Letrista Antonio Cícero, autor de “Fullgás”, tem morte assistida na Suíça

Morre o escritor Antonio Cícero, membro da Academia Brasileira de Letras

Antonio era membro da Academia Brasileira de Letras e fez música em parceria com compositores como João Bosco, Lulu Santos e Marina Lima Foto: Eduardo Trópia

O escritor, filósofo e letrista de músicas Antonio Cícero, autor de sucessos como “Fullgás” e “Para começar” e “A Francesa”, as duas primeiras em parceria com sua irmã Marina Lima e a terceira com Cláudio Zoli, morreu nesta quarta-feira, 23, na Suíça. Ele tinha 79 anos e faleceu por meio de morte assistida.

Segundo informações da Academia Brasileira de Letras (ABL), que Cícero era membro, o filósofo havia sido diagnosticado com Alzheimer e optou por passar pelo procedimento no país europeu. Ele tratava problemas neurológicos decorrentes da doença.

O filósofo deixou uma carta esclarecendo sua decisão. “Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade”, afirma Antonio Cícero em um trecho.

Antônio Cícero também é coautor de “O Último Romântico”, célebre na voz de Lulu Santos. Ele também teve parcerias com Waly Salomão, João Bosco, Orlando Morais e Adriana Calcanhotto.

 

Saiba mais sobre Antonio Cícero

A Wikipédia tem a biografia do membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) Antonio Cícero de Lima. Ele filho dos piauienses Amélia Correia Lima e Ewaldo Correia Lima. Seu pai foi um dos intelectuais fundadores do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), tendo sido também diretor do BNDE durante o governo JK. Em 1960, Ewaldo assume um cargo executivo no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que então acabava de ser criado, e toda a família se transfere para Washington, D.C.. Lá, Antonio Cicero fez seus estudos secundários.

De volta ao Brasil, Cicero começa a cursar filosofia na PUC do Rio de Janeiro e, depois, no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. Em 1969, devido a problemas políticos, vai para Londres, onde conclui o curso de filosofia na Universidade de Londres. Em 1976, Cicero vai fazer pós-graduação na Georgetown University, nos Estados Unidos, onde estuda grego e latim, o que lhe permitirá ler no original clássicos como Homero, Píndaro, Horácio e Ovídio. Posteriormente lecionou Filosofia e Lógica, em universidades do Rio de Janeiro.

Antonio Cicero escreveu poesia desde jovem, mas seus poemas só apareceram para o grande público quando sua irmã, a cantora e compositora Marina Lima, passou a musicá-los. Antes, porém, já eram suas canções como Fullgás, Para Começar e À Francesa – as duas primeiras em parceria com sua irmã, e a última com Cláudio Zoli. A partir de então, Cicero tornar-se-ia um dos mais próximos parceiros de Marina. Entre outras parcerias, destacam-se aquelas com Waly Salomão, João Bosco, Orlando Morais, Adriana Calcanhotto e Lulu Santos (co-autor, junto com Antonio Cicero e Sérgio Souza, do hit O Último Romântico, de 1984).

De 1991 a 1992, Antonio Cicero coordenou, em colaboração com o poeta e professor de Filosofia da Universidade Federal Fluminense Alex Varella os cursos de Estética e Teoria da Arte do Galpão do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ).

 

Antonio Cícero é imortal da ABL

Em 1993, concebeu, em colaboração com o poeta Waly Salomão e com o patrocínio do Banco Nacional, o projeto “Banco Nacional de Idéias”, através do qual, nesse ano e nos dois anos subsequentes, promoveu ciclos de conferências e discussões de artistas e intelectuais de importância mundial, como João Cabral de Melo Neto, Haroldo de Campos, John Ashbery, Derek Walcott, Caetano Veloso, Richard Rorty, Tzvetan Todorov, Hans Magnus Enzensberger, Peter Sloterdijk, Ernest Gellner, Bento Prado Júnior e Darcy Ribeiro, entre outros.

Antonio Cícero na Academis Brasileira de Letras com a irmã, a cantora Marina Lima Foto: ABL

 

O escritor Antonio Cicero foi eleito no dia 10 de agosto 2017 para a cadeira 27 da Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo Eduardo Portella, morto no dia 3 de maio deste ano. “Antonio Cicero é um dos escritores mais representativos da literatura brasileira contemporânea”, declarou o presidente da ABL, acadêmico Domício Proença Filho. Cicero foi eleito por 30 votos. Concorreram na eleição 22 acadêmicos – 12 por cartas. Antes de Cicero, os ocupantes anteriores da cadeira 27 foram: Joaquim Nabuco – fundador da cadeira e que escolheu como patrono Maciel Monteiro, Dantas Barreto, Gregório da Fonseca, Levi Carneiro e Otávio de Faria.

Após ser diagnosticado com mal de Alzheimer, o poeta tomou a decisão de praticar morte assistida, por esse motivo transferindo-se para a Suíça, onde tal prática é legalizada. Lá, o procedimento foi realizado, sendo o falecimento do escritor anunciado em 23 de outubro de 2024.

 

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