Até dia 31 de agosto na Santa Casa de Maringá, o artista tetraplégico Márcio Nalon de 45 anos, vai ter exposto suas criações de pinturas a partir de fotos, desenhos e gravuras que encontra na internet. O dom foi descoberto e lapidado depois que ele se viu preso a uma cama por conta de uma tetraplegia causada por acidente.
Ele trabalhou na lavanderia do hospital por um período, mas após um simples mergulho na piscina após seu plantão de Natal, durante um momento de descontração em família ele sofreu o acidente que ocasionou a tetraplegia. Depois de dias sem consciência e meses de internação, Márcio se viu de volta à própria casa sem saber o que fazer.
“Logo quando tive alta do hospital, em casa deitado 24 horas na cama, olhando para o teto, sem nenhum movimento, surgiu a ideia de desenhar. Comecei ampliando desenhos de figurinhas para a cartolina. Foram dias desenhando. Como não tinha força, desenhava com traços fracos e um amigo passava giz de cera por cima”, lembra.
Um vizinho percebeu o talento de Márcio, contou que tinha uma madrinha que pintava telas e perguntou se ele tinha interesse em aprender. Márcio aceitou e a partir dali começava uma história de arte.
“Minha primeira tela era pequena e foi uma paisagem de mar. Um amigo a viu e levou para a APMI (Associação de Proteção à Maternidade e à Infância) de Sarandi. A presidente da instituição na época me convidou para fazer aulas de pintura e fui desenvolvendo minha técnica”, relata Márcio.
Por estar tetraplégico, Márcio conta com a ajuda da mãe para pegar os materiais, posicionar a tela, além dos cuidados do dia a dia. Atualmente, a produção das telas garante parte da renda que sustenta a casa. Ele divulga o próprio trabalho nas redes sociais e do ‘boca a boca’ dos clientes. O artista já atendeu pedidos de todo o Brasil e até dos Estados Unidos.
Mesmo já tendo enfrentado uma depressão profunda, não escutar e precisar fazer hemodiálise três vezes por semana por causa de uma anemia crônica, ele não desanima. Por cerca de dez anos deu aulas de pintura na APMI e na Apae de Sarandi, além de aulas particulares.
Já fez exposições em Maringá, palestras na região e participou de uma exposição na Europa. “Meu sonho é comprar uma casa e ter uma condição melhor. Não reclamo e sou muito grato a Deus. Hoje só quero trabalhar e mostrar que um tetraplégico e pessoas com algum tipo de deficiência podem trabalhar. Nada é impossível”, conclui.