Morreu na madrugada desta sexta-feira, 26, no Rio de Janeiro, o saxofonista, arranjador e produtor musical Zé Nogueira, de 68 anos. Ele tinha problemas de coração – até então sob controle – e não resistiu a uma convulsão, de acordo com o produtor Marcus Preto.
Até às 23 horas de ontem, Zé Nogueira trocou mensagens com Marcus Preto, com quem formatou Rasgamundo, o álbum que o grupo Boca Livre lançará em 17 de maio com inédito repertório autoral.
Com a morte inesperada de Zé Nogueira, o quarteto carioca lançará o disco sem a presença física deste músico e produtor tão associado à discografia do Boca Livre – com quem trabalhou desde o começo da carreira do grupo – e à trajetória do vocalista Zé Renato, cujo álbum solo Bebedouro (2018) foi produzido pelo saxofonista, para citar um entre tantos possíveis exemplos dessa longa e forte conexão musical.
“Eu perdi um irmão e o Brasil, um dos maiores músicos de todos os tempos”, lamentou Zé Renato em rede social.
De fato, a presença de Zé Nogueira está em toda a música brasileira a partir da década de 1980, como pode ser comprovado nas fichas técnicas de discos antológicos como Luz (1982), de Djavan, e Simples e absurdo (1991), songbook da obra de Guinga e Aldir Blanc.
Músico formado em instituições como o Conservatório Brasileiro de Música (RJ), a Escola Nacional de Música da UFRJ e a sempre cobiçada Berklee College of Music (Boston, EUA), Zé Nogueira iniciou a carreira nos palcos, no teatro carioca da década de 1970, integrando como músico a equipe técnica de espetáculos musicais como Gota d’água (1975) e Ópera do malandro (1978).
A partir dos anos 1980, Zé Nogueira tocou e/ou gravou com os maiores nomes da MPB, em lista que inclui Chico Buarque, Djavan, Edu Lobo, Ivan Lins, MPB4, Ney Matogrosso, Simone e Zizi Possi, entre outras estrelas.
Entre 1986 e 1988, o saxofonista integrou a Banda Zil com Zé Renato (violão e vocais) e músicos como Jurim Moreira (bateria), Marcos Ariel (teclados), Ricardo Silveira (guitarra).
Como artista solo, Zé Nogueira deixa álbuns relevantes como Disfarça e chora (1995) – dedicado ao choro –e Carta de pedra – A música de Guinga (2008).
Devoto da arte maior de Moacir Santos (1906 – 2006), Zé Nogueira teve atuação decisiva para revitalizar a obra do saxofonista e maestro pernambucano ao produzir, com Mario Adnet, os álbuns Ouro negro (2001) e Choros & alegria (2005).