Tania Tait
A despeito de conquistas obtidas ao longo do tempo, alguns pontos ainda fazem parte da luta das mulheres: o combate à violência contra a mulher; a ausência na política e na ocupação de cargos de liderança e a situação inferiorizada no mercado de trabalho.
Dados da segurança pública mostram que o Brasil é o quinto país do mundo em violência contra a mulher; sendo o quarto em casamento infantil. Nos primeiros 15 dias do ano, foram contabilizados 52 feminicídios. A realidade mostra que: aumentou o número de assassinato de mulheres trans; as mulheres negras sofrem mais violência e feminicídio; aumentou o número de estupros de meninas e adolescentes. No ano de 2022, quatro mulheres foram mortas por dia dentro de seus relacionamentos, ou seja, quatro feminicídios por dia.
No Paraná, a situação não é diferente do resto do país, pelo contrário, o Estado ainda figura entre os Estados brasileiros com altos índices de feminicídio e violência contra a mulher. A cada 6 minutos e meio, uma mulher sofre violência no Paraná.
Somos 399 municípios e apenas 20 delegacias da mulher. Cidades como a vizinha Sarandi, com mais de 100 mil habitantes e altos índices de violência contra a mulher, não possui uma Delegacia da Mulher. Apenas agora em 2023, por pressão dos movimentos de mulheres, criou-se a secretaria estadual da mulher e da igualdade racial, inicialmente tendo sido nomeado um homem no comando, o que mostrou o desrespeito das autoridades à luta das mulheres. A mudança para a nomeação de uma mulher ocorreu após pressão política e social.
Em Maringá, são realizados em torno de dois mil boletins de ocorrência a cada ano, encaminhados à Delegacia da Mulher. Destaca-se que a cidade conta com rede de atendimento e acolhimento e parceria entre setor público e privado e mesmo assim, as maringaenses sofrem violência.
Na política e na ocupação dos espaços de poder, as mulheres são menos de 20% e convivem com violência política e de gênero. Dos 513 deputados federais, 91 são mulheres. De 88 senadores, tem-se apenas 11 senadoras. De 54 deputados paranaenses tem-se apenas 10 deputadas. Em Maringá, de 15 vereadores, tem-se duas vereadoras. Vale lembrar que na legislatura maringaense de 2017-2020, não teve eleitas.
No mercado de trabalho, as mulheres continuam recebendo salários menores no exercício da mesma função que homens, são em número menor em cargos de chefia, sofrem assédio moral e sexual no local de trabalho. Na pandemia, as mulheres foram as mais penalizadas, tendo sido as primeiras a serem demitidas nas empresas; ficaram mais expostas ao vírus por atuarem em áreas como comércio e saúde, tiveram sobrecarga de trabalho no cuidado com os doentes das famílias; houve interrupção em suas vidas profissionais.
Nos últimos quatro anos tivemos um desmonte das políticas públicas para as mulheres no governo federal, ocasionando um retrocesso sem precedentes em ações como o combate à violência contra a mulher que teve corte de verbas que inviabilizaram ações como a implantação das Casas da Mulher Brasileiras, mesmo diante de aumento de feminicídios.
Por fim, a situação das mulheres na pandemia, nas guerras e nas crises, remonta a frase da filósofa Simone de Beauvoir: “Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida”.
Sigamos firmes na luta contra todas as formas de violência!