles (Podemos), o Legislativo outorga à Santa Casa de Misericórdia Maria Auxiliadora o título de Consagração Pública, um reconhecimento da comunidade ao hospital.
Na quinta-feira, a diretoria recebe autoridades municipais e estaduais, parceiros e convidados para um evento no Auditório Dom Jaime Luiz Coelho.
Atendimentos da Santa Casa começam em uma chácara
Embora a fundação date de 11 de junho de 1954, a ideia de ter um hospital filantrópico vinha desde o final da década de 1940, cresceu na década de 1950 com a emancipação do município, primeira eleição municipal a chegada de centenas de novos moradores por dia.
As discussões sobre o assunto aconteciam no seio da igreja católica, na época, empenhada em construir a igreja matriz da Santíssima Trindade. O padre João Jansen, um alemão que chegou ao Brasil fugindo do nazismo, levou o assunto ao bispo da Diocese de Jacarezinho, dom Geraldo de Proença Segaud. O bispo tinha estudado na Alemanha e lá conheceu o trabalho da Congregação dos Irmãos da Misericódia de Maria Auxiliadora.
![Santa Casa de Maringá festeja 70 anos](https://omaringa.com.br/wp-content/uploads/2024/06/1.5.-chegada.jpeg)
A congregação, que na época já tinha mais de 100 anos e estava presente em vários países, nasceu do carisma de Pedro Friedhofen, um menino pobre, órfão, que fazia serviços pesados para sobreviver e ajudar outras pessoas pobres. Em 1850 ele criou a congregação, que ganhou a adesão de outros voluntários, cresceu e continua crescendo até hoje.
Em setembro de 1953, ano em que Maringá empossou o primeiro prefeito, chegam a Maringá cinco irmãos da congregação convidados por dom Segaud, dispostos a começar a atender os pobres. Mesmo sem falar Português, os alemães iniciaram o trabalho em uma chácara pertencente à igreja católica no final da Avenida Riachuelo. No começo de 1954, a demanda era tanta que a igreja precisou de outro espaço, foi quando foi aproveitado um barracão de madeira na Rua Aquidaban – hoje Néo Alves Martins -, no coração da Vila Operária, onde moravam os trabalhadores que construiam Maringá.
Sob o comando do primeiro bispo de Maringá, dom Jaime Luiz Coelho, o hospital contratou médicos, recebeu um grupo da Congregação das Irmãs Missionárias do Santo Nome de Maria, que trabalharam como enfermeiras, parteiras, enfim, faziam tudo para o funcionamento do hospital. O barracão foi aos poucos sendo adaptado às novas necessidades da Santa Casa de Misericódia Maria Auxiliadora, a direção optou por priorizar a maternidade, partes do prédio foram substituídas por alvenaria, surgiram novas alas e hoje a Santa Casa de Maringá é um dos maiores e mais completos hospitais do Paraná, com cerca de 400 médicos que realizam quase 80 mil atendimentos no ano e onde nascem cerca de 4 mil crianças por ano.
Para o superintendente Administrativo José Pereira, 70 anos podem parecer muito tempo, mas são apenas o começo de uma história, pois a Santa Casa está sendo preparada para as futuras gerações, cada vez mais bem equipada, com equipe cada vez mais preparada, mas nunca esquecendo o propósito que esteve presente desde o início, que é priorizar a camada que mais precisa.
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